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28/03/2022 às 16h58min - Atualizada em 11/03/2022 às 15h09min

A irreverência da designer Adama Ndiaye na moda africana

A senegalesa é sinônimo de representatividade e valorização para este nicho

Gabriella Lima
Foto: Reprodução/Instagram (@adamaparis)

Estamos sempre consumindo informações sobre mudanças em relação às mulheres em mercados comandados pelo patriarcado e, que ainda tem o homem como dominante. Porém, quando falamos em mulheres pretas que lutam em dobro para ter respeito e reconhecimento, os esforços necessitam ser maiores. 

 

Lembrando que na indústria da moda é mais difícil ainda. Mesmo que estejamos presenciando as mudanças, há muito o que se ajustar diante de uma grandiosidade que é este meio. Contudo, mesmo com poucas representações pretas, temos nomes de destaque, como a estilista Adama Ndiaye.

 

A designer de moda senegalesa, coloca em destaque as modelagens africanas, mostrando o poder que a cultura preta exala. E, muitas das referências que tem no mercado fashion vem da essência africana, mesmo que muitos não saibam, pois não é dado o devido valor e reconhecimento. 

 

História 

Adama Amanda Ndiaye viu sua vida mudar ao acompanhar sua mãe em um desfile de uma das maiores grifes do mundo, a Yves Saint Laurent. Aos nove anos, naquele fatídico desfile, a sua jornada com o universo da moda iniciaria. De uma forma indireta a mãe da designer nem imaginou que iria contribuir para a futura carreira de sua filha.
 

Nascida em Kinshasa, no Congo, e parte de família senegalesa, a estilista morou em Paris por conta do trabalho do seu pai. Ele era diplomata, ocupava o cargo de embaixador de Senegal na cidade francesa. Após três décadas, a designer era dona da sua própria marca. 

 

 

E em 2001 nascia a Adama Paris, que vem reafirmando o poder da moda africana. A empresária também é a idealizadora e incentivadora da Fashion Week Dakar, um dos maiores eventos de moda no continente Africano. O seu objetivo é formentar o empreendedorismo feminino de toda a África, com o propócito de levar as criações locais para o mundo.

 

Mas nada foi simples, o seu pai de início não apoiou a carreira que sua filha pretendia ter. Fazendo com que ela formasse economia em Nantes, na França. Porém, seu sonho em seguir carreira na moda não foi esquecido. 

 

 

Longe da família, Ndiaye começou a fazer pequenos trabalhos como modelo conciliando com seu estágio em um banco.
 

“Estar na passarela nunca foi minha paixão, preferia o backstage. Mas era uma maneira de estar perto do universo que eu amava e começar a entendê-lo melhor”, entrevista para a jornalista Vitoria Moura da Vogue

 

E diante desse desafio de cursar economia e ainda desejar a carreira na moda, a empresária sentiu na pele o preconceito e o racismo por estar inserida em um mercado dominados por brancos. Essas frustrações não a desmotivou, pelo contrário: a fez seguir com os seus objetivos.

 

Aos 23 anos ela deixou o seu emprego no banco francês e financiou o seu projeto. Mudou-se para o Senegal para lançar a sua marca, Adama Paris, com a identidade da cultura e lifestyle africanos. 

 

Sua marca está em lojas de todo continente africano, além da China, Japão, Estados Unidos, dentre outras, mostrando as misturas e referências da sua vivência na Europa junto as suas origens. Suas criações têm cores e estampas vibrantes e exuberantes. 

 

A sua irreverência

 

Por ter vivido em muitas culturas diferentes da sua, Adama foi influenciada por tendências da moda urbana. Com essas referências, a empresária criou projetos significativos como o Dakar Fashion Week e Afrika Fashion Awards, conhecido atualmente como African Fashion Trophies (TMA) e o Black Fashion Week.

 

Esses movimentos idealizados pela estilista tem o objetivo de promover a presença das mulheres africanas no mundo da moda, valorizando o empreendedorismo feminino. Os principais destaques em suas coleções é a utilização das modelagens volumosas, recortes, babados, sobreposições, amarrações, aplicações e entre outros. 

 

 

Adama não é uma simples designer que deseja ganhar espaços como muitos almejam, ela é mais do que isso. Ndiaye é ativista da moda, na comunicação e no ramo dos negócios, com o intuito maior de promover a valorização da moda afro e dar visibilidade á mulheres pretas na luta constante contra o racismo. 

   
Ver uma designer preta tendo um respeito dentro dessa indústria, que ainda tem muito para evoluir, é grandioso. A representatividade é necessária, importante e relevante. Adama Amanda Ndiaye nos ensina isso, e leva a cultura africana para lugares inimagináveis. 
 
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