Nascido em Lagoa Quebrada, Aracati, município do Ceará, Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Chico da Matilde foi um dos maiores personagens da história do Brasil ao considerado o homem que acabou com a escravidão no Ceará, passou a ser conhecido como o famoso Dragão do Mar.
Filho de um pescador que faleceu em um seringal em viagem à Amazonas e de uma rendeira chamada Matilde, o garoto Francisco começou a trabalhar desde criança em um veleiro chamado tubarão, lá passou a ter contato tanto os com traficantes de escravos quanto com os escravizados, diante a esta situação tomou consciência das barbaridades cometidas pelos escravocratas.
Devido a uma grande seca que durou cerca de três anos no Ceará, os escravocratas não conseguiam mais manter suas fazendas, e consequentemente suas senzalas, muitos libertaram os escravos e outros venderam os escravizados para o Sul e Sudeste. A seca da região atingiu mais de um quarto da população que foram atingidos pela varíola e cólera entre 1877 e1879.
Em 1880, o grande movimento abolicionista se instala na sociedade cearense, Chico da Matilde entrou em uma delas, a Sociedade Cearense Libertadora, e chegou a ser diretor. Inserido no movimento abolicionista, Chico passou a transitar em locais onde pertenciam as elites. Líder jangadeiro e prático do porto de Fortaleza, Chico da Matilde teve um importante papel no movimento abolicionista do Ceará, ao liderar, em 1881, seus companheiros que se recusaram a embarcar no porto de Fortaleza os escravizados que seriam enviados às províncias do Sul. O movimento dos jangadeiros em Fortaleza paralisou o mercado escravista do porto da cidade que, a partir de então, foi considerado fechado para o tráfico.
O movimento deu certo e em 1883, Fortaleza decretou liberdade aos escravizados numa Assembleia na qual Chico estava presente. A notícia logo se espalhou por todo país e logo o Ceará seria a primeira província brasileira a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. Na ocasião, Chico da Matilde embarcou com seus companheiros para o Rio de Janeiro, onde participou das comemorações pela abolição no Ceará e, junto com ele, levou embarcada uma de suas jangadas, nomeada Liberdade. A recepção e as comemorações abolicionistas na Corte ajudaram a consolidar a alcunha de Dragão do Mar.
Curiosidade: Em 1882, o Jornalista abolicionista chamado José do Patrocínio vai até o Ceará para conhecer Chico da Matilde e lá e o nomeia como Lobo do Mar, entretanto, o autor das obras clássicas “O cortiço’’, “O Mulato” , Aluísio de Azevedo o batiza de Dragão do Mar e até hoje o seu nome é celebrado em escolas, teatros e em exposições para mostrar até hoje o seu processo de resistência
Em 1999 em Fortaleza- CE é inaugurado o Museu da Cultura Cearense - MCC Dragão do Mar: um espaço de 800 metros quadrados, dividido em seis salões, dedicado à história, produção artística e cultura popular cearenses. É um museu etnográfico que tem como proposta promover a difusão e a fruição do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará, aplicando ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, visando à inclusão e ao desenvolvimento sociocultural. Conheça o museu: