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25/02/2022 às 11h45min - Atualizada em 25/02/2022 às 10h12min

TOP 4 | Igrejas para conhecer no Centro Histórico de Cuiabá

Construídas praticamente junto da fundação da capital, as Igrejas são história viva e materializada da origem cuiabana

Mariana da Silva - Revisado por Jéssica Meira
Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Foto: Mariana da Silva)

É comum passar pelas principais vias do centro histórico de Cuiabá e se deparar com construções coloniais que se destacam em meio a paisagem urbana. Em contraste com os prédios mais novos e comércios, essas edificações mantêm viva a memória do passado e da história da capital mato-grossense.

 

Dentre estas construções, as Igrejas católicas chamam a atenção de quem passa, devido à localização privilegiada e pelo estilo marcante da época em que foram feitas. Parte delas passou por reformas estruturais relativamente recentes para permanecerem conservadas contra a ação do tempo, no entanto continuam sendo referência histórica dentre os monumentos da colonização.

 

Além da forte religiosidade e fé tradicional cuiabana, estes templos se tornaram verdadeiros museus a céu aberto, onde a população e também turistas e visitantes tem fácil acesso para conhecer as origens da capital.

 

Para se ter noção da idade destas edificações, pode-se equipara-las à fundação da cidade. Como é o caso da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, que completou 300 anos de construção em fevereiro de 2022. Considerando que a capital possui 302 anos de fundação, ela é tão antiga quanto.

 

Além dela, outras Igrejas também marcam presença no cenário urbano de Cuiabá por estarem situadas na mesma região central. É possível enxergar do alto do morro da Igreja do Rosário as demais, bastando apenas olhar em volta de sua localização.
 


 

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
 

Construída por volta de 1730 em uma colina, a Igreja é símbolo material da colonização cuiabana, pois próximo a ela, às margens do córrego da Prainha, foi descoberta a maior mina de ouro da região por indígenas e Miguel Sutil, fato este que atraiu grande fluxo de imigrantes para a localidade.

 

De fachada simples com cor predominante branca e detalhes marrons, típica da arquitetura colonial, seu interior abriga um grande altar coberto de adornos dourados e coloridos em estilo barroco-rococó com imagens dos santos. Conhecida pela grande "Festa de São Benedito", uma das maiores e mais longas do Estado de Mato Grosso, realizada anualmente em honra a este que é um dos santos o qual os cuiabanos são muito devotos.

 

A estrutura da igreja já passou por diversas reformas ao longo dos anos, tendo inclusive sua fachada alterada para o estilo neogótico. No entanto, foi alterada novamente para manter o estilo colonial tal qual a época em que foi construída.

 

A Igreja foi tombada em 1975 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e em 1987 pela Fundação Cultural de Mato Grosso, que também inclui os imóveis no seu entorno. Já em 1993, a Igreja e seus aredores foram incluídos no perímetro tombado do Centro Histórico de Cuiabá.

 

É considerada a Igreja mais antiga de Cuiabá, pois somente ela sobreviveu a demolição, ao contrário da Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho e da Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus, que foram não só reformadas, mas reconstruídas ao longo dos anos.

 

Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus
 

Quem vê a Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus hoje, não imagina que a imponente edificação foi inicialmente uma capela de pau a pique construída de taipa de pilão e coberta com folhas de palha, por volta de 1722.

 

Ela recebe este nome devido ao fato de que famílias vindas de Sorocaba trouxeram consigo a imagem de Bom Jesus. A imagem do santo foi “sequestrada” diversas vezes, levando o povo a realizar novenas com promessas para que fosse recuperada. Uma delas foi de que se encontrado o santo, a igreja seria condizente com a grandiosidade divina. Encontrado em uma região de Mato Grosso do Sul, o santo padroeiro da cidade foi escoltado por uma guarnição que subiu rio acima e foram recebidos com grande festa pelos fiéis. Posteriormente, em 1771, ocorreu a construção de uma torre e a fachada em estilo colonial que a tornou semelhante à da Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

 

Por volta de 1960, um pensamento moderno na época e o temor de uma possível queda da estrutura, fez com que a decisão de demolir a igreja e construir outra em seu lugar fosse concretizada. Em 1968, a construção veio abaixo após várias cargas de dinamite e no lugar da antiga Igreja foi construída a Catedral em concreto. Reinaugurada em maio de 1973, a Catedral possui arquitetura moderna, duas grandes torres com relógios e um mosaico gigantesco de Cristo Rei com 20 metros de altura atrás do altar.

 

Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho
 

Localizada no alto do Morro do Seminário e com arquitetura inspirada na Catedral de Notre Dame de Lourdes, em Paris, a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho é um dos cartões postais de Cuiabá. Começou a ser construída em 1956 e levou mais de 20 anos para ser concluída. No entanto, o estilo neogótico europeu é mais recente, datando de 1918, tendo em sua constituição inclusive, vitrais coloridos vindos da Bélgica e outros materiais vindos de fora do Brasil.

 

A Igreja, que foi uma das primeiras a ser construída na capital no século XVIII, já passou por duas reformas significativas: a primeira foi em 2004, onde o projeto custou cerca de R$ 715 mil e foi realizado em parceria público-privada. A segunda, em 2014, teve como objetivo a troca dos vitrais danificados, rachaduras externas e a troca das telhas. O estado contribuiu com R$ 200 mil e o restante saiu dos cofres da Mitra Arquidiocesana.

 

Igreja Nosso Senhor dos Passos
 

Com a fachada de costas para a Avenida Tenente Coronel Duarte, a Prainha, a Igreja Nosso Senhor dos Passos teve sua fundação em 1792, que ocorreu de forma muito inusitada! Existe uma crença popular de que um devoto chamado Manuel Homem, teria sido enterrado vivo após ter uma doença em que os sinais vitais desaparecem e a pessoa é dada como morta. Ao acordar, Manuel teria feito uma promessa de que se conseguisse sair do caixão iria construir uma Igreja. Não existem documentos que provem esta versão, mas tem sido contada ao longo dos anos como uma lenda.

 

Com estrutura tipicamente colonial, calcula-se que a Igreja tenha pelo menos 250 anos. Além disso, a igreja está de costas para a Prainha, pois na época em que foi construída ainda não existia aquela via. Em 1898 a Igreja foi reformada pela primeira vez e ampliada pelo Bispo Dom Carlos Luís D’amour, mantendo as mesmas características originais. O templo leva o nome de Nosso Senhor dos Passos devido a uma imagem de Cristo carregando a cruz no interior da igreja, que foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio histórico.

 

A Igreja guarda histórias que permeiam o imaginário coletivo cuiabano, assim como a história de Manuel, também a de Totó Onça, homem que foi sineiro da igreja por 30 anos, e que seria o “Corcunda de Notre Dame cuiabano”. Em 1952 a igreja teve de ser reformada devido a um incêndio próximo do local que afetou os arredores, além disso, uma chacina de crianças já ocorreu naquela localidade. Independente dos acontecimentos relacionados, a Igreja continua sendo um simbolo de fé e cultura cuiabana que permanece viva atravessando os séculos.


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