Laerte é, verdadeiramente, uma das personalidades mais geniais do Brasil. Cartunista, chargista e roteirista, a paulistana nascida em 1951 esbanja talento em sua obra, que já ilustrou O Pasquim, Folha de São Paulo, IstoÉ e Veja.
Criadora dos icônicos personagens "Os Piratas do Tietê", "Overman" e "Suriá", além de "Hugo", que mais tarde se chamaria "Muriel" e se mostraria transgênero, Laerte teve grande parte de sua carreira marcada pela crítica poderosa revestida com humor certeiro e muita leveza.
Laerte assumiu o crossdressing como uma reinvenção de si mesmo. A autora, que é bissexual e que já viveu três casamentos com mulheres, tem três filhos, um deles falecido aos 22 anos vítima de um acidente automobilístico
Assumindo-se como transgênero, a fantástica artista tornou-se, também, heroína. Ela é uma das cofundadoras da ABRAT, a Associação Brasileira de Transgêneras e combate com diálogo aberto e claro preconceitos esmagadores que assombram a sociedade. Em uma entrevista dada à revista Trip, do UOL, Laerte explica como questões relacionadas ao conceito de gênero possuem marcadores culturais e que é indispensável a preocupação em compreender e aceitar as pessoas como são.
Exemplo de representatividade, presenteia o público com uma obra tão profunda e sincera que apresenta nuances capazes de manter seu forte talento em evidência. Laerte tem sua reinvenção refletida na obra que mostra, em muitos momentos, um tom mais lírico, poético e delicado sem negligenciar o questionamento, a crítica e as questões humanas.
Àqueles que buscam o caminho da reflexão sobre o ser humano e seus passos pelo pensamento filosófico, social e cultural, resta apenas dizer um sonoro: "Obrigado sempre, Laerte!"