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21/02/2022 às 18h09min - Atualizada em 18/02/2022 às 23h09min

Descontração, luxúria e delicadeza em “Breakfast at Tiffany´s”

A obra cinematográfica, tal qual o livro de Truman Capote publicado em 1958, traz reflexões acerca dos aspectos sociais e psicológicos.

Adriely Sousa - Editado por Larissa Bispo
https://www.oficinadepsicologia.com/a-bonequinha-de-luxo-tinha-a-perturbacao-de-personalidade-histrionica/#:~:text=Holly%20exemplifica%20o%20transtorno%20de,uma%20pe%C3%A7a%20de%20teatro%20constante.
(Reprodução/ Amazon.com)
O aclamadíssimo filme “Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany´s) é um clássico dos anos 60, com a atuação ilustre de Audrey Hepburn (Holly) e George Peppard. Na obra literária de Truman Capote lançada em 1958, na qual o filme foi baseado, relata-se a história da personagem principal, Holiday Golightly. Ela, por ser considerada caprichosa, delicada, engraçada, charmosa e cheia de mistérios, acaba se tornando a peça-chave da trama. Com isso, passados 61 anos desde o lançamento nos cinemas, a obra cinematográfica ainda preserva olhares de críticos e elogios de referência à produção. Dentro dessa perspectiva, o livro e filme abordam reflexões sobre os aspectos sociais e psicológicos. Além disso, por conta do sucesso que o filme obteve, Audrey Hepburn, até hoje, é um ícone cultural da moda, cinema e beleza mundial.  


Livro “Breakfast at Tiffany´s” de Truman Capote (1958)

O cenário se passa nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial, além de apresentar uma estética de luxúria através dos gostos, amizades, amantes e vestuário de Holly, a história se desenrola em Nova York, tornando o enredo mais instigante e, ao mesmo tempo, clichê. A odisseia da personagem principal no livro é narrada pelo seu vizinho e confidente, o qual Holly chama de Fred, pois lhe recorda seu irmão. Em nenhuma hipótese, o nome do vizinho é revelado durante o mesmo, porém, percebe-se sua admiração e cuidado com a mocinha de 19 anos — Holly, que fugiu do interior na intenção de se tornar uma atriz, e fica naquela indagação a qual lugar pertence. Em decorrência, Golightly remodela seu visual e também aspirações e perspectivas sobre relacionamentos. Nessa nova jornada, como Capote a intitula, ela é uma acompanhante de luxo de homens ricos e prestigiados, pois consegue atraí-los com seu charme e discurso. Nos seus momentos de melancolia, se refugia na famosa joalheria Tiffany, e lá, como a própria Holiday diz: consegue sentir uma aura de conforto e pertença. 

Uma das facetas mais exploradas durante a obra, é a maneira indiferente com que a personagem trata seus amantes, sentimentos e demais relações. E, de vez em quando, se utiliza de ações provocativas, quase que um comportamento sexual e sedutor, tal como abusa da indecisão. Nesse contexto, críticos e telespectadores, ao se depararem com atos intrusivos e de cunhos sedutores de Holly, supõem que a mesma tinha uma perturbação de personalidade histriônica. Assim, para exemplificar tal sugestão, é notório a vida louca e extravagante que a mesma levava na cidade grande e, ao mesmo tempo, vive convencendo a si mesma de estar apaixonada por homens que cruzam seu caminho, transformando sua vida em um espetáculo. Ademais, é evidente o desejo de Holiday em encontrar um milionário com quem possa se casar. 

Segundo o site “Oficina de Psicologia”, uma das características mais marcantes de uma pessoa que possui esse tipo de perturbação, está no fato de que o indivíduo, geralmente, trate sua vida e obrigações com teatralidade, drama, gosta de estar sempre no centro das atenções, é indiferente e constantemente, carente.
 


