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18/02/2022 às 11h15min - Atualizada em 18/02/2022 às 10h51min

Atleta sergipana de 64 anos conta sua história, motivações e dificuldades no mundo esportivo

Corredora de aproximadamente 200 corridas e quatro meias maratonas se autodescreve como empoderada e inspiradora

Maria Eduarda Macedo da Rocha - Editado por Andrieli Torres
Créditos/Reprodução: Arquivo pessoal

‘’Se eu não tivesse tido essa atitude de começar eu tenho quase certeza que estaria com uma depressãozinha..querendo ou não eu estaria’’,é,inacreditavelmente esse foi o relato de Maria Aldinete de Macedo,a atleta sergipana de 64 anos que hoje afirma estar no seu melhor momento desde que decidiu se tornar corredora.

 

Mesmo que de forma amadora,Maria Aldinete começou a participar das primeiras corridas quando tinha 50 anos de idade, contudo, complementa que desde antes o gosto pelos exercícios físicos já existia:

 

’’Já frequentava academia pois eu sempre gostei de esporte..sempre,sempre..então eu fiz a inscrição da primeira corrida de A Volta de Aracaju.Só tinha um percurso que era de 8 km, eu fiz mesmo assim e disse:eu vou,o importante é completar!E eu completei.’’

 

MOTIVAÇÃO E INCENTIVO

 

Geralmente quando estamos perdidos, inertes na vida e sem muitos propósitos, nos inspiramos em algo ou alguém para realizar o que quer que seja: um trabalho, uma pintura ou até mesmo uma viagem. Em contrapartida, esse ‘"norte’’ também pode vir de nós mesmos, fazendo com que realizemos os nossos sonhos, motivando-os por conta própria.

 

A o ser interrogada sobre qual foi a sua inspiração para mergulhar de cabeça no mundo esportivo,em especial nas corridas, Maria Aldinete afirmou com total convicção:‘’nunca tive incentivo de ninguém..’’vai correr vai,fazer isso’’.. não, eu mesma que por mim mesma comecei a correr, e agora eu incentivo as amigas,os meus netos…’’

 

Além disso, o empoderamento e a confiança em si mesma são os pilares que estruturam ainda mais a atleta, a qual diz:‘’eu que faço minha inscrição, meu treino e vou independente de quem vai ver, quem não vai eu vou assim mesmo assim e me sinto muito bem desse jeito,sabe!?’’

 

A atleta ainda menciona que durante a sua trajetória fez diversas amizades, mas infelizmente, em julho de 2021, perdeu um grande amigo e parceiro de corrida para um acidente de trânsito. Celestino ou Celé, como era conhecido, afirmava que a Maria era sua inspiração, e hoje para ela, apesar da dor, o sentimento de ter inspirado seu amigo é gratificante.

 

CORRIDA E A SAÚDE

 

Apesar de aumentar a autoestima, a prática de exercícios físicos, não se restringe somente a resultados estéticos, os seus benefícios estão, acima de tudo, focados na melhoria da saúde física e mental além da qualidade de vida, e esse fato é ainda mais urgente para os idosos que encontram-se na terceira idade.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em pesquisa de 2019, mais da metade (59,7%) das pessoas de 60 anos ou mais de idade é insuficientemente ativa. Com isso, vemos que a faixa etária que mais precisa de exercícios físicos para manter a longevidade e bem estar é a que mais se encontra literalmente parada.

 

Maria ainda declarou durante a entrevista para o Lab Dicas, que a sua maior esperança é de que mais pessoas pratiquem atividade física ‘’seja na academia, na corrida ou na caminhada’’, pois o que mais recebe são elogios dos seus médicos, em especial o cardiologista:

 

‘’Seria bom se pelo menos 20% das mulheres na sua idade ou mais novas fizessem o que você faz, parabéns mesmo, os exames todos normais.Graças a Deus nunca deu alteração em nada’’, Doutor Fábio Serra.

 

SERÁ QUE EXISTEM DIFICULDADES NO ÂMBITO ESPORTIVO?

 

Durante a entrevista questionei à Maria sobre possíveis preconceitos enfrentados durante as corridas por ela ser mulher e idosa, a mesma confirmou que a última coisa que lhe aconteceu foi algum constrangimento ou empecilho por parte de outros corredores, e, com a maior alegria, descreveu uma receptividade que não esperava de corrida em Frei Paulo:

 

‘’Conquistei vários pódios,quando eu fui outro dia correr lá em Frei Paulo,você precisava ver,quando eu cheguei a torcida que estava sem conhecer ninguém…só foi o organizador dizer ‘’Olha aí vai chegando,vai chegando uma atleta de 62 anos,ah pronto, foi muito…foi muita palma…muito ah…foi demais,eu me senti a idosa mais incrível.’’ 

 

No entanto, a atleta menciona uma única dificuldade com relação a participação efetiva em todas as corridas, mas afirma que isso não a desanima:

‘’Já corri em vários lugares…já corri em Salvador, Recife, Belo Horizonte mas infelizmente o salário é baixo e o custo é alto, mas quando posso deixar de comprar algo para ir para a corrida, eu vou.’’

 

LIBERDADE E AMOR PELA CORRIDA

 

Durante a entrevista é impossível não notar satisfação e empolgação na Maria ao falar do seu amor pela corrida, ela acredita que se não fossem suas práticas e exercícios físicos provavelmente já teria desenvolvido diabetes, hipertensão e possível depressão.

 

A Maria ainda menciona que a maior parte das corridas que realiza é em parceria com a equipe de atletismo ‘’Pé no Chão'', de Aracaju, grupo que ela participa e fortalece ainda mais amizades.
 

Por fim, acrescenta que uma das suas maiores prioridades é a sua liberdade:

 

‘’Ah não,ninguém me proíbe,sou livre graças a Deus,o que eu tenho muito na minha vida… todo dia eu digo aos meus filhos, a meu esposo…o que eu tenho muito na minha vida é liberdade e saúde,graças a Deus,e tudo por conta dessa iniciativa minha de 14 anos atrás".

 

É perceptível que a prática de exercício pode mudar vidas, seja de um jovem ou idoso. As histórias de pessoas como Maria Aldinete contribuem para que cada vez mais outras sejam incentivadas.
 

 



 
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