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24/02/2022 às 18h50min - Atualizada em 24/02/2022 às 12h21min

Desastre em Petrópolis: como o ocorrido afetou o turismo local?

Tragédia danificou os principais pontos turísticos da Cidade Imperial

Gabriella Lourenço - Editado por Mayra Cardozo
Petrópolis (Reprodução: Prefeitura de Petrópolis)
Petrópolis, a Cidade Imperial, é uma das cidades mais visitadas do Rio de Janeiro por turistas do mundo inteiro e é reconhecida por seus pontos turísticos, que fazem parte do Patrimônio Histórico Nacional. Em 2020, a cidade foi listada no ranking do Prêmio Traveller's Choice, estando entre os 25 destinos mais promissores para 2021 do mundo, ficando na frente de cidades na Bélgica, em Portugal e na Índia, entre outras.

Segundo dados divulgados pela Turispetro, Secretária Municipal de Turismo de Petrópolis, a cidade recebeu, no ano passado, na época do Natal Imperial, mais de 300 mil turistas. O setor hoteleiro da região registrou 85% de ocupação nos meios de hospedagem nessa temporada.

Contudo, no úlltimo dia 15, fortes chuvas atingiram a região serrana, provocando enchentes e mais de 200 deslizamentos de terra. A tragédia deixou milhares de indivíduos desabrigados, ocasionou a morte de 197 pessoas até o momento e casou danos nos principais pontos turísticos da cidade, invadindo e destruindo milhares de casarões históricos da região. As tempestades causam transtornos na região serrana 
pelo menos uma vez ao ano, sendo consequência de fatores como clima, ocupação, topografia e hidrografia e fazendo com que Petrópolis seja a cidade a ter mais tragédias naturais do país. 

A partir da era do Império, as enchentes começaram a preocupar os cidadãos da região serrana. Os primeiros planos urbanísticos de Petrópolis, idealizados pelo engenheiro Júlio Frederico Keller, engenheiro de confiança de D. Pedro II, foram de ruas que beneficiavam o escoamento da água. Sendo assim, Petrópolis foi a primeira cidade do Brasil a ter casas viradas de frente para os rios, refletindo na segurança dos habitantes nos alagamentos e enchentes frequentes.

Como explicado pelo estudante de jornalismo Victor Hugo Serra Lopes, que possui uma residência no local, Petrópolis é uma região em que chove muito, principalmente no período do verão.  Além disto, o estudante expõe que ficou assustado quando começou a ver as imagens divulgadas do desastre na região serrana.

 
''De primeiro momento, quando eu comecei a ver as imagens de Petrópolis, eu fiquei assustado, mas não tinha dimensão do que estava acontecendo. Eu estava no Rio. Petrópolis é uma cidade que chove muito, então quem mora ou tem costume de ir para lá, está acostumado com os transtornos que a chuva causa na cidade. Depois eu fui tomando ciência do que realmente tinha acontecido. A chuva caiu muito forte no Centro, mas eu não sabia da situação do meu bairro. Como Correas é mais baixo, eu já sabia que toda aquela água que estava caindo no Centro em algum momento chegaria lá. No dia seguinte, com a cobertura das TVs, logo que acordei me deparei com a cidade devastada. Quase uma cidade fantasma. O meu bairro não foi tão atingido assim, mas a dor era a mesma, porque o grande coração da cidade fica no Centro Histórico. Você ver aqueles casarões centenários debaixo d’água é triste demais.'', argumenta o estudante.                                                                                            
 
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), Petrópolis tem cerca de 1.000 imóveis tombados e outros 10.000 em áreas de entorno não tombadas, entretanto, necessitam de autorização de órgãos para eventuais intervenções. Com a tempestade, o centro histórico da região serrana fluminense, que abriga a maioria dos pontos turísticos da cidade, ficou totalmente afetado pelo lamaçal formado pela chuva e com estragos.
 
Do ponto de vista histórico, diversos pontos turísticos acabaram destruídos e com danos, como a Casa da Princesa Isabel, o Palácio Rio Negro, a Rua Teresa e outros locais. O Iphan afirmou que as vistorias feitas nos lugares não foram conclusivas devido as adversidades de locomoção e lama. Além disso, o Instituto afirmou, por meio de uma nota, que informações precisas só serão divulgadas nos próximos dias.

