Em 2018, a cantora Rihanna revolucionou o mundo da moda ao lançar sua marca de lingeries, a Savage X Fenty. Sendo um ícone fashion que é, a cantora vinha investindo na área da moda e beleza desde de 2012, como a Fenty X Puma e a Fenty Beauty. Sempre propondo trazer inclusão e representatividade para suas marcas, e com a Savage Fenty não foi diferente.
O sucesso da Savage veio principalmente da crítica, já que a marca fez muitos questionarem sobre a falta de representatividade nas marcas de roupas íntimas, como o caso da veterana Victoria 's Secrets. Mas será que a VS conseguiu acompanhar essa revolução?
O fim de uma era
Todos foram surpreendidos, quando em 2019, foi anunciado que o anual desfile da Victoria 's Secrets tinha sido cancelado. Em uma ligação telefônica com os investidores, o diretor financeiro da L Brands, empresa matriz da marca, Stuart Burgdoerfer disse o seguinte: “Estamos descobrindo como avançar com o posicionamento da marca e comunicar melhor para os nossos clientes.”
O evento que acontecia desde de 1995, se tornou um fenômeno da cultura pop ao trazer supermodelos e apresentações musicais de grandes cantores como Justin Bieber e Taylor Swift. Porém essa fórmula de sucesso utilizada há mais de 20 anos não funciona mais nos dias atuais.
Além de enfrentar uma crise financeira, a marca ainda estava presa em valores preconceituosos e sexistas. Após muitas reclamações, as eletivas do desfile em 2018 pareciam mais inclusivas, porém não foi essa a realidade nas passarelas. Diante disso, o então diretor de Marketing da L Brands, Edward Razek, disse o seguinte para Vogue: "Não, não, acho que não devemos (ter modelos plus size e transexuais). Bem, porque não? Porque o show é uma fantasia. É um especial de entretenimento de 42 minutos.”
Contando com um elenco apenas de mulheres cis, altas e magras, a Victoria’s Secrets ficou para trás. Com a alta do feminismo, as mulheres estão empoderadas em relação a seus corpos e querem ver corpos reais nas passarelas.
O empoderamento do corpo fora do padrão
Existem muitas mulheres que se sentem no escuro, invisíveis. Que pensam que não podem experimentar algo porque não foi feito para elas. Aqui é onde você se sente mais segura, bem aqui na Savage.
Foi com esta frase que Rihanna anunciou o lançamento da Savage X Fenty. Trazendo uma numeração que varia do XS ao XXXL e contando com um desfile performático e com diversidade, diversas mulheres puderam finalmente se ver representadas com uma marca de lingerie. Como o caso de Steffany, de 28 anos, que é modelo. Iniciando a carreira em ensaios fotográficos foi notada pelas suas redes sociais e atualmente trabalha como modelo de lingerie plus size. Ela disse o seguinte:
Não conhecia a linha íntima da Savage X Fenty, acabei pesquisando agora. Fico Feliz demais ao ver modelos de todos os corpos, ajuda muita gente complexada a ver beleza em seus corpos ‘imperfeitos’. É simplesmente incrível me ver representada.
A Savage X Fenty revolucionou não apenas o mundo da lingerie, mas o mundo da moda de uma maneira geral. As dietas restritivas com o objetivo de tentar ter um corpo de uma Angel foram substituídas com o empoderamento do corpo fora do padrão que vem reivindicando seu espaço nas passarelas. Mas será que as marcas estão atendendo essas reivindicações?
Nota-se ainda uma relutância de grande parte de marcas de lingeries, como as brasileiras Intimissimi e Loungerie, de incluir um elenco de modelos plural. Em contramão têm se lojas de roupas íntimas especializadas para o público plus size e trans, porém não recebem a atenção da mídia e acabam ficando em um pequeno nicho. Até quando esses grupos serão invisibilizados pela indústria da moda?