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14/02/2022 às 09h09min - Atualizada em 10/02/2022 às 22h02min

Kindle, e-books e o fechamento das livrarias: o que vai embora e o que fica?

Com aumento da leitura digital e sua praticidade, vendas das livrarias físicas cai significativamente

Maria Eduarda Macedo da Rocha - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: Arquivo pessoal

"Ao meu ver, o Kindle - leitor digital - é um objeto que me distancia da história, sabe?!’’, essa foi a fala de Sofia Amaral, estudante do curso de Jornalismo. Mesmo que os livros físicos tenham começado a existir nos primórdios antes de Cristo, não podemos negar que, com a tecnologia, os modos de leitura se diversificaram. Mas então, diante de todos os prós e contras, o que está mais em alta: a leitura física ou digital?

 

QUEM USA KINDLE E QUEM LÊ OS LIVROS FÍSICOS?

 

Com o intuito de saber o real posicionamento dos leitores sobre o assunto, o Lab Dicas de Jornalismo realizou uma entrevista com duas estudantes e uma professora, três pessoas que estão no âmbito da leitura e da escrita, e mais do que imersas nessa realidade literária.

 

A primeira estudante, mencionada anteriormente, Sofia Amaral, de 19 anos, relata que lê desde os seus 11 e complementa: 
 

''Comecei e permaneço nos livros físicos… eu já li alguns livros digitais, mas nesses casos sempre optei pelo computador, já que a tela é maior, mas meu desempenho é sempre menor. A leitura não flui da mesma maneira, constantemente é mais lenta e cansativa. No final das contas, ao meu ver o Kindle é um objeto que me distancia da história, sabe?!''


A segunda entrevistada, Pérola Victória, estudante de 13 anos, já tem um posicionamento diferente. De acordo com ela, a leitura chegou na sua vida de forma efetiva no início de 2020, mas com a pandemia a realidade mudou.
 

''Eu comecei a comprar meus livros físicos e um tempo depois eu ganhei meu Kindle e passei a ler os e-books - livros digitais. Eu nunca gostei realmente de ler, sempre que eu tinha que ler alguma coisa era pela escola, mas, com a pandemia, a facilidade do Kindle e agora esse tempo todo em casa, isso tudo me incentivou bastante.''


Por fim, a terceira entrevistada, Jamilly Grace, pedagoga de 37 anos, acrescenta: "O gosto pela profissão fez a leitura se tornar constante. Comecei por livros físicos, nunca li nada pelo Kindle e os livros começados no celular nunca foram terminados.’’
 

Tomando como base as falas das entrevistadas, podemos notar que há divergências com relação às preferências na leitura e isso se dá, principalmente, pela não adaptação de leitores acostumados aos livros físicos ao tentarem substituir essa zona de conforto pela "falta de contato" do digital.


Contudo, o que muitos não sabem é que o Kindle, tentando aproximar-se do papel, veio ao mundo com a tecnologia Paperwhite, que é responsável por substituir a luz azul dos celulares por uma luz que não cansa a vista e te faz sentir que está lendo no próprio papel. Dessa forma, é notório que pelo menos o prejuízo à saúde não é a maior das preocupações dos usuários, mas sim o fato de ter o livro ali:
 

''Eu prefiro os livros físicos porque o contato com o papel me deixa mais à vontade, folhear as páginas, riscar o livro, fechá-lo'', Sofia Amaral.

 

''Prefiro ler pelo Kindle, sempre, mas nada se compara a sensação de você segurar um livro, você sentir o cheiro das coisas novas, então eu realmente prefiro físico'', Pérola Victória.


QUAL A RELAÇÃO COM O FECHAMENTO DAS LIVRARIAS?

 

Em entrevista ao F5News, a empresa Saraiva, uma das maiores livrarias do Brasil, relata que "A rede tem iniciado um processo de encerramento das atividades em diversas cidades do país. A pandemia forçou um aumento no valor dos preços e levou o público ao atendimento online.’’

 

Moradora de Aracaju, a pedagoga Jamilly Grace comenta a surpresa que teve ao visitar o shopping Riomar: "Quando cheguei na livraria, ela não existia mais, foi aí que descobri o seu fechamento’’. Mas, apesar da surpresa, confessa: "Compro mais pela Amazon e ter uma conta Prime com frete grátis ajuda bastante’’.

 

Dessa forma, com a praticidade e a não necessidade de locação física de empresas como a Amazon, a situação encontra-se com dois embates: a migração para os livros digitais e a substituição das compras em livrarias físicas para sites que disponibilizam o mesmo material, só que mais em conta.

 

Em complemento à fala da Jamilly Grace, as duas estudantes ainda afirmam:

 

"A maioria dos livros que compro são da Amazon ou das Americanas, eu participo de alguns grupos no Telegram e no Twitter que sempre avisam quando tem promoção nos aplicativos que vendem livros", conta Pérola Victória

 

"Na maior parte das vezes compro livros na Amazon. Os livros do meu interesse sempre tem bons preços por lá e eu acabo aproveitando muitas promoções", Sofia Amaral.


De acordo com CEO da Amazon, Jeff Bezos, o preço atual de $9,90 mensais para assinantes é assim tão baixo, pois visa a "meta de  ganhar muitos assinantes em pouco tempo." Assim, é evidente que, mesmo com a preferência a livros físicos, muitos leitores se voltam para compra digital, o que difere da leitura digital. No entanto, juntamente a ela, contribui negativamente para o fechamento das livrarias.
 

O QUE IRÁ PREVALECER NO FUTURO?

 

Por mais difícil que seja para algumas delas assumir, as leitoras afirmam que pelos e-books, as leituras digitais, num geral, e a compra de um Kindle têm mais chances de prevalecer nessa geração Z e Alpha:
 

"Olha, na minha opinião, o método que vai prevalecer no futuro é o digital, porque além de ser mais atualizado, eu espero pelo menos que fique bem mais em conta ler um livro pelo seu Kindle ou pelo seu próprio celular. Mas sempre vai ter aquela pessoa que vai preferir o físico para sempre e não vai trocar isso por nada’’, Pérola Victória.

"Acredito que a leitura, por meio de suportes tecnológicos como o Kindle, irá prevalecer, pois estamos cada vez mais habituados ao mundo digital’’, Sofia Amaral.

"Acredito que vai prevalecer a leitura digital, pela sua praticidade’’, Jamilly Grace.
 


Em resumo, além dos feedbacks das leitoras entrevistadas, os dados não negam. De acordo com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), desde 2019, houve um aumento de 9,3% das leituras e compras digitais, enquanto que o faturamento de lojas físicas caiu 8,9%.

 

Infelizmente, a situação das livrarias não é das melhores e aparentemente o fechamento delas se tornará maior com o tempo. Todavia, é importante o incentivo à leitura, logo, a melhor recomendação é que, se em e-books ou livros físicos, nós pratiquemos o hábito da leitura!

 

 

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