Tais características, de certo modo, acabam se encaixando com a personalidade de Holly, mas nem por isso ela deixa de ser uma mulher sensível, doce e interessante por aqueles que a admiram. Outra questão que Truman aborda com excelência, é o amor à liberdade. No livro, a mocinha se considera uma pessoa selvagem, livre! Nisso, abandona lugares sem deixar vestígios, não dá nome ao seu companheiro felino e nem sequer avisa às pessoas próximas sobre suas partidas repentinas, e o único argumento que utiliza é de que: “não pertence a ninguém, nem a lugar algum”. Contudo, é fascinante as diversas impressões que essa personagem lendária apresenta; Holly é uma incógnita — ela transpassa seus constantes estados e rotulações de humor. O livro, diferente do filme, não evidencia em essência o romantismo. Ainda assim, consegue cativar. Certamente, pode ser considerada uma leitura prazerosa e fluida, por conta da narrativa simples e linear.
Filme “Breakfast at Tiffany´s” (1961)
“Vou te dizer uma coisa, Fred, querido... eu casaria com você pelo seu dinheiro em um minuto.” (Holly Golightly)

“Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany´s), é uma adaptação cinematográfica do gênero comédia romântica da novela de Truman Capote, publicada em 1958. Através da protagonista Holly Golightly (Audrey Hepburn) e direção de Blake Edwards, o livro se tornou bastante afamado no mundo.

Holly Golightly é uma jovem que não encontra seu lugar no mundo, está sempre transitando em busca de boas companhias e grandes festas. A personagem é apresentada com uma personalidade frágil e confusa que busca nada mais além de sua própria felicidade, que, segundo ela, é um estado de satisfação semelhante à sensação encontrada ao observar as vitrines da Tiffany & Co. pela manhã. Além disso, é uma acompanhante de luxo bagunceira, divertida e extremamente elegante. Apesar de ter tido oportunidades como atriz de Hollywood, a srta. Golightly abandona os testes de gravação justificando que jamais conseguiria seguir tal carreira, e passa a viver em Nova York sustentada por amigos do sexo oposto que facilmente apaixonam-se por ela, também recebe ajuda de Sally Tomato, um mafioso que vive na prisão e que semanalmente lhe passa códigos em formato de previsão do tempo para que Holly repasse a seus comparsas que estão fora da prisão.

Enquanto no livro o vizinho é apenas um amigo de Holly, no filme, o personagem Paul Varjak/Fred (George Peppard) é apaixonado por Holly e também leva uma vida um pouco conturbada, pois se relaciona com uma mulher casada em troca de alguns favores. Paul enxerga Holly além da boneca que a maioria dos homens aprecia, porque sente a necessidade de protegê-la e ser mais que um amigo. Contudo, Holly ainda é indiferente e confusa em relação aos seus sentimentos pelo escritor. Além disso, seguindo um pouco a narrativa do livro, a personagem foge do interior, deixando para trás um casamento aos 14 anos e vai em busca de uma vida hollywoodiana, compartilhando sua história e perrengues. Na época, o filme teve resultados positivos e ganhou dois Oscars: melhor trilha sonora e melhor canção por Moon River, que foi selecionada como a quarta música mais memorável de Hollywood pelo American Film Institute, em 2004. Além disso, Audrey Hepburn foi  indicada como melhor atriz. 
Quase meio século depois, a Revista Time pontua sobre a atuação de Audrey Hepburn, e algumas das características influentes que a atriz levou consigo em trabalhos posteriores à Breakfast at Tiffany´s: 
 

“Breakfast at Tiffany's colocou Hepburn em seu curso de Hollywood dos anos 60. Holly Golightly, uma garota sulista de cidade pequena que virou manaca de Manhattan, era a prima americana impertinente de Eliza Doolittle, a garota-flor da Cockney que virou My Fair Lady. Holly também foi o protótipo das mulheres de Hepburn em CharadeParis When It Sizzles, e How to Steal a Million. E ela preparou audiências para as ansiedades do nível do solo que os personagens de Hepburn sofreram em The Children's HourTwo for the Road e Wait Until Dark.”


Diante disso, é inegável o legado que a obra cinematográfica perpetuou. Audrey, além de ser esse ícone do cinema, passou a influenciar na moda e estética feminina internacional. Em 2012, o filme foi considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo" pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionado para preservação no National Film Registry



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