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28/02/2022 às 17h27min - Atualizada em 28/02/2022 às 16h45min

Grey’s Anatomy e a representação da maternidade

Desde a primeira temporada, a série aborda os desafios e as diferentes relações entre mães e filhos.

Giuliane Fagundes - Revisado por Isabelle Andrade
Meredith Grey e Ellis Grey em cena de Grey’s Anatomy (Foto: Reprodução/ABC)

O seriado americano Grey’s Anatomy, lançado em 2004, retrata o cotidiano da equipe médica de um dos hospitais mais importantes de Seattle, nos Estados Unidos. Em seus dezoito anos, mesmo com temporadas extensas, a série ainda é um sucesso na televisão e principalmente em aplicativos de streaming, como Prime Video e Globoplay. 

 

A receita para o êxito está na história de seus personagens, já que, desde a primeira temporada, Grey’s vai além da medicina e aborda temas relevantes como machismo, racismo, xenofobia, homofobia, entretanto, um tema não tão explícito rodeia a série desde o início: a maternidade e suas diferentes relações. 

O perdão a Ellis Grey

 

A protagonista Meredith Grey (Ellen Pompeo), desde a infância, teve de enfrentar a relação conturbada com a mãe e renomada cirurgiã, Ellis Grey (Kate Burton). Após a faculdade de medicina, Meredith é contratada pelo mesmo hospital em que Ellis trabalhou durante anos e encara o passado e presente, enquanto esconde a realidade da mãe, agora, em uma clínica, diagnosticada com Alzheimer. 

 

Meredith lidou com as ausências da mãe, o divórcio conturbado dos pais e uma Ellis controladora, que na opinião da filha, apenas pensava em trabalho e deixava as relações de lado. Agora, adulta, ela tenta escapar das comparações e o peso em ser filha de uma premiada e famosa cirurgiã, que dizia ter lhe criado para ser extraordinária. 

 

Ao longo de toda a série, Meredith, diversas vezes, se vê nas mesmas situações que a mãe, seja na medicina ou em suas relações pessoais. A revolta e a falta de entendimento nas ações do passado da mãe desaparecem aos poucos, conforme ela compreende suas motivações. Após a descoberta de seu diário, Meredith compreende que Ellis queria ser a melhor em sua profissão e obteve êxito, mas para isso, teve de sacrificar sua vida pessoal, sofrendo por um amor não correspondido, endurecendo a si mesma e o seu coração. 

 

Meredith, com o tempo e a maturidade, perdoa a mãe, levando lições consigo, tornando-se a melhor cirurgiã que pode ser, sem deixar suas relações de lado. 



 

Filhos e trabalho

 

Conciliar a maternidade com o trabalho, principalmente com a rotina de um cirurgião, é um dos principais temas abordados em Grey’s Anatomy. Personagens como Miranda Bailey (Chandra Wilson) e Meredith estão constantemente dividindo-se entre os deveres da profissão e os filhos. 


Na quarta temporada, Miranda Bailey está cada vez mais focada em sua residência, enquanto o marido, Tucker (Cress Williams), cuida do filho. As desavenças do casal, após um grave acidente acontecer, faz com que seu marido lhe dê um ultimato para decidir entre o trabalho ou o casamento, mas Bailey acaba desistindo do casamento. Grey’s mostra que está errada a imposição na sociedade, que ser mãe é se abster do trabalho e que mesmo com as dificuldades, há como conciliar as duas relações.



Após a morte de Derek Shepherd (Patrick Dempsey), Meredith é obrigada a encarar uma nova vida sem o marido, cuidando dos três filhos, sozinha. Com a rotina agitada do hospital e as demandas em ser mãe solteira, apesar dos esforços, ela não consegue, diversas vezes, balancear as duas situações, necessitando de ajuda de outras pessoas. 

 

Meredith mostra que não há como ser uma mãe completamente perfeita, mães erram e é comum não conseguirem balancear a vida pessoal e profissional. Apesar do passado doloroso com a mãe e a forma como foi educada, Meredith é determinada a ser o oposto de Ellis, na tentativa de ser a melhor mãe para seus filhos. 

 


A imposição da maternidade

 

Grey’s Anatomy não aborda apenas a relação entre filhos e mães, mas também, sobre a ausência do desejo em se tornar mãe. 

 

Ao casar-se com o ex-militar Owen Hunt (Kevin Mckidd), a cirurgiã Cristina Yang (Sandra Oh) é constantemente confrontada pelo marido, justamente por priorizar sua carreira profissional. Cristina não quer ter filhos e o sonho de Owen, é se tornar pai, portanto, o conflito entre o casal vai ao extremo quando Cristina engravida e decide realizar um aborto, sem consultar Hunt. 



Cristina tem certeza da sua decisão, não quer ser mãe e nada ou ninguém pode mudar a sua opinião. A personagem vai contra a imposição realizada pela sociedade, de que todas as mulheres são criadas para serem mães e se não são, tornam-se mulheres infelizes para a sociedade. Yang, como é popularmente chamada, é uma personagem distinta e não segue os padrões, levantando questões, principalmente, as de que é possível ser feliz sozinha, sem filhos, com o seu trabalho e a certeza de suas escolhas. 

 

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