Neste ano de 2022, a Semana da Arte Moderna completa 100 anos. O evento aconteceu nos dias 13 a 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo e reuniu a presença de diversos artistas como, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e diversos outros nomes artísticos. O intuito da semana era de promover e dar uma visão da arte a partir de uma estética inovadora, inspirada nas vanguardas européias.
Aqueles que participaram da Semana da Arte buscavam uma renovação social e artística no país, reunindo apresentações de danças, músicas, recitais de poesias, exposições de obras, e palestras. Além de ter sido uma manifestação artística, foi também uma manifestação política, pois a sociedade passava por modificações sociais, políticas e econômicas, devido ao fim da Primeira Guerra Mundial.
Após essa semana, a arte em um todo passou a ter outras percepções e isso acarretou em desdobramentos positivos que vieram a revolucionar a cultura brasileira. A disseminação da arte em nosso país após o movimento trouxe novas perspectivas que geraram a criação de revistas, manifestos e movimentos e, com isso, transformou o país em um todo.
De todo modo, fica evidente que a semana da arte moderna continua perpetuando nos dias atuais, pois agora se vê mais da cultura brasileira presente nas artes e isso se deve às temáticas nacionalistas e cotidianas, fazendo com que a cultura brasileira fosse valorizada de modo mais explícito. Para o professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Alex Beigui Cavalcante, a exposição foi também importante para reunir um coletivo de ideias e pensamentos que antes mesmo da semana já eram idealizados.
“Essa exposição foi muito importante porque ela marca uma reunião desse coletivo e ainda antes, em 1916 a gente tem o lançamento do livro “Memórias Sentimentais”, de João Miramar que também vai marcar esse espaço, e também do Mário de Andrade com seu prefácio interessantíssimo que é uma obra também referente ao contexto da semana.”
Ainda assim, o professor complementa que a Semana da Arte Moderna pode ser considerada também como uma forma de ruptura com as tradições anteriormente seguidas, e até mesmo como uma visão decolonial, devido às visões culturais que vinham diretamente da Europa para o Brasil e que não representavam a cultura local. Por outro lado, a semana da arte moderna também pode ser considerada como um movimento político, pois aqueles que faziam a arte naquela época passaram a provocar a elite burguesa sendo contrários à arte europeia, fazendo com que fosse rompida a tradição.
“Esses artistas intelectuais escreviam crônicas nos jornais paulistas, o “Correio Paulistano” e o “Jornal do Comércio”, então isso alimentou na verdade, um pensamento que eu considero um pensamento político. Na arte, quando a gente pensa, toda arte de certo modo é política. Porque ela expressa um determinado pensamento e uma determinada ideologia do seu tempo. Então não dá para desvincular o estético do político”