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16/02/2022 às 12h01min - Atualizada em 16/02/2022 às 01h34min

Dragão do mar, a fúria abolicionista

Ceará abole a escravidão quatro anos antes da Lei Áurea

William Haxel - revisado por Larissa Nunes
Chico da Matilde, Dragão do Mar. (Foto: Reprodução / Rastros de Resistências / Ale Santos).

Nascido em Lagoa Quebrada, Aracati, município do Ceará, Francisco José do Nascimento, mais conhecido como Chico da Matilde foi um dos maiores personagens da história do Brasil ao considerado o homem que acabou com a escravidão no Ceará, passou a ser conhecido como o famoso Dragão do Mar.
 
Filho de um pescador que faleceu em um seringal em viagem à Amazonas e de uma rendeira chamada Matilde, o garoto Francisco começou a trabalhar desde criança em um veleiro chamado tubarão, lá passou a ter contato tanto os com traficantes de escravos quanto com os escravizados, diante a esta situação tomou consciência das barbaridades cometidas pelos escravocratas.
 
Devido a uma grande seca que durou cerca de três anos no Ceará, os escravocratas não conseguiam mais manter suas fazendas, e consequentemente suas senzalas, muitos libertaram os escravos e outros venderam os escravizados para o Sul e Sudeste. A seca da região atingiu mais de um quarto da população que foram atingidos pela varíola e cólera entre 1877 e1879.
 
Em 1880, o grande movimento abolicionista se instala na sociedade cearense, Chico da Matilde entrou em uma delas, a Sociedade Cearense Libertadora, e chegou a ser diretor. Inserido no movimento abolicionista, Chico passou a transitar em locais onde pertenciam as elites. Líder jangadeiro e prático do porto de Fortaleza, Chico da Matilde teve um importante papel no movimento abolicionista do Ceará, ao liderar, em 1881, seus companheiros que se recusaram a embarcar no porto de Fortaleza os escravizados que seriam enviados às províncias do Sul. O movimento dos jangadeiros em Fortaleza paralisou o mercado escravista do porto da cidade que, a partir de então, foi considerado fechado para o tráfico. 

Estatua do Chico da Matilde no Centro Cultural Dragão do Mar.

Estatua do Chico da Matilde no Centro Cultural Dragão do Mar.

(Foto Reprodução: Laís Belmino)

O movimento deu certo e em 1883, Fortaleza decretou liberdade aos escravizados numa Assembleia na qual Chico estava presente. A notícia logo se espalhou por todo país e logo o Ceará seria a primeira província brasileira a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. Na ocasião, Chico da Matilde embarcou com seus companheiros para o Rio de Janeiro, onde participou das comemorações pela abolição no Ceará e, junto com ele, levou embarcada uma de suas jangadas, nomeada Liberdade. A recepção e as comemorações abolicionistas na Corte ajudaram a consolidar a alcunha de Dragão do Mar.

Curiosidade: Em 1882, o Jornalista abolicionista chamado José do Patrocínio vai até o Ceará para conhecer Chico da Matilde e lá e o nomeia como Lobo do Mar, entretanto, o autor das obras clássicas “O cortiço’’, “O Mulato” , Aluísio de Azevedo o batiza de Dragão do Mar e até hoje o seu nome é celebrado em escolas, teatros  e em exposições para mostrar até hoje o seu processo de resistência

Em 1999 em Fortaleza- CE é inaugurado o Museu da Cultura Cearense - MCC Dragão do Mar: um espaço de 800 metros quadrados, dividido em seis salões, dedicado à história, produção artística e cultura popular cearenses. É um museu etnográfico que tem como proposta promover a difusão e a fruição do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará, aplicando ações museológicas de pesquisa, preservação e comunicação, visando à inclusão e ao desenvolvimento sociocultural. Conheça o museu: 

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. (Reprodução / Youtube)
 

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