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21/02/2022 às 14h08min - Atualizada em 18/02/2022 às 18h59min

Teatro Alberto Maranhão de Natal (RN) reabre após seis anos em obras de restauração

Artistas locais falam sobre o drama do fechamento do TAM e comemoram reinauguração

Robeson Dantas - Revisado por Flavia Sousa
Teatro Alberto Maranhão reinaugurado em 2021 e aberto ao público. (Foto: Reprodução/ Google).

Após seis anos de portas fechadas, o Teatro Alberto Maranhão (TAM) reabre ao público em dezembro de 2021 com espetáculo de reinauguração. A cultura potiguar passou por um drama com fechamento do Teatro devido a obras de restauração, já que o TAM faz parte da história e é um símbolo para cena cultural do Rio Grande do Norte. Artistas potiguares manifestam seu amor e alegria por ver o TAM novamente aberto e relatam suas experiências durante esse tempo com o prédio fechado.

Lidiane Soares (40), formada em Licenciatura em Dança pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), fala sobre sua relação com o Balé Clássico e com o TAM, e como essa relação a inseriu nos campos artístico e profissional.

"Comecei os estudos em ballet clássico aos 11 anos de idade no ano de 1993, na Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM). A EDTAM e o TAM são a extensão da minha vida e tenho respeito por essa casa que me formou e me inseriu no mercado artístico".



 


A professora lembra com detalhes de sua primeira apresentação no Teatro Alberto Maranhão, como figurino e coreografia, ela comenta sobre a sensação de subir ao palco e o prazer em executar cada movimento.

"Minha primeira apresentação (no TAM) teve como tema "O Reino encantado dos que sabem voar", o personagem da minha turma era ‘os corvos’. O figurino era bem simples, um collant preto, saia cinza com lantejoulas na barra, uma outra saia que usamos no pescoço que ficava como uma grande gola, na mesma cor da saia, meia e Sapatilha preta. Nessa coreografia fiz uma participação com um dos bailarinos solistas da época, o Clébio Oliveira (Bil). Em um determinado momento da coreografia eu corria em sua direção, e ele me levantava no alto de sua cabeça, eu ficava com as pernas bem esticadas e com os braços abertos, imitando um avião".



 


Ao ser questionada sobre o que o TAM representa em sua vida hoje, Lidiane revela que o Teatro é a casa dos artistas potiguares, e o compara com um templo sagrado da cena cultural do estado. A professora ainda explica como as apresentações ocorreram nesse período de obras para revitalização.

"A maioria das minhas apresentações foram realizadas lá, e tenho um enorme carinho pelo lugar. Ter esse lugar de volta é motivo de grande alegria pra todos. As apresentações aconteceram em outros espaços da cidade, no anfiteatro do Sesc na cidade alta (centro de Natal), no Teatro de Parnamirim (cidade vizinha). Durante o período crítico de pandemia, ficamos sem apresentações e agora é hora de voltar, e voltar pra casa é ainda melhor".



"Sou muito realizada com o que faço, tenho certeza que estou no lugar certo, tenho paixão por ensinar a dança e por plantar em cada aluno a semente do amor à arte. Sou grata à professora Solange Gameiro (em memória), por ter concedido a oportunidade de me descobrir como professora".




 


História do TAM

O Teatro Alberto Maranhão foi tombado pelo Patrimônio Artístico do Rio Grande do Norte. Inicialmente, chamado de Teatro Carlos Gomes, teve sua construção iniciada em 1898, seguindo a planta do engenheiro José de Berredo, durante o Governo Ferreira Chaves sob direção do major Theodósio Paiva. Sua inauguração só ocorreu em 24 de março de 1904, após a posse de Alberto Maranhão no Governo. As obras reiniciaram em 1900. Após inauguração até o ano 1910, o Teatro Carlos Gomes conservava a forma de chalé com 18,30 metros de largura, por 78,60 de extensão. Com a reeleição de Alberto Maranhão, o Teatro passou por nova reforma, ganhando um pavimento, portões e grades de ferro vindos da França, assim como os balcões e obras de arte na fachada.



 


Em 1957, sendo o Teatro da municipalidade, o então prefeito de Natal Djalma Maranhão mudou sua denominação para Teatro Alberto Maranhão (TAM). Em 1959, teve nova reforma e reabriu em 24 de março de 1960. A fundação José Augusto (FJA) assume do Governo a administração do TAM em 1988 e realiza nova reforma (conservando as linhas da arquitetura francesa) incluindo camarins, salão nobre, jardim, plateia e palco.

Hoje, o TAM ainda é administrado pela FJA e teve a última reforma iniciada em 2018, totalizando seis de seu fechamento para a reinauguração em 2021.


 

Nas redes sociais, vários artistas demonstram alegria com a reabertura do Teatro. Titina, atriz potiguar que já fez participações em novelas da Rede Globo, postou em seu perfil no Instagram fotos em frente ao TAM com legenda expressando gratidão.

"O Teatro Alberto Maranhão é a casa dos artistas do Rio Grande do Norte e não tem sentido essa casa fechada... Nós, artistas do RN estamos muito felizes. Todos nós merecemos essa lindeza em pleno funcionamento".


Confira o vídeo de reinauguração do Teatro Alberto Maranhão em 2021:

 

 


O TAM permanece com programação aberta e realização de espetáculos, sua restauração custou R$ 2,5 milhões viabilizados pelo acordo de empréstimo junto ao Banco Mundial. E pela primeira vez que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) fiscalizou as obras, para garantir a preservação da história do teatro.


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