Isso é reflexo de uma sociedade que não visualiza as nossas crianças e adolescentes como sujeito de direitos. Apesar de nós termos avanços com a implantação do ECA, quase trinta anos depois, ainda permanece na estrutura da sociedade uma visão menorista da criança adolescente, que não os visualiza como sujeito de direito e prioridade absoluta, tanto no orçamento como também no processo de proteção, por parte do Estado, família e sociedade. - Afirma Max Costa, Secretário extraordinário de cidadania e direitos humanos de Belém-PA.
Nathalia Otero, Psicóloga de Clínica Infantil, reflete sobre as soluções para a problemática e diz que o ideal é uma criação não violenta, que tem como base a disciplina positiva, onde encontramos uma manejo mais pacífico e ao mesmo tempo conciliador:
"Dar voz à emoção da criança permitirá a ela uma maneira mais adequada de lidar com suas frustaçções e a aceitação de si próprio. Os impactos causados pela violência psicológica e ou física na educação infantil têm gerado inúmeros prejuízos, como dificulades na condução de emoção, auto crítica desconstrutiva, processos de auto sabotagem, visão negativa de si próprio, inseguranças. A personalidade de uma criança é formada entre os 6 e 7 anos, que é quando os registros psíquicos são construídos." - Explica a especialista.
Sandra Oliveira, 54 anos, viveu uma criação rígida com base na violência e acredita que violência gera pessoas revoltadas. "Quando casei e tive filhos, não quis que eles passasem pelo que passei. Tive uma criação com ausência de carinho e presença de pai e mãe. Tem muitas pessoas que me perguntam como eu não me tornei uma pessoa ruim depois de tudo que passei. Se eu for contar como foi minha infância... mas a única certeza que eu tenho é que meus filhos não passarão pelo que passei. Então faço com que eles se sintam amados, dando amor e carinho, os incentivos e serem unidos. E o diálogo como forma de resolver os problemas."
É preciso qualidade para sonhar com um futuro digno, e essa igualdade de busca pelos objetivos precisa ser proporcionada conjuntamente, pela família, pela sociedade e pelo Estado, com a finalidade de permitir uma convivência social pacífica confrontando a vida familiar e o Estado como um todo. Principalmente é preciso ter o mínino necessário para a existência digna. Tem-se que as Políticas Públicas precisam ser implantadas nos Estados com maior robustez.
Há que se permitir às crianças e adolescentes a confiança num futuro com alcance real de objetivos, que lhe proporcione vida digna e com condições de desenvolvimento e existência e não apenas de sobrevivência. É imprescindível a igualdade para sonhar e proporcionar mecanismo para a concretização dos sonhos desses seres humanos. Como sujeito de direito e que a sociedade conviverá pacificamente.