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21/08/2020 às 20h50min - Atualizada em 21/08/2020 às 20h24min

União Europeia: Uma crise presente, um futuro incerto

As decisões tomadas pelos membros do bloco neste momento difícil, podem gerar sérias consequências para os próximos anos.

Leonardo Leão - Editado por Camilla Soares
Crédito: Pixabay

 A União Europeia (UE) é o maior bloco econômico e político do mundo. Ela reúne 27 países e possui uma moeda única, acordos de livre comércio e de livre circulação e também o seu próprio Parlamento. Seu objetivo é manter um ambiente harmonioso na politica e no comercio entre os países europeus. Para fazer parte da UE os países precisão aceitar determinados critérios que podem diminuir sua soberania.

 Em seus primeiros anos o bloco era visto como uma grande oportunidade para alavancar o comércio dentro do continente. Por isso, desde sua fundação, vários países demonstravam interesses em fazer parte. Mas nos últimos anos, sua popularidade vem diminuindo em alguns lugares da Europa. E as ideias nacionalistas de alguns políticos vêm ganhando destaque no senário politico europeu, como é o no caso da Hungria e da Polônia.

Reino Unido, a primeira perda


 No início deste ano, aconteceu um fato histórico para a União Europeia, o Brexit. A saída do Reino Unido, uma das principais potencias da região. Essa retirada por parte dos britânicos foi um processo longo e polêmico. Uma parte da população, com destaque para os Escoceses, era favorável a sua permanência. Mas a maioria decidiu por se retirar do bloco.

 O editor de economia da revista Exame João Pedro Caleiro, considera o Brexit como uma decisão equivocada que prejudicou as decisões de investimentos e consumo. Para ele, essa decisão ira causar uma redução no fluxo comercial com o continente e prejudicar alguns setores muito integrados, como o financeiro.

 Um dos motivos que os levaram a essa escolha foi o número de imigrantes dentro do país, que para muitos ingleses poderiam roubar seus empregos. Outro importante motivo foi a alta burocracia que existe dentro da União Europeia, como as regulações no setor agropecuário. A Inglaterra também desejava poder formar tratados comerciais com qualquer país sem precisar da aprovação do Parlamento Europeu.

 Para o jornalista e mestre em Relações Internacionais Sidney Garambone se a economia do país de fato crescer nos próximos anos, isso pode acarretar em novas saídas de alguns integrantes insatisfeitos com a união.
 
Uma Europa dividida
 Atualmente, países como Itália, França e Espanha já possuem alguns grupos políticos favoráveis a seguir o exemplo britânico. Esse movimento contra a União Europeia possui o nome de euroceticismo e é dividido em dois grupos. Tem aqueles que querem apenas uma maior autonomia dos países dentro da união, mas também tem os que desejam a saída de seus respectivos países.

 Com a atual crise do coronavírus, as deficiências de muitos países foram expostas. Na tentativa de ajudar na recuperação econômica dos mais prejudicados, foi colocado um plano de resgate econômico que causou muita discussão entre os lideres políticos. A divisão foi entre os países do norte (Holanda e Alemanha) famosos pela sua austeridade, que se posicionaram de forma contraria a esse resgate e os países do sul (Portugal, Espanha e Itália) conhecidos por ter altos gastos públicos, que eram os mais beneficiados. 

 O plano foi chamado de Coronabonds e se baseia em uma emissão de títulos de dívidas do Banco Central Europeu. No começo, os países do norte consideravam injusto que todos paguem pela má gestão dos outros, já os países do sul consideram uma falta de solidariedade à recusa por parte da Alemanha e da Holanda. O clima esquentou a ponto do Primeiro Ministro de Portugal declarar que considerava a postura dos holandeses como "repugnante". Mas o plano acabou sendo aprovado no Parlamento Europeu.

 Para João Pedro o coronabonds poderá aprofundar a integração econômica e ajudar os países mais afetados. Já Sidney Garambone acredita que este plano de resgate serviu para mostrar a alguns países, que em momentos de crise, a instituição pode ajudar os países mais necessitados sem prejudicar os mais abastados.

Um futuro incerto
 Atualmente nenhum país demonstra uma vontade clara de sair. Existem também aqueles que pretendem fazer parte da união como Turquia, Escócia e Kosovo. Mas não há nada que impeça o surgimento de uma firme oposição ao bloco. Tanto a extrema direita com seus discursos ultranacionalistas, quanto à extrema esquerda e suas ideias contrárias à austeridade vem conquistando adeptos em alguns países.

 Já sobre a onda nacionalista, Garambone a considera um horror. Para ele mesmo que a chegada de imigrantes árabes possa ter assustado o cidadão mais conservador, ainda assim não justifica sua falta de empatia. O editor João Pedro aponta que o nacionalismo também pode significar a união de uma nação em prol de objetivos comuns. Mas ele também ressalta os lamentáveis atos de xenofobia dentro do movimento na Europa.

 Para Garambone o futuro da UE é uma incógnita. Mas ele acredita que se as respostas sanitárias e os resultados das medidas, como o coronabonds, forem satisfatórias, os europeus sairão desta crise com um sentimento de que valeu a pena.


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