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09/02/2022 às 12h56min - Atualizada em 09/02/2022 às 12h22min

As poesias de Ryane Leão e Rupi Kaur

O que existe na expressão da mulher moderna através da poesia

Andresa Cardoso - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: Rupi Kaur
Temas como saúde mental, burnout, feminismo, relacionamento abusivo, racismo, amor entre pessoas que se identificam com o gênero feminino e crescimento pessoal estão fortemente presentes nas poesias de Ryane Leão e Rupi Kaur, gerando fácil reconhecimento pessoal com essas escritoras através do seu potente uso das palavras.
 
Ryane Leão é uma poetisa paulista, formada em Letras. Começou a compartilhar seus textos através de “lambes” – impressão dos textos, geralmente em folha A3, que é colado em postes e muros nas cidades, além de publicá-los em seu Instagram. Seu primeiro livro foi publicado após a realização de um financiamento coletivo, e em 2017 a editora Planeta lançou “Tudo nela brilha e queima”. “Jamais peço desculpas por me derramar” é seu segundo livro, publicado pela mesma editora, em 2019.

 

Reprodução: Revista Trip - Uol

 

algo se repete
pra provar que
você nunca é a mesma
algo se repete
para que você compreenda
que você nunca é a mesma
pare de chamar por suas versões
que estão no antes
elas morreram
pra te parir maior
algo se repete
se repete
se repete
e ainda bem
que você nunca
é a mesma”

 Trecho do livro “Jamais peço desculpas por me derramar”, por Ryane Leão

Em seu segundo livro, Ryane fala sobre a importância da ancestralidade afrodescendente, do amor sáfico – amor entre mulheres, racismo, amor-próprio e resiliência. A autora segue publicando vídeos em seu Instagram declamando seus poemas, sempre ressaltando a necessidade de se amar – como pessoa negra, lgbtqia+, com transtornos mentais, de todas as maneiras.

Outra poetisa, também inspiradora, é a Rupi Kaur, que é indiano-canadense. Ambas têm trajetórias parecidas: Rupi publicou de forma independente seu primeiro livro, após ficar conhecida pelos textos que publicava em seu Instagram, que foi lançado no Brasil intitulado “Outros jeitos de usar a boca”. Seu segundo livro, “O que o sol faz com as flores”, saiu aqui em 2017, trazendo temas como ancestralidade – nesse caso, focado em sua origem indiana -, saúde mental, feminismo, crescimento pessoal e relações – abusivas, dependentes, boas e a relação consigo mesma.


Reprodução: Revista Vogue


“O que o sol faz com as flores” é dividido em cinco partes: murchar, cair, enraizar, crescer e florescer, e suas poesias encantam o mundo inteiro: a autora possui 4,4 M de seguidores no Instagram. “Meu corpo minha casa” é sua mais recente publicação, lançada em 2020, e traz em seus textos a angústia causada pelo burnout, e a pressão em escrever e ser criativa que, em um mundo pandêmico, se torna bem mais grave emocionalmente.
 

“desci do palco
no fim do evento
rezando para aquela tristeza profunda
parar de me comer viva
eu estava doente
mas fingia que não estava
ao menos trabalhar me motivava
voltar no fim do dia
para um apartamento vazio era pior
sem trabalho eu não tinha nada a almejar
eu passava meses entregue à depressão
quase desmaiada de mágoa
olhos abertos
pensamento perdido em outra dimensão
escreva o livro me diziam
volte ao seu caminho
por que tanta demora
- vazia”


     Trecho do livro livro “Meu corpo minha casa”, por Rupi Kaur
 

“confie no seu corpo
ele reage ao que é certo e errado
melhor do que a sua mente
- o corpo fala com você”

  Trecho do livro livro “O que o sol faz com as flores”, por Rupi Kaur

 

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