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04/03/2022 às 00h23min - Atualizada em 23/02/2022 às 15h28min

Escritores do Brasil | Jorge Amado

Jorge, o mais nobre e amado

William Haxel - Revisado por Isabelle Andrade
Jorge Amado. ( Foto / Reprodução : Templo Cultural Delfos)
Jorge Amado (Foto/Reprodução: Toda Matéria)
Jorge Leal Amado de Faria nasceu em 10 de agosto de 1919 em Itabuna-BA, é um dos maiores escritores brasileiros. Seus livros foram traduzidos em 80 países, em 49 idiomas, bem como em braille e em fitas gravadas para cegos. Os mesmos foram utilizados como inspirações e adaptações cinematográficas, teatrais e televisivas, entre suas escrituras, as com demais destaques são "Jubiabá", "Capitães de areia", "Gabriela, cravo e canela", "Dona Flor e seus dois maridos" e "Tenda dos Milagres", respectivamente.

Já adolescente, aos 14 anos, começou efetivamente a participar da vida literária, em Salvador. Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, em veículos como Diário da Bahia, O Imparcial e O Jornal. Na década de 1930 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou direito, travou contato com artistas e intelectuais de esquerda. Tornou-se um jornalista, e envolveu-se com a política ideológica comunista, como muitos de sua geração. Em 1946 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Bras
ileiro (PCB) em São Paulo, o que lhe rendeu fortes pressões políticas.

As suas obras é uma das mais significativas da moderna ficção brasileira, sendo voltada essencialmente as raízes regionais e nacionais. São temas constantes, nela os problemas, injustiças sociais, o folclore, a política, as crenças, as tradições e a sensualidade do povo brasileiro. Sendo os mais referências e citados: 

Jubiabá (1935) 

Jorge Amado chegou às gráficas aos 19 anos, em 1931, com o romance “País do carnaval”. Mas quatro anos e dois romances depois, escreve sobre o garoto Antônio Balduíno, o Baldo, em “Jubiabá”. Desde criança Baldo deseja que a sua história seja contada em um ABC, uma composição popular em louvor de heróis e santos. A história é desencadeada quando a guarda de Baldo é entregue ao comendador Pereira após a morte de sua tia de criação. O romance caminha pela Bahia desde Salvador até o Recôncavo a partir das empreitadas de Baldo como boxeador, sambista, agricultor e líder de greve geral, cujo ABC é de um homem negro que lutou pela liberdade do próprio povo.


 
Capitães de areia (1937)
 
Em “Capitães de areia”, Amado narra a história de um grupo de meninos pobres liderados por Pedro Bala com idade entre 9 e 16 anos, entre um fiel, um letrado, um aprendiz de cafetão e um sedutor, que vivem de golpes e pequenos furtos em Salvador. Em meio a perseguições das autoridades locais, mas também a ajuda dos misericordiosos, os capitães de areia crescem e seguem rumos distintos. O romance é tratado como um dos referenciais da influência comunista no então militante. O escritor, inclusive, viria a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), pelo qual seria eleito deputado federal em 1946. A obra foi escrita em meio à instituição do Estado Novo pelo presidente Getúlio Vargas.
 
Gabriela, cravo e canela (1958)

Alguns críticos literários filiam os romances “Jubiabá” e “Capitães de areia” a uma primeira fase da bibliografia de Jorge Amado, dita de mais cunho social. A segunda aprofundaria um apego maior de Amado a características do regionalismo, onde estaria, por exemplo, “Gabriela, cravo e canela”. O romance registra a história da mulher “que tem a cor da canela e o cheiro do cravo” recém-chegada a Ilhéus, onde subjugaria o árabe Nacib e tantos outros. A obra é um retorno do autor ao ciclo do cacau. Amado já havia lançado há 25 anos o título “Cacau”. Foi a primeira obra do escritor após deixar o PCB.

 

Dona Flor e seus dois maridos (1966)

Assim como “Gabriela, cravo e canela”, “Dona Flor e seus dois maridos” é tratada como magnum opus de Jorge Amado. O romance é protagonizado por Florípedes Guimarães, a Dona Flor. Viúva do vagabundo Vadinho, ela divide a vida com Teodoro Madureira e o fantasma do próprio marido. A obra ainda narra participações ilustres de personagens reais, como Dorival Caymmi, Pierre Verger, Mestre Didi, Sílvio Caldas e Carybé. Jorge Amado fora eleito poucos anos antes de escrever “Dona Flor e seus dois maridos” para a Academia Brasileira de Letras.


 
Tenda dos Milagres (1969)

“Tenda dos Milagres” retoma características do protagonista de “Jubiabá”, Antônio Balduíno, para dar vida a Pedro Archanjo, também um líder negro de origem pobre. O romance é contextualizado durante a chegada do americano Prêmio Nobel James Levenson a Salvador em 1968 em busca de quatro livros que documentam a formação do povo baiano – curiosamente, 29 anos depois, o amigo José Saramago viria a ganhar o Nobel de Literatura. A Tenda dos Milagres, no Pelourinho, era especificamente o lugar não só onde amigos trabalhavam, mas também sediava o candomblé e a capoeira de Angola. O título é o predileto de Jorge Amado.

 
 
Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 6 de abril de 1961, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar, e teve aproximadamente ao todo 50 livros publicados. Com a saúde debilitada havia alguns anos, faleceu no dia 6 de agosto de 2001 - 4 dias antes do seu aniversário - devido a uma parada cardiorrespiratória.

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