Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
07/02/2022 às 00h00min - Atualizada em 07/02/2022 às 00h01min

A menstruação tem impacto negativo na participação social das mulheres?

Entenda como a pobreza menstrual afeta a rotina diária das pessoas que menstruam

Juliana Valillo - Editado por Júlio Sousa
Jornal de Caruaru; Trocando Fraldas; Diário Regional; Uol; SEGS
Absorventes | Fonte: Pexels
Os estudos mais recentes do "Trocando Fraldas" constataram que 46% das brasileiras consideram que a menstruação tem um impacto negativo na participação social de mulheres e meninas.
 
Os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro têm um índice de 49% e 48%, respectivamente, demulheres que acreditam no fato de que a menstruação impacta negativamente na participação social. O Tocantins é o local em que mais concordam com a afirmação, sendo 65%.
 
Durante todos os meses do ano, o corpo da mulher se prepara para uma gravidez e, quando isto não ocorre, o endométrio (membrana interna do útero) se desprende causando a menstruação. Neste período (podem variar de 04 a 08 dias) de fluxo, podem ocorrer as cólicas, dores nos seios, inchaço e outros desconfortos.
 
Os sintomas podem ser mais acentuados ou até ter um maior fluxo sanguíneo, prejudicando a qualidade de vida.
 
A primeira menstruação, normalmente, ocorre entre os 12 anos de idade, mas, em alguns casos, pode acontecer antes ou depois. Desde cedo, as meninas e mulheres precisam se preparar e aprender a lidar com a situação. Por conta da desigualdade social no país, não são todas que têm acesso aos itens básicos de higiene para os dias do fluxo.
 
É visto que 44% das brasileiras conhecem meninas ou mulheres que não vão às aulas pela falta de absorventes. O Amapá é o estado em que mais pessoas conhecem a realidade dessas meninas, sendo 61% das participantes. No Distrito Federal e no Rio de Janeiro, 45% e 43%, respectivamente, conhecem meninas que não possuem absorventes e faltam às aulas por isso. Os percentuais caem em São Paulo para 41% e em Minas Geras para 38%, com o menor índice no Piauí, com 32% das participantes.
 
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) constataram em um relatório que 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em sua casa, e mais de 4 milhões não têm o devido acesso aos itens mínimos dos cuidados menstruais nas escolas.
 
E desta forma, a pobreza menstrual surge se caracterizando pela falta de acesso a recursos, infraestrutura a até conhecimento, por parte das pessoas que menstruam, para os devidos cuidados que envolvem a própria menstruação. Esta situação faz com que essas pessoas deixem de realizar as tarefas do dia a dia, como ir à aula.
 
A Johnson & Johnson e os Institutos Kyra e Mosaiclab realizaram uma pesquisa em setembro de 2021, demonstrando que 28% das mulheres de baixa renda são afetadas diretamente pela pobreza menstrual (cerca de 11,3 milhões de brasileiras). Esta pesquisa também relevou que a pandemia da Covid-19 piorou a situação, sendo que 29% das mulheres e meninas tiveram dificuldades financeiras no último ano (entre setembro de 2020 a setembro de 2021) para a compra dos produtos de higiene. Além disso, 21% têm essa dificuldade todo o mês.
 
O Trocando Fraldas também constatou que 86% das brasileiras estão de acordo com o fato dos estados ter o dever de oferecer absorventes gratuitamente para o público que não tem condições financeiras de comprar.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »