Ana Beatriz Magalhães - Revisado por Isabelle Marinho
Todos os membros da família Madrigal. (Foto: Reprodução/ Disney)
Quando Encanto começou a ser divulgado pela Disney, as informações sobre a animação não eram muitas. O enredo parecia ser mais um a seguir a habitual e talentosa fórmula de um filme animado dos estúdios, com muita cor, música, personagens interessantes que atraem o público e muita magia.
No entanto, o novo filme de ByronHoward (de Enrolados e Bolt: Supercão) e JaredBush (de Zootopia e Moana) vai muito além da superfície, promete e entrega mensagens maduras e lições importantes tanto para crianças, quanto para adultos.
Já no trailer, descobrimos toda a dinâmica da família Madrigal: eles moram na Casita, um lugar mágico em que os sapatos andam sozinhos, o chão dança e as janelas dão boas-vindas para as pessoas. Além disso, cada parente tem um poder que ajuda a manter a comunidade unida e protegida. Porém, Mirabel, a protagonista, não é presenteada com nenhuma magia e isso afeta sua relação com a avó, matriarca.
De uma maneira geral, Encanto expõe que famílias são complicadas. Os Madrigal são, aparentemente, bem unidos e beiram a perfeição. Tanto que, logo nos primeiros minutos, isso é mostrado ao espectador por meio de uma canção, em que Mirabel enaltece todos os seus parentes. No desenho, assim como na realidade, todos os membros lidam com alguma dificuldade e tentam ser perfeitos para agradar a todos.
A protagonista é a irmã mais nova e a única que não recebeu um dom. Por isso, ela não é apenas excluída, mas sim colocada em um lugar em que praticamente não existe dentro da família. Por se sentir deslocada entre pessoas especiais, ela faz de tudo para compensar o fato de não ter poderes, tentando provar que merece fazer parte do clã.
Apesar de todas as inseguranças e dúvidas acerca do seu papel, Mirabel ensina lições preciosas. Com toda sua autenticidade, ela conduz a história mostrando que está tudo bem termos dúvidas e mesmo assim questionar, exigir respeito e dar a oportunidade para o outro contar a versão dele.
Luisa, irmã mais velha de Mirabel, tem o poder da superforça. Sua personagem aponta o peso que vem do medo de desagradar ou decepcionar os outros. Durante o desenho, percebe-se que ela acredita que seu valor está, unicamente, ligado a sua força e, por isso, mesmo sobrecarregada, coloca-se a disposição de todo mundo, o tempo todo. Ela vive pelo que esperam dela e, no final, isso só gera ansiedade, desconforto e estresse.
A partir de Luisa, é ensinado que é essencial conhecer, respeitar e falar sobre os próprios limites e que não é possível dar conta de tudo. Ela é muito mais do que o dom e não precisa carregar o peso do mundo nas costas.
A irmã do meio, Isabela, tem o poder de criar flores, deixando qualquer ambiente mais decorado e alegre. Mas, com isso, surge uma pressão (causada por ela mesma e pela família) da perfeição.
Isabela acredita que precisa ser perfeita em tudo e, assim, dedica-se em função daquilo que os outros acham bonito, vivendo para atender as expectativas alheia e atingir um padrão de excelência inexistente.
Com ela, aprendemos que o perfeccionismo é uma ilusão e aprisiona, acabando com a autenticidade e controlando na busca de agradar os outros. Falhar é inevitável e a imperfeição faz parte da vida.
Essas são algumas dos vários ensinamentos de Encanto. A animação ressoa de forma muito forte e até mesmo triste ao abordar sobre traumas, pressão familiar e crise de identidade. Toda a família, desde o início, tenta passar uma imagem que não condiz com a realidade e “varrem para debaixo do tapete” as dificuldades enfrentadas.
O melhor do desenho, talvez, seja o enorme peso das expectativas que se cultivam dentro de uma família tradicional. Relações familiares, sendo reais ou fictícias, são complexas e manter a solidez de um lar não é tarefa simples.
Confira o trailer da animação:
Trailer de 'Encanto'. (Reprodução/YouTube: Walt Disney Studios BR)
Todos os membros da família Madrigal. (Foto: Reprodução/ Disney)
