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28/01/2022 às 12h04min - Atualizada em 28/01/2022 às 11h39min

A volta do sexy: excesso de pele à mostra na última temporada de desfiles internacionais

O estilo que está longe de ser novidade, voltou aos holofotes de forma mais ousada

Letícia Renata Leite - Editado por Beatriz Seguchi
Reprodução/Instagram/@laisinsang


A luz no fim do túnel parece ter finalmente aparecido. Após quase dois anos de pandemia, enquanto as vendas se recuperam e voltam ao normal, os designers retomaram seus lugares. A coleção de moda feminina que marcou o retorno dos desfiles de 2021 em Nova York, Londres, Milão e Paris expressaram uma gama caleidoscópica de sentimentos, cores e estilos, enfatizando um desejo sincero por silhuetas ultra-sensuais. Não é por acaso que a inspiração para as novas roupas vem justamente do corpo, de "características físicas” que estavam interditadas.

O que mais vimos nessa última temporada internacional (verão 2022) foi excesso de “pele à mostra”, o que muitos definiram como “a volta do sexy”. E por quê? De novo, o casamento entre moda e tempo real. O excesso de volume e formas “casulos” do inverno, são explicados pelo simples fato de estarmos há dois anos trancados em casa, vestindo pijama e moletom. Mas o próximo verão será diferente, com cara de vacina, liberdade e vontade de sair. Vai me dizer que não tá com vontade de pegar o seu melhor look para a primeira festa que for?

Por um lado, as marcas reviveram tendências como o jeans de cintura baixa. Os designers, por outro lado, apostaram nas ombreiras, máxi acessórios e nos macacões colados. As marcas que lideram essas tendências incluem Givenchy (com as fendas), Saint Laurent (com o vestido de festa completamente transparente) e Balmain (com abertura e circulares abusadas nos vestidos).

Mas quem trouxe mais autenticidade na passarela - já muito evidente nas ruas -  o retorno da sensualidade pós-lockdown foi Miuccia Prada novamente em sua performance na cena solo francesa. No desfile da Miu Miu no último dia da Paris Fashion Week, a marca exibiu inovação ao cortar shorts, calças, saias e camisas em um corte genial e radical.
 

No entanto, a sensualidade apresentada na passarela foi questionada. Em algumas referências à moda dos anos 2000, o elenco de modelos muito magras causou desconforto. Não pela polêmica da cintura baixa em si, mas pela falta de adequação - e upgrade - na forma como a tendência foi apresentada.
 

 

“Hoje em dia com a inclusão da moda não deveria mais existir isso nos desfiles, castings ou vestimentas só para magros ou altos. A liberdade de se expressar através de uma roupa é algo admirável que muitas vezes a galera do nicho plus não tem essa liberdade. Admiro muito a Duoo Moda e Arte que é uma marca que leva muito a sério a inclusão da moda, as peças não tem identidade de gênero, expressam muito sobre a liberdade da mulher, corpos e etnias”, diz a modelo do Goiânia Fashion Week, Thályta de Almeida.

Aliás, essa última temporada foi marcada pelo feminismo, sobre o poder das mulheres. É sobre política. Os desfiles de moda hoje desafiam os padrões de comprimento e tamanho ideais, pois naturalmente redefinem o que é vulgar e não vulgar com o passar dos anos - por exemplo, os tornozelos eram considerados partes sexualizadas do corpo até a década de 1920. Hoje, estamos em meio a esse movimento de libertação e autoexpressão, e a moda ajuda a desmistificar a noção de que a sexualidade é uma aberração e que precisa ser reprimida. 

No Brasil, com a chegada do verão, algumas dessas modas devem ir para frente. Se nos últimos meses adotamos moletons e malhas confortáveis para aguentar o confinamento, agora é a hora de arriscar, expandir, se conectar e se mostrar por aí.

E essa volta do sexy é atentado ao pudor? Não. Vamos tentar olhar para contextos sociais (e culturais) primeiro antes de julgar alguma roupa que aparece na passarela que nos cause desconforto. A transparência e recorte são leituras de um contexto atual, são tendências que surgem para atingir o público que usa aquela certa marca e que vai se identificar com ela.


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