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10/07/2022 às 21h48min - Atualizada em 10/07/2022 às 21h00min

Princípio de Smurfette, Teste Bechdel e a representação feminina no cinema

Como as personagens femininas são representadas no universo cinematográfico dominado por homens e teses que mostram o machismo nessa indústria.

Sara Reis - editado por David Cardoso
Mulher observa por lente de câmera. (Foto: Reprodução/Instituto de cinema).

A luta das mulheres por direitos iguais atravessa a história. Em um mundo cercado pelo machismo e a dominação patriarcal em diversos setores da sociedade, as mulheres tiveram que brigar pelo seu espaço.

Na indústria cinematográfica não é diferente, as personagens femininas foram construídas baseadas em um arquétipo masculino de como uma mulher deveria ser e o que ela deveria representar.

Durante muitos anos, as mulheres foram representadas nas telas como pessoas dependentes, gentis e eram frequentemente objetificadas. Geralmente, os filmes mostravam sempre personagens que quase não falavam e que quando falavam era sobre homens e seus amores.

Nos últimos anos essas representações errôneas vêm sendo contestadas, muitos movimentos feministas se mostraram descontentes com a irrealidade das representações femininas criadas pelo universo cinematográfico. Baseado nesses descontentamento e estereótipos irreais, foram criadas diversas teses ao longo dos anos para estudar como a mulher é representada no cinema e medir se um filme possui ou não verdadeira representação feminina. 

Princípio da Smurfette

 

Cena de Os Smurfs por Hanna Barbera.

Cena de Os Smurfs por Hanna Barbera.

(Foto: Divulgação/VEJA)

 

O princípio da Smurfette, foi um termo cunhado pela escritora estadunidense Katha Pollitt em um artigo do The New York Times de 1991. O princípio se refere à prática da mídia, utilizada em diversas áreas como cinema, teatro e música, onde em toda a equipe há a inclusão de apenas uma mulher e, praticamente, todos os outros integrantes são homens. 

 

A escritora se inspirou na personagem Smurfette do desenho Os Smurfs, onde a personagem era a única mulher em um grupo inteiro constituído de homens. Um dos pontos centrais do termo é a baixa representação feminina, onde a narrativa é completamente dominada pelos homens onde essa mulher se torna a única exceção. 

 

Durante os anos, além da baixa representação, as personagens femininas também foram retratadas de forma a estereotipar essa mulher, a colocando como um objeto sem valor real nas histórias em que estavam. 

 

Embora nos dias atuais essa prática esteja se revertendo aos poucos, muitas produções de sucesso ainda possuem essa narrativa, como por exemplo em Super 8 onde Alice é a única mulher do elenco principal, em liga da justiça onde a mulher-maravilha é a única representante feminina do elenco principal e até mesmo na aclamada série Strangers Things onde, até a primeira temporada, Eleven era a única menina do grupo principal.

 

Teste Bechdel  

Teste Bechdel.

Teste Bechdel.

(Foto: Reprodução/ Mometum Saga).

 

O teste de Bechdel é um teste utilizado para saber se uma obra possui representação feminina de forma certa. O termo é usado em homenagem a Alison Bechdel, cartunista americana, que  introduziu o teste em uma tira chamada ´´A regra``, em 1985. Na tira uma das personagens femininas fala que ela só assiste