Dessa forma, confira agora os pontos turísticos mais afetados pela forte chuva do dia 15:

1. Casa da Princesa Isabel 


A casa da Princesa Isabel, às margens do Rio Quitandinha, foi comprada pela princesa e pelo Conde D'Eu em 1876 do Barão do Pilar, membro da primeira diretoria do Banco do Brasil. Nas escadas da varanda do ponto turístico foi feita uma das últimas fotografias da família Imperial no Brasil e de D.Pedro II, dias antes da Proclamação da República. Todavia, no dia 15 desse mês parte do muro da antiga casa foi destruída ao longo da tempestade e um carro invadiu o jardim da casa. Danos internos no local também foram notificados pelos herdeiros da antiga família Imperial.

 

2. Palácio Rio Negro
 
O Palácio Rio Negro foi morada do Barão do Rio Negro, residência de verão de presidentes da república, Brigada da Alfantaria e sede do governo fluminense. Já se hospedaram no local chefes de Estado de vários períodos históricos do Brasil - podem ser citados como exemplos Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. No museu Palácio Rio Negroo piso do térreo foi inundado por causa do transbordamento de um rio nas proximidades e deslizamentos atingiram parte do terreno, no entanto não chegaram até a edificação principal.
 
 

3. Os jardins do Palácio Cristal 

Encomendado pelo Conde D'Eu, o Palácio Cristal foi construído em 1884, com estrutura pré-moldada na França. O Palácio Cristal foi planejado com o objetivo de ser um expositor de produtos agrícolas. Atualmente, o local sedia várias festas, entre elas a tradicional Bauernfest. Os jardins do Palácio acabaram sendo inundados pela forte chuva que atingiu a região serrana fluminense no dia 15.

 

4. Jardins da Praça da Águia

Idealizada em 1899 pelo artista Heitor Levy, a Praça de Visconde de Mauá, mais conhecida como a Praça da Águia, possui um chafariz que representa a luta entre dois animais: a cobra e águia. Hoje em dia, além de ser um ponto turístico, no local ocorrem eventos, atrações de Natal e shows. Os jardins da Praça da Águia sofreram a mesma situação dos jardins do Palácio Cristal, ficando completamente inundados.

 

5. Theatro Dom Pedro

O Theatro Dom Pedro funciona desde 1933, sendo o mais antigo de Petrópolis e o terceiro maior da cidade. Ele chama a atenção dos turistas pela sua fachada art-déco, misturando os estilos geométrico, futurista e mitológico. O teatro mantém uma exposição permanente, conhecida como Arte, Vida e Espetáculo. Os turistas também podem ver filmes sobre a trajetória do espaço, shows e peças. O local sofreu alguns pontos de alagamentos, assim como o Centro Cultural Estação Nogueira, no dia 15.

 

Referências: 

COELHO, Henrique. Veja como ficaram pontos turísticos de Petrópolis após o temporal; FOTOS. G1. com.br,  2022.  Disponível em: https://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2022/02/16/veja-como-ficaram-pontos-turisticos-de-petropolis-apos-o-temporal-fotos.ghtml. Acesso em: 19 de fev. 2022. 

SALLES, Stéfano. Refúgio da família real, capital e destino turístico: a Petrópolis arrasada pelas chuvas. CNN Brasil.com, 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/refugio-da-familia-real-capital-e-destino-turistico-petropolis-arrasada-pelas-chuvas/. Acesso em: 19 de fev. 2022.
RODRIGUES, Leo. Atração turística de Petrópolis, Museu Imperial sofreu poucos danos. Agência Brasil, 2022. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-02/atracao-turistica-de-petropolis-museu-imperial-sofreu-poucos-danos. Acesso em: 19 de fev. 2022. 
 
CRUZ, Felipe Branco. Petrópolis: Iphan ainda não sabe a dimensão do estrago no centro histórico. Veja Abril, 2022. Disponível em: https://veja.abril.com.br/cultura/petropolis-iphan-ainda-nao-sabe-a-dimensao-do-estrago-no-centro-historico/. Veja abril. Acesso em: 19 de fev. 2022.

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