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03/02/2022 às 08h33min - Atualizada em 03/02/2022 às 08h18min

O que Hermione faria?

Conheça a história por trás de uma das frases mais famosas feitas por fãs da saga e seu impacto no mercado editorial

Júlia Guimarães - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: @joaoviktor_18

Para uma mulher conseguir publicar um livro durante os séculos XVII e XIX, era uma missão quase impossível, e inúmeros eram os registros das dificuldades em se obter sucesso devido às questões de gênero. Até mesmo no século XX, em meados dos anos 1990, essas autoras ainda precisavam usar pseudônimos masculinos ou abreviaturas de seus nomes para que suas obras fossem publicadas. J.K. Rowling foi uma das revolucionárias do mercado literário, que ficou conhecida pela criação da saga Harry Potter (1997) e nos presenteou com uma personagem que fugia totalmente dos padrões da mulher descrita na literatura: Hermione Granger. 
 

Antes de Hermione, exceto pelas grandes memoráveis personagens de Jane Austen nos romances, grande parte das personagens femininas eram reconhecidas apenas por sua beleza, como uma megera indomada ou uma sonhadora ingênua. Com essa ruptura de Rowling, elas começaram a se destacar com características que antes só eram vistas em personagens masculinos, passando a serem narradas, agora, como independentes e empoderadas. Hoje, após a conquista de Hermione, podemos ver outros diversos exemplos na literatura de mulheres que enfrentaram o sistema em que vivem, como Katniss Everdeen da saga Jogos Vorazes (2010), da autora Suzanne Collins, Tris de Divergente (2012), de Veronica Roth, Clary de Cidade dos Ossos (2007), de Cassandra Clare, Jude Duarte de Príncipe Cruel (2018), de Holly Black e tantas outras que refletem esse ideal da mulher ser heroína da sua própria história. 
 

A primeira aparição da bruxa ocorre em Harry Potter e a Pedra Filosofal (1997) no Expresso de Hogwarts e logo podemos ver seus traços mais marcantes. Ao findar sua amizade com Harry e Rony, a garota atua como o cérebro da operação. Uma personagem sagaz, inteligente, cheia de autonomia e que luta pelo o que acredita ser justo em busca de realizar todos os seus objetivos, Hermione nunca precisou depender de alguém para realizá-los. E, na maioria das vezes, foi construída como uma garota mandona e inconveniente ao tentar ocupar posições que costumavam tomadas pelos garotos, como também foi uma das primeiras personagens a não ser estereotipada e conhecida por sua beleza. Em sua descrição, é tida com cabelos indomáveis, dentes da frente maiores e nunca se importou com sua aparência, sendo um choque para todos com sua aparição ao baile de inverno com Victor Krum. 
 

Esses fatores que causaram estranhamento e ruptura foram essenciais para a reflexão sobre os estereótipos de gênero que são estipulados em sociedade, desde a forma de se comportar, a maneira de se vestir e até mesmo se usar uma cor x ou y. Porque essas verdades inquestionáveis, assim como em Hermione, também afetam muitos jovens, o que faz com se sintam limitados e tenham problemas de autoestima por não conseguirem firmar sua imagem.  
 

“Me lembro de assistir os filmes e ler os livros ainda muito nova e ficar impressionada; antes, a maioria das meninas da minha idade tinha contato com só com princesas e meninas com aquele estereótipo super delicado, me senti representada por uma personagem tão forte e voraz como a Hermione”, diz a estudante Carla Resende.  
 

Hermione é uma peça primordial da história; ajudou Harry a cumprir sua jornada do herói e ainda ajudava outras garotas do livro a se importarem com sua força e vontade de vencer. Ativista e salvadora de encrencas e elfos domésticos, a bruxa é um símbolo de resistência e luta por seu espaço, pelos menores e pelos direitos de igualdade. Por isso surgiu a frase entre os fãs: o que Hermione faria?  
 

 Como exemplo, Hermione mudou toda uma geração de meninas que liam a saga e se apaixonavam pela bruxa mais inteligente de sua idade, que sempre sabia o que dizer e o que iria fazer. Carregada de representatividade, ao ler, passaram a desejar ser como ela e começavam a lutar por seu espaço. Mesmo que não tenha sido a intenção da autora, a personagem ainda conquista muitas seguidoras entre os meios de comunicação a se afirmarem e se sentirem melhores consigo mesmas para acreditarem em seu potencial e lutarem por aquilo que desejam, um aspecto é ser uma das ilustrações de manifestação do feminismo liberal. Rowling ensina as garotas, por meio da personagem, a se desafiarem todos os dias e não se contentarem com apenas um “não”.  
 

Hoje, graças ao sucesso da bruxinha, o número de personagens femininas independentes cresce cada dia mais na literatura, assim como a porcentagem de autoras que estão se lançando e dominando o mercado editorial a ponto de ultrapassar os homens e dominarem os rankings de venda. Por isso, a sociedade precisa de mais Hermiones erguendo suas vozes, mesmo que ainda não valorizadas, para que um dia se tornem grandes ministras da magia, sem a ajuda de herói algum, mas por elas mes

 

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