Candomblé: herança da cultura negra africana

"Um ritual de candomblé envolve muitos elementos. Há objetos sagrados, vestes, adornos, oferendas, danças e cânticos, que dizem respeito a cada um dos 16 orixás principais", comenta a Ialorixá Francimary Alexandre Dorand, em entrevista ao Lab

Ialorixá Francimary Alexandre Dorand. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

A cultura africana trazida para o Brasil através do comercio de escravos em 1500, está presente até hoje, em todo território brasileiro e se manifesta na religião, culinária, dança, música, arte, idioma, música e vestimentas. Em alguns estados como, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul tem destaque maior por terem recebidos uma quantidade maior de pessoas escravizadas.

Ao chegarem no Brasil, os negros escravizados eram brigados a se converter ao catolicismo e proibidos de praticar suas crenças. Assim, a religiosidade afro-brasileira surgiu de associações de santos católicos com seus orixás, de forma secreta nos terreiros das fazendas nas quais serviam.

Apesar da imposição do cristianismo, das perseguições e do preconceito religioso, destacou-se o Candomblé, religião baseada no culto aos orixás e a Umbanda, religião que mistura elementos africanos, do catolicismo e do espiritismo, ambas presente em todo território brasileiro. Essas e todas as outras religiões afro-brasileira, surgiram no Brasil, a partir da necessidade em sepultar seus mortos, por exemplo, de encontrar conforto diante de todas as situações das quais passavam e manter-se fiel as suas tradições. 

Com foco na religiosidade afro-brasileira em especial o candomblé, para responder dúvidas sobre a religião, convidamos a Ialorixá Francimary Alexandre Dorand, 48 anos, - do templo espirita José dos anjos e Mestra Luziara na cidade de Campina Grande – PB, para uma entrevista sobre os costumes e crenças. Praticante da religião desde os doze anos, quando seu pai a levou pela primeira vez em culto, após uma consulta médica, na qual, o mesmo informou que seu problema de saúde seria devido às influências espirituais.
 

 

Terreiro.

(Foto: Reprodução/Pragmatismo político)

Sobre os rituais existentes no candomblé, como são realizados?
Um ritual de candomblé envolve muitos elementos. Há objetos sagrados, vestes, adornos, oferendas, danças e cânticos, que dizem respeito a cada um dos 16 orixás principais e  são realizados em templos chamados casas, roças ou terreiros sempre com caracterizados por danças em adoração ao orixá, que encarnam no filho ou filha de santo. Por exemplo, o ritmo dos tambores que acompanham o culto assim como as comidas são específicos de cada orixá e é a forma de adorarmos ao sagrado. Nossas vestimentas e paramentas são tão sagradas como a nossa fé. Usamos a na cor branca em sinal de respeito à importância hierárquica de oxalá e para pedir paz e agradecer as bênçãos da semana além de representar a pureza e resguardar os filhos dos Orixás de coisas ruins. Além disso, o candomblé está ligado diretamente com a natureza, pois os orixás e os espíritos habitam nas florestas, cachoeiras, pedreiras, lagos, pântanos, rios, fontes, praias, mares e tantos outros lugares.
 
No candomblé, existe batismo?
Sim, existe. Assim como uma hierarquia a ser seguida. Por exemplo, primeiro vem os Ialorixá e babalorixá (conhecidos como Mãe e Pai de santo) em seguida – Ogã / Ekedi, Mãe/Pai Pequeno, Chefes de Gira, Médiuns Feitos a mais de sete anos, Médiuns Feitos a menos de sete anos e por último os Médiuns em desenvolvimento.
 
O que significa ser uma Ialorixá?
As Ialorixás são conhecidas como mães de santo. Elas são consideradas eruditas e senhoras guardiãs dos saberes tradicionais de matrizes africanas, baseados nos valores civilizatórios da cultura afro-brasileira.

Para finalizarmos, defina o candomblé em uma palavra:
Fé.