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11/02/2022 às 19h59min - Atualizada em 11/02/2022 às 19h31min

Heroin Chic: quando as drogas encontraram o mundo da moda

Entenda a tendência dos anos 1990 que associou o uso de drogas a uma estética cool

Isadora Ribeiro - Editado por Danielle Barros
Foto por Davide Sorrenti

Os anos de 1990 foram marcados pelo surgimento de grandes bandas, filmes e séries icônicos e no mundo da moda não foi diferente. Considerado por muitos como a década das supermodelos, construindo toda uma cultura em volta do padrão de corpos e beleza destas. Com o objetivo de ser a anticultura do mundo da moda da década de 1990, surge o Heroin Chic

 

Bebendo da fonte do grunge, o Heroin Chic foi uma estética fotográfica e da moda na qual eram exibidas modelos com características em comum: extremamente magras, ossos marcando a pele, olheiras profundas, cabelo bagunçado e uma maquiagem bem leve- quando havia. Além do visual apresentado nas modelos, o ambiente das fotos eram, em sua maioria, motéis baratos e sujos, com carpetes e sofás encardidos. As principais representantes dessa tendência foram Jodie Kidd, Jamie King e, é claro, a supermodelo Kate Moss

 

Até aquele momento, as grandes modelos eram bronzeadas, magras, loiras e com um certo ar californiano. Mas será que o Heroin Chic realmente foi uma quebra desses padrões?  Apesar do estilo garota californiana ter sido substituído por uma certa melancolia, as novas top models continuavam loiras e tinham se tornado ainda mais magras. 

 


 

Junto com a magreza aparente tinha a glamourização das drogas. A heroína, que até o início dos anos 1990 era considerada de pobre e sujos, ganhou uma versão em pó e logo se tornou cool. Aparecendo na música com o Nirvana e no cinema com os filmes Pulp Fiction e Trainspotting, logo caiu na graça das modelos e dos fotógrafos. Apesar do seu uso não ter sido obrigatório, era incentivado e era até visto com bom gosto, como no caso da Kate Moss. Com uma vida regada a álcool e drogas, uma parte do seu sucesso de Moss se deu a suas recorrentes aparições em tabloides, onde sempre aparecia em festas com muitas drogas. 

 

Como tudo que envolve drogas acaba cedo, com o Heroin Chic não foi diferente. Seu fim foi marcado pela morte precoce do fotógrafo Davide Sorrenti, namorado da modelo Jamie King. Com um histórico de doenças, o jovem morreu devido a uma overdose de heroína e King foi levada para reabilitação. Prezando por uma estética fotográfica, qual foi o preço que foi pago pela heroína chique? Quantas modelos desse período não desenvolveram problemas com vício em drogas e anorexia? Quantas jovens se sentiram feias por não se encaixarem naquele padrão impossível de se atingir?

 
Apesar das críticas, o Heroin Chic ainda é presente na cultura como o caso das séries Euphoria e Skins. Apesar de Euphoria nem chegar perto da glamourização que Skins faz, se criou no imaginário dos telespectadores uma romantização desse estilo de vida. Como o caso da personagem Effy de Skins, que se tornou um ícone  de uma geração. Com maquiagem borrada, uma pele pálida e branca e um uso constante de drogas, a personagem é uma boa representação dos resquícios deixados pelo período “anti-cultura” da moda dos anos 90.

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