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30/01/2022 às 14h56min - Atualizada em 30/01/2022 às 13h53min

Ocidente vive incerteza com eventual invasão russa na Ucrânia

Estima-se que cerca de 100 mil soldados russos estejam na fronteira entre os dois países, mas analistas minimizam possibilidades de confronto armado e apostam nas sanções econômicas como principal recurso

Esther Morais - Editado por Ynara Mattos
Soldados russos estendem bandeira em retirada das tropas no Cazaquistão, 2022. REUTERS - PAVEL MIKHEYEV
O envio de tropas russas à divisa com a Ucrânia após o país intensificar negociações para integrar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nos últimos meses vai além de um incerto confronto armado. Todos os Estados envolvidos distanciam a possibilidade de uma guerra. Todavia, cada grupo ameaça seu adversário com medidas econômicas que irão prejudicar a economia dos países opositores e suas populações. A Rússia pode intensificar os laços com a China e suspender o fornecimento de gás natural à Europa. Por outro lado, é possível que potências ocidentais cortem o acesso dos bancos russos aos sistemas de pagamento internacionais.

O conflito ganhou força depois que a Ucrânia, cujo território fez parte do Império Russo, intensificou as negociações para ingressar na Otan, aliança militar criada na Guerra Fria para combater a expansão soviética. O Kremlin acusa a Casa Branca, membro da organização, de manipular os países do Leste europeu com “provocações e mentiras”. Moscou se comprometeu a retirar os militares a postos, contanto que o Ocidente mantenha seus exércitos distantes da Rússia e recuse a entrada da Ucrânia no grupo. Os países-membros rejeitaram a proposta e enviaram navios, aviões e armamentos à Kiev, em auxílio defensivo. Mas reforçaram que não irão comparecer caso, haja uma guerra. 

Para os analistas políticos, as ameaças entre o Ocidente e a Rússia serão em forma de sanções econômicas. As potências ocidentais não estão dispostas a lutar por um país fora da Otan ou desencadear uma batalha continental. A União Europeia limitou o acesso dos bancos russos ao mercado europeu e proibiu assistências financeiras ao país. Também é discutida a remoção da Rússia do Swift, Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais em português. A ação impossibilitaria transações financeiras internacionais para o país. Analistas alertam que isso também causaria danos a todos os países que negociam com a Rússia.

À vista disso, o trunfo de Moscou é a produção do gás natural, responsável por abastecer um terço da Europa, equivalente a pouco mais da metade da população brasileira. Com o produto, junto ao petróleo das reservas russas, suspenso, o continente viveria uma crise de energia. As previsões são de que esse encarecimento ainda aumentará o preço da gasolina no Brasil. Além disso, o cientista político João Pires atenta sobre os riscos da viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia em fevereiro. “A visita pode gerar instabilidade de relação com os EUA e a União Europeia. O pior para o Brasil seria importar esse conflito”.

Pires explica que o território ucraniano é importante para a Rússia em termos históricos e territoriais. Kiev já foi a capital do país vizinho sido chamada por Vladmir Putin como “a mãe das cidades russas”. Para os russos, existe uma ligação com os países integrados na União Soviética. Outrossim, controlar as regiões fronteiriças é “essencial” para a defesa de uma nação. Por isso, “retomar o espaço perdido e limitar novos avanços por parte dos americanos no leste europeu” é uma conquista que compensa o embate atual, justifica o cientista.

O país estabeleceu que retiraria as tropas sob condição de retrocesso da Otan às fronteiras desenhadas em 1997 
o grupo teria de sair da Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia. Outra condição é o veto perpétuo à entrada ucraniana na organização e que quaisquer atividades militares sejam realizadas próximas a essa direção. Além do congelamento da expansão em direção ao Leste europeu.

Segundo matéria publicada no CNN Brasil, a informação veiculada pela mídia russa é a de uma possível invasão da Otan na Ucrânia, de modo a cercar a Rússia e retirar Putin do poder. Os canais desenham “a Ucrânia como um estado falido inteiramente controlado pelo ‘mestre das marionetes’ — os EUA".

Crimeia

Essa não seria a primeira vez que a Ucrânia é invadida pela Rússia. Em 2014, a ex-URSS tomou a Crimeia, região ao sul da Ucrânia, com a mesma justificativa de proteger a herança russa. A tomada causou ao menos 14 mil mortes. Apesar disso, grupos rebeldes resistem no local até hoje.

Referências:

DOUGHERTY, Jill. "Na TV russa, são os Estados Unidos e a Otan que estão prestes a atacar a Ucrânia". CNN Brasil. Disponível em: . Acesso em: 27 de jan. de 2022.
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