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08/03/2022 às 12h28min - Atualizada em 07/03/2022 às 13h55min

Euphoria é "apenas" uma obra-prima, não sendo um reflexo da realidade dos jovens com uso de drogas

A famosa e aclamada série da HBO, Euphoria, está exibindo ao público a história de Rue Bennet: uma adolescente de 17 anos que é viciada em drogas. Em toda a trama da série, a qual se passa nos EUA, o consumo de substâncias ilícitas é visto de forma comum para os personagens. Porém, um estudo recente publicado pelo Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan relata que o consumo de drogas entre os jovens americanos diminuiu

Ana Faely Nobre - editado por David Cardoso
Personagem de Zendaya, Rue Bennett em "Euphoria" durante uma de suas crises como dependente química (Foto: Reprodução/Pinterest).

A série Euphoria exibe a história de Rue Bennett, uma adolescente norte americana de 17 anos que acaba de sair da clínica de reabilitação após uma overdose quase fatal. Os episódios exploram profundamente a constante luta da jovem com seus sentimentos diante dos amigos, dos familiares, da namorada e dos problemas. Apesar do consumo de substâncias ilícitas ser visto de forma comum para os personagens, nenhum deles têm problemas de vício como Rue, apenas usam de forma esporádica e recreativa.

Entretanto, apesar deste cenário extremo onde as drogas são banalizadas entre os adolescentes e onde Rue se encontra, tendo em vista a overdose e a recaída logo após a clínica, este quadro não é uma realidade entre os jovens norte-americanos atualmente (Ainda bem!).

O estudo Monitoring the Future é formado por uma equipe de professores do Instituto de Pesquisa Social, da Universidade de Michigan e conduz pesquisas anuais representativas em nível nacional de alunos da 8ª (8ª série), 10ª (1º ano do ensino médio) e 12ª (3º ano do ensino médio) séries desde 1975.


O ano de 2021 teve a maior queda no uso de substâncias ilícitas por adolescentes nos Estados Unidos já registrada desde 1975 segundo Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan. Contudo, apesar dos resultados estarem atrelados ao isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, de acordo com os pesquisadores, isso também é efeito de uma mudança social que vem acontecendo.

A porcentagem de jovens que usaram qualquer outra droga ilícita além da maconha diminuiu mais de 25% em 2021. Especificamente, no 12º ano, esse percentual foi 27% menor em comparação com o ano anterior. No 10º ano, o declínio foi de 31%, e na 8ª série, a queda foi de 30%.

Declínios significativos no uso ocorreram em uma ampla gama de drogas, incluindo cocaína, alucinógenos e uso não médico de anfetaminas, tranquilizantes e opioides prescritos. Declínios também ocorreram entre as três drogas mais comumente usadas na adolescência: maconha, álcool e vaporização de nicotina (ou cigarros eletrônicos).

Em 2021, a proporção de jovens que usaram maconha caiu 12% na 12ª série em comparação com o ano anterior, ficando em 39%. Na 10ª série, a proporção caiu 34% em relação ao nível do ano anterior, para 22%. Na 8ª série, a queda foi de 31%, para 10%.

Dessa forma, embora as estatísticas apontem uma queda no uso de quase todo tipo de substância por décadas entre adolescentes americanos, a série americana Euphoria felizmente conta com relatos intensos de dependentes químicos (Rue e Elliot) agora, não tão frequentes!


Assim, um dos prováveis motivos dessa diminuição do uso de drogas entre os jovens é a democratização da educação. Os adolescentes da geração Z possuem mais informações e compreensão dos benefícios de uma vida saudável, longe de substâncias ilícitas.  

Cabe ressaltar que diferente do que vários veículos de comunicação divulgaram, a série não promove uma romantização do uso de drogas entre os personagens, visto que a produção estrelada por Zendaya foi acusada de glorificar o uso de estupefacientes e glamourizar o vício por um programa educacional dos Estados Unidos: DARE (Educação de Resistência ao Abuso de Drogas).

Euphoria aborda as experiências pessoais de um grupo de adolescentes do ensino médio em relação a drogas, amizades, traumas, sexo, bullying, aceitação, inseguranças e sexualidade. Sendo uma série mais impactante e profunda, com cenas, relatos e interpretações agudas e marcantes. Trabalho bem distinto da maioria das produções teens atuais. 



A atriz Zendaya, que interpreta a protagonista Rue em Euphoria, defendeu a série das acusações de romantização do vício em drogas em entrevista à Entertainment Weekly:
 

"Nossa série não é de forma alguma um conto moral para ensinar as pessoas como viver suas vidas ou o que elas deveriam fazer. Em vez disso, o sentimento por trás da Euphoria, ou tudo o que temos e o que eu sempre tentei fazer é ajudar as pessoas a se sentirem melhor, um pouco menos sozinhas em sua experiência e sua dor. E talvez eles não se sintam os únicos passando ou lidando com o que vivem".


Principalmente após o quinto episódio da 2ª temporada de Euphoria, fica nítido que Rue não tem limites morais, a qual faz literalmente qualquer coisa para conseguir alimentar ainda mais o vício. Zendaya ainda relembrou ao EW a importância que sua personagem pode ter na vida de muitas pessoas e espera que o público possa compreender a realidade de uma pessoa que sofre de dependência química.

 


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