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21/03/2022 às 06h18min - Atualizada em 20/03/2022 às 22h43min

Alimentados e socialmente acolhidos

Sobre como a gastronomia social contribui com o mundo

Fernando Azevêdo - Editado por Larissa Bispo
Foto: Unsplash

Estamos acostumados com histórias de comida com afeto. Aquela refeição que a avó de alguém sempre preparava e que agora é o carro-chefe em jantares especiais. Aquele prato que traz a nostalgia de uma fase boa - ou difícil, mas que ficou para trás. O sabor de pizza que alguém dividia com uma grande amiga. Histórias como essas podem ser vistas em filmes e novelas ou podem ser reais para você ou para alguém que você conhece. Elas existem e provam que a alimentação é um aspecto muito significativo.

 

Tem afeto, tem significado e é essencial. As pessoas não podem jamais ser privadas de alimentação. É o que dizem os direitos humanos. A fome e a insegurança alimentar são fantasmas que não podem assombrar os habitantes deste planeta. Mas eles insistem em o fazer. 

 

Pessoas em situação de vulnerabilidade social e que não têm acesso à alimentação adequada nadam contra a maré da fome, e nesse sentido a luta por uma gastronomia social é formada.

 

"Comida que transforma" é uma das formas de apresentá-la, mas a gastronomia social é um tipo muito plural de iniciativa. São vários e variados os propósitos e missões envolvidos; basta dar uma espiadela em sites de projetos nesse sentido que há uma retomada da significação da alimentação. Há afeto, preocupação, cuidado. Mas talvez a gastronomia social ainda seja uma desconhecida.

 

Esta vertente da gastronomia se preocupa com a vida, as pessoas e o meio ambiente. É um reconhecimento de que os profissionais de restaurantes podem fazer uma contribuição mais humana.

 

Muitas gastronomias sociais 

 

São variadas as formas de atuação em gastronomia social, mesmo que todas afirmem que a gastronomia tem um propósito. Há projetos de inclusão que formam chefs que não costumamos ver nos restaurantes, mas que têm muito talento e um futuro promissor à sua espera. Nessa perspectiva estão os projetos que profissionalizam pessoas com Síndrome de Down, por exemplo. 

 

Também existem iniciativas que defendem a educação alimentar, as boas práticas e que a comida tem que ser nutritiva e saudável. Alguns cursos e oficinas falam sobre isso. Declaram que é importante evitar o desperdício de alimentos. A Mãe Natureza agradece este zelo. 

 

É possível se deparar com projetos que distribuem gratuitamente marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade social, reconhecendo que 19 milhões de brasileiros passam fome. Os dados da  Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional são como um prato sem sal e frio demais - difíceis de engolir.

 

Gastronomia social está no sentido, no cheiro de afeto e na satisfação de contribuir e acolher. Uma torta quentinha de humanidade em um mundo frio como sorvete. 

 

A maior missão dessa prática talvez seja combater as desigualdades que persistem. O significado da comida passa a ser o impacto social, o poder de transformação na vida das pessoas. E isso é um prato cheio.


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