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04/03/2022 às 10h21min - Atualizada em 04/03/2022 às 10h06min

“Antitrabalho”: um movimento que tem crescido nos EUA

Diante da exploração da mão de obra muitos têm optado por se demitir dos empregos

Ianna Oliveira Ardisson - Editado por Andrieli Torres
Fonte: Reprodução/Google
As más condições de trabalho são alvo de contestação e indignação há bastante tempo, entretanto com a pandemia de Covid-19 ficou ainda mais evidente a exploração pela qual passam os trabalhadores de diversos setores. O movimento “antitrabalho” tem crescido nos Estados Unidos e observa-se que as pessoas renunciam seus trabalhos em busca de algo melhor. Nos EUA o movimento online “Antiwork” (Antitrabalho) se propõem a ser um espaço de promoção de ideias pela abolição do trabalho nos moldes atuais em que se observa tamanha exploração da mão de obra. O movimento ocorre na rede social chamada “Reddit”. Essa rede possui muitos usuários, é focada em textos e as discussões são realizadas sem identificação pública do usuário.
 
Condições desumanas são observadas nas relações de trabalho como, por exemplo, pessoas que são obrigadas a fazer suas atividades mesmo doentes. Não só no Brasil, mas em diversos países pelo mundo ficou evidente o crescimento dos problemas de esgotamento e saúde mental agravados devido as condições da pandemia, principalmente, para os trabalhadores dos serviços essenciais que ficaram expostos desde o início em meio a tantos desafios.
 
Diante da falta de sentido e propósito nas atividades que realiza, em meio a tantas obrigações, trabalhadores têm questionado a ordem econômica na qual estão inseridos. Nesse contexto o movimento antitrabalho, baseado nas críticas econômicas anarquistas e socialistas, vem questionar a carga de trabalho excessiva que produz excesso de bens e capital. Argumenta-se a favor dos trabalhadores se organizarem para trabalhar somente o número de horas necessário, e não por jornadas longas, para que as pessoas tenham tempo para dedicar à família e às suas paixões pessoais. As pessoas estão em busca de mudanças por melhores condições e não pelo fim do trabalho.
 
Outra denominação pela qual o movimento vem sendo reconhecido é “The Great Resignation” – A Grande Resignação. Fenômeno pelo qual se observa uma diminuição da mão de obra já que muitos têm se demitido ou recusado ao retorno ao trabalho nos pós pandemia.  A expressão foi criada pelo psicólogo e professor americano Anthony Klotz para descrever a onda de demissões voluntárias.
 
A insatisfação com o trabalho é justificável diante da falta de respeito aos direitos dos trabalhadores como licenças em momentos de doenças. Entretanto, vale observar uma possível infantilização das pessoas diante daquilo com que não concordam, e pode ocorrer também algo como a renúncia ao conflito, por não querer ser contrariado abandona-se o trabalho. Nesse último caso é preocupante a postura das pessoas de imaturidade em meio aos conflitos que todos, vez ou outra, precisamos enfrentar no ambiente de trabalho.
 
Doerem Ford, membro da comunidade Antiwork na rede social “Reddit”, promoveu uma grande mobilização em relação ao “McDonald’s”.  Após compartilhar na rede social uma placa com determinado slogan, (veja na figura abaixo),muitas pessoas começaram a imprimi-lo e gravá-lo em franquias de fast-food.

 
Em entrevista ao site “Money Time” ao falar sobre “A Grande  Resignação”, Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, destaca duas hipóteses:
 “Nesse cenário, podemos trabalhar com duas hipóteses. Tanto de um movimento positivo, que se divide entre a busca de mudança de emprego e a vontade de empreender, quanto na ótica inversa, em que a desistência pode ser atrelada à insatisfação com o trabalho atual, dado que a pandemia trouxe maior pressão psicológica em relação à vida profissional."
Pessoas insatisfeitas com as condições de trabalho podem ser identificadas para além desse movimento nos EUA, se tiver repercussão no Brasil não sabemos as proporções que pode alcançar.  A realidade da pandemia teve reflexos negativos no mundo do trabalho, podemos perceber que as jornadas ficaram ainda mais extensas com novas possibilidades de comunicação como aplicativos de videoconferência e de mensagens instantâneas, pelos quais se tem acesso ao trabalhador, praticamente, sem limites de horários. Os empregados, dos diversos setores, precisam lutar para estabelecer limites em relação a qualquer tipo de exploração para preservar a saúde mental e seus direitos trabalhistas já adquiridos. 

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