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21/02/2022 às 20h20min - Atualizada em 16/02/2022 às 18h55min

Pitbull influencer acende debate sobre suposta agressividade da raça

Isaac Rufino - Editado por: Gabriela Gouveia

Um cachorro vem fazendo sucesso nas redes sociais com vídeos e fotos do cotidiano do animal. O perfil “O Thor Pitbull” existe há cerca de dois anos e já tem mais de um milhão de seguidores. Os donos do Thor utilizam Instagram, Kwai e TikTok para passar informações pouco conhecidas ao público e, segundo eles, tentar mudar a opinião de algumas pessoas que dizem que a raça é violenta.


De acordo com o guia de raças do grupo Petz, os pitbulls são muito utilizados como cães-de-guarda e conhecidos por serem “territorialistas”. Os ataques desta raça ocorrem com certa frequência. Nos EUA, por exemplo, ao lado do rottweiler, somam mais de 80% dos ataques de cachorro a seres humanos por ano, conforme o levantamento feito pelo Dogs Bite, site especializado em reduzir ataques de cães. No Brasil, nenhum órgão governamental divulga dados sobre ataques de cães.

Nas redes sociais do Thor é possível perceber que o cachorro é manso e brincalhão. Em algumas publicações o cão socializa com outras pessoas, inclusive, crianças.

Por isso, há um enorme debate que sempre vem à tona, principalmente quando há ataques a outros animas, vizinhos e até mesmo aos próprios donos. Como um caso no Distrito Federal em que uma mulher foi mordida no rosto por um pitbull que fugiu de uma residência próxima. O médico veterinário do CRV Imagem do Rio de Janeiro, Dr. Rômulo Braga, explicou o motivo pelo qual há tanta diferença entre os cães desta mesma raça. Afinal, enquanto uns são dóceis, outros são agressivos.

 
“Na década de 1950, nos Estados Unidos, foi considerado como um cão-babá, mas à medida que os anos foram passando, a raça começou a ser utilizada para “rinha” de cães devido as características do pitbull”.
Em Tocantins, no dia 17 de setembro de 2021, foi publicada a Lei Estadual n° 3.822, que proíbe a rinha de cães, a qual consiste em um ringue improvisado, onde se colocam dois cachorros para lutar, enquanto a plateia e os donos apostam dinheiro. Em muitos casos, o duelo termina com graves lesões aos animais e até mesmo a morte. Por serem muito fortes e musculosos, pitbulls são os preferidos pelos apostadores.

No geral, a raça é uma das que mais sofrem com maus tratos e abandono. A fundadora do projeto Pitbull & CIA, Sônia Cristina Borges, diz que a ONG recebe cerca de três denúncias por dia de maus tratos contra a raça e afirma que a suposta agressividade e a falta de informação dos tutores estão intimamente ligadas a violência contra os cães desta espécie.

 
“Todo cachorro, não só o pitbull, precisa que o dono tenha total conhecimento das características e cuidados que a raça precisa. Os “pits” são muito dóceis, porém são cães de grande porte e com um enorme poder na mordida. Um cão é agressivo por dois motivos: má criação e pela mutação genética”, diz a fundadora do projeto.
“O pitbull é a única raça que não é reconhecida pelo órgão de raças, devido as misturas, as chamadas mutações genéticas. O pitbull puro não tem histórico de agressividade, ao contrário daqueles que são geneticamente misturados. As misturas ocorrem devido os cruzamentos entre mães e filhotes, por exemplo.”, completou.


O veterinário Rômulo Braga não anula a hipótese de que fatores genéticos interfiram, mas também afirma que a má criação influencia no comportamento do animal. O doutor aponta quais os cuidados ideais para quem deseja ter um pitbull.

 
“É possível um Pitbull ser super amoroso, é possível isso, mas variações individuais relacionadas com o ambiente, com tratamento e até mesmo fatores genéticos podem interferir (em um cão ser agressivo ou não). Muita coisa é produzida pela influência do ambiente e da criação, mas existe um viés genético. É um cão com potencial de machucar, até pulando pode machucar alguém, pois é uma raça muito poderosa”.
“Por isso, é necessário ter espaço, poder fazer exercícios diários, disponibilidade de passear bastante, correr etc. Também é importante recorrer a auxílio profissional, como o de adestradores e assistência veterinária, pois alguns cães, não só os pitbulls, podem adquirir agressividade por outros problemas como dor e tumores, por exemplo”.
Violência contra cães e todos os outros animais é crime. Em caso de flagrantes de maus tratos é possível acionar a Polícia Militar (190) ou o disque-denúncia (181).
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