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23/02/2022 às 09h53min - Atualizada em 21/02/2022 às 12h02min

Projeto que prevê reparação histórica às mulheres condenadas por bruxaria é aprovado na Catalunha

“Antes, falávamos de caça às bruxas e agora falamos de feminicídios”, relata Jenn Díaz, parlamentar do Partido Republicano de Esquerda da Catalunha, sobre a importância de rever esses aspectos misóginos, principalmente, nos sistemas judiciários

Lívia Nogueira - Revisado por Isabelle Andrade
Representação da Inquisição, movimento da igreja católica de caça às bruxas (Foto: Divulgação/Reprodução Fatos Desconhecidos)

Atualmente, apesar de amplo conhecimento, é um fato que a liberdade de crença e culto são previstas como direito humano fundamental, séculos atrás algumas práticas eram consideradas motivos para prisão e até mesmo morte. A comunidade espanhola, Catalunha, foi palco de algumas dessas condenações e agora, cerca de três séculos depois, a memória dessas mulheres está sendo promovida e o que era considerado crime e pecado, sendo perdoado pelo Parlamento do território.

Mais de 700 mulheres que foram acusadas, perseguidas e assassinadas entre os séculos XV e XVIII foram lembradas no desenvolvimento do projeto instaurado pelo Partido Republicano de Esquerda da Catalunha (ERC), que está à frente da governança da região. A proposta foi aprovada por absoluta maioria dos votos na tribuna da câmara regional, contando com a oposição apenas de representantes de lideranças de direita e de extrema-direita.

O projeto prevê a reparação histórica pelas centenas - ou até milhares, já que a pesquisa terá continuidade - de mortes por feminicídios sofridas por essas mulheres. Esses assassinatos eram motivados precipuamente, pela interpretação religiosa e tradicionalista de que a fragilidade e a solitude apresentadas por elas eram aberturas para a dominação de forças sobrenaturais. Além disso, as “bruxas” eram culpabilizadas, muitas vezes por eventos naturais negativos, como mortes súbitas de crianças e colheitas agrícolas ruins.

Segundo estudos de Pau Castell, desde 1471, eram exercidos atos de censura e ocisão a essas praticantes de bruxaria. Desse modo, compreende-se o caráter arcaico dos julgamentos. Comparando a resistência dessas mulheres aos comportamentos adotados pela feministas dos períodos atuais, os precursores do projeto pretendem estabelecer a transformação social de gênero, para além da defesa dessa mudança para as gerações futuras. 


A pesquisa foi baseada na campanha da revista Sàpiens, “Não eram bruxas, eram mulheres”, que aponta alguns desses nomes por região. Assim, a ideia é concretizar o perdão legal a cada uma das pessoas mapeadas por essas práticas consideradas criminosas anteriormente e posteriormente, ampliar o conhecimento e o respeito a essas “bruxas” por meio de exposições e registros acadêmicos, como também, as memórias dessas mulheres seriam homenageadas por meio da eternização desses nomes nas ruas das cidades da Catalunha.


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