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21/02/2022 às 20h05min - Atualizada em 21/02/2022 às 19h53min

Bélgica deve receber exposição que retrata o assédio sofrido por mulheres diariamente

A obra ainda não está liberada para o público, mas um hangar em Bruxelas já possui uma prévia do que podemos esperar do projeto

Vítor Neves - editado por David Cardoso
Instalação “Poesia Masculina”, em Bruxelas (Foto: Reprodução/Elas que Lucrem)

Na Bélgica, uma equipe de artistas pretendem mostrar aos homens, como é ser mulher nos tempos atuais, estando sujeita aos mais diversos tipos de assédios nas ruas. Intitulada de “poesia masculina”, o projeto imerge os visitantes em uma espécie de túnel escuro, cheio de hologramas maliciosos.

Os responsáveis pela criação do projeto são os artistas Frederic Durieu, Gilles de Boncourt e Nathalie Erin. Segundo o casal Frederic e Nathalie, a obra foi baseada em experiência que sua filha teve na França, enquanto crescia e andava pelas ruas do país. “Fizemos esse projeto para os homens, e percebemos que ele tinha um impacto imenso nas mulheres também.”

A obra ainda não está totalmente finalizada para visitação, mas os criadores já deixaram o público com um gostinho de quero mais, ao instalarem uma amostra num hangar em Bruxelas. Essa “primeira parte” da exposição atraiu além de pessoas comuns, parlamentares, ativistas e grupos de pessoas que trabalham com vítimas de assédio.

Trailer de Poésie Masculine. (Reprodução: Frédéric Durieu - Vimeo Br)

Louise Van Brade, é uma assistente social do país e diz que a visita a obra “foi infernal, mas também não houve surpresas. É do jeito que estamos acostumadas”. As paredes do local são ativadas por uma espécie de sensor, e a cada avanço dos visitantes, as cenas vão ficando cada vez mais agonizantes.


As paredes do túnel são repletas de imagens mostrando atitudes de alguns homens, ao verem uma mulher, muitas vezes sozinhas, andando pelas ruas. Jonathan Vard, também funcionário da área social no país, visitou o projeto e, segundo ele, traz a sensação de viver aquilo por meses e semanas. “Eu sinto que acabei de viver uma semana, ou meses de assédios nas ruas na pele de uma mulher que está constantemente sendo observada.”

Ao final da exposição, os visitantes são surpreendidos com uma voz feminina dizendo “eu sou sua mãe, sua irmã, sua namorada”. De primeiro momento, a obra teria sido feita para a conscientização dos homens sobre suas atitudes na sociedade, mas ela acabou indo além. Apenas com a amostra da obra inteira, muitas mulheres foram visitar o projeto e após a saída, se sentiram à vontade de conversar com seus familiares e parceiros, sobre suas experiências passadas sobre o tema, pela primeira vez.


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