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14/02/2022 às 17h33min - Atualizada em 14/02/2022 às 16h54min

Decolonialidade: cinco produtos literários fundamentais para compreender o assunto

Considerar as perspectivas silenciadas e atribuir espaço aos povos afetados pelos efeitos dos processos de colonização é essencial para a construção de uma sociedade mais igualitária

Lívia Nogueira - editado por Larissa Nunes
Obras de "Memórias para curar o futuro". (Foto: Reprodução / René Tavares).

As versões da história, da cultura e de todas as outras construções sociais do mundo são repassadas, década após década, através de perspectivas dominadoras desses processos. Buscar observar o mundo e entender outras formas de conhecimento, que foram reprimidas e invisibilizadas, é essencial para ampliar os olhares sobre todas as estruturas que conhecemos hodiernamente. Os processos de colonização instaurados, precipuamente, por iniciativas europeias, foram marcados por condutas de exploração e dominação, que perduram diante dos povos submetidos. Questões econômicas, científicas, tecnológicas e sociais, por exemplo, possuem efeitos diretos desse controle exercido ainda hoje.
 

Nesse sentido, estudos e discussões são desenvolvidas em prol de estabelecer espaço para que esses pensamentos e atores silenciados sejam percebidos. Confira algumas das produções literárias que apresentam essas perspectivas evolutivas:

 

"Memórias da Plantação: Episódios de Racismo Cotidiano"

 

A obra escrita originalmente em 2008 e traduzida para o português apenas no ano de 2019, foi produto de uma tese de doutorado de Grada Kilomba. A narrativa se constrói nas experiências relatadas por mulheres negras, precipuamente quanto aos mecanismos estruturais de invisibilização e racismo. Refletir sobre a perpetuação desses fatores por meio da ótica e das vivências apresentadas no livro, é progredir para a ruptura da interpretação dominadora dada a essas discussões, principalmente quando os assuntos não os competem diretamente.

 

"Pele Negra - Máscaras Brancas"

 

“A ontologia quando se admiti de uma vez por todas que ela deixa de lado a existência, não nos permite compreender o ser negro. Pois o negro não tem mais de ser negro, mas sê-lo diante do branco”, declara Frantz Fanon no livro. Esse apontamento norteia grande parte do que é tratado na obra, isso porque discute-se muito sobre a invisibilização das pessoas negras quanto, até mesmo, as suas próprias vivências. Fatos históricos envolvendo essas relações são sempre pautadas e reproduzidas na ótica do colonizador.

 

"Um feminismo decolonial"

“Não queremos construir uma comunidade utópica, mas restaurar toda a sua força criativa em sonhos de insubmissão e resistência, justiça e liberdade, felicidade e bondade, amizade e encantamento”, é o trecho que encerra a obra de Françoise Vergès. O livro evidencia assim, a importância de, para além de entender a história e promover evoluções estruturais, introduzir o juízo decolonial nas ideias de progresso social. No caso do feminismo, a crítica é também compreender as problemáticas pelas vivências de mulheres invisibilizadas nessas discussões.


"Pequeno Manual Antiracista"

 

Como o título apresenta, a produção trata-se de uma obra de orientação e reflexão acerca de determinados temas, como negritude, racismo estrutural, cultura e afetos. A partir do desenvolvimento dessas discussões, a transformação estrutural e a autoresponsabilização de cada indivíduo como ator social são as maiores proposições do livro ao longo dos 11 capítulos desenvolvidos por Djamila Ribeiro, filósofa e escritora.

 

"Epistemologias do Sul"

 

O termo desenvolvido por Boaventura de Sousa Santos frisa a necessidade da valorização do conhecimento para a estruturação de uma sociedade e, nesse sentido, de questionar os atores sociais construtores dessa ciência, que é ensinada e reproduzida há séculos. A teoria também intenciona a introdução de aprendizados e produções científicas de autorias anteriormente omitidas em suas complexidades e formas de expressão.


 


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