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31/03/2022 às 22h22min - Atualizada em 23/03/2022 às 19h38min

Ascensão da autoestima negra por meio da arte

Obras de artistas pretos ajudam seus iguais a se reconhecerem na sociedade

João Barbosa - Editado por Ynara Mattos
Arquivo Pessoal ¦ Estela Gomes
Desde muito tempo, uma das maiores formas de expressão do ser humano é através de sua arte. Pinturas e desenhos, artes marciais, escrita, entre outros. Inicialmente somos inseridos em locais onde elas são expostas, estudadas e apresentam a pele branca como a única que ocupa os ambientes de destaque na sociedade. Dada a tendência do eurocentrismo na produção de diversas obras. A uma imagem de Cristo, por exemplo, mostra um homem de pele branca, cabelos lisos, e olhos claros. Já o negro é retratado — nas telas de pintura, de cinema ou TV — apenas como a classe escrava e mais pobre, remetendo-o a esta condição no subconsciente de todos.

A falta de identificação com o que está ao redor da comunidade negra afeta a autoestima, a aceitação e identificação com o que se vê e pode reconhecer como o que vem dessas raízes.

Artistas pretos constroem obras que ajudam seus iguais a se reconhecerem na sociedade. Seja por meio da música, da escrita, ou das pinturas. Assim, o negro não se sente apenas um na multidão. Ele passa a se enxergar, recupera a autoestima e toma consciência de seu espaço e valor na sociedade em que vive.

Estela Gomes, artista visual, empreendedora, umbandista e estudante de design gráfico conta como foi a trajetória de reconhecimento.

 
“Por volta dos meus 12/13 anos convivendo com essas pessoas, pretas e LGBT’s pude começar com meu autorreconhecimento. O que me ajudou bastante nesse processo  tanto como mulher, como artista — foi o fato de não ligar muito para a opinião das outras pessoas. Aquelas que querem te atrapalhar, não querem que você cresça e nem que você descubra quem realmente é.”

Ainda por volta dos 14 anos, Estela começou a ver na arte uma forma de se expressar, descobrindo o que gostava de desenhar e pintar. “O processo de reconhecimento de uma pessoa negra é complexo, e de uma mulher negra é mais ainda. A questão do preconceito da sociedade sempre abala, e isso atrapalha na questão da autoestima. Só recentemente que chegaram as fases positivas, de gostar de mim como um todo, além de reconhecer a minha cor e gostar do meu corpo sem precisar fazer algo 'para' agradar alguém.”

Estela ainda comenta que o reconhecimento de sua arte a motiva para continuar.
 
"Ver que as pessoas estão elogiando minha arte, mesmo que eu ache que não esteja tão boa assim é o que mais motiva. Tento trazer o máximo de representatividade possível, os elogios dão aquele embalo 'para' continuar, sabe?"

A artista reforça que, o apoio de pessoas do convívio próximo também é muito importante. Além das pessoas que seguem nas redes sociais e comentam que gostaram do conteúdo produzido e que de alguma forma isso as ajudou. “O que mais precisamos é de acolhimento e empatia. Me sinto muito mais acolhida quando encontro com pessoas que passaram e passam pelo mesmo que eu nesse processo de aceitação como pessoa preta.”

Alguns perfis nas redes sociais produzem, estudam e compartilham conteúdos de artistas negros, e colaboram para que tais conteúdos cheguem com mais facilidade na sociedade em geral. Vale a pena conferir!
 

 

 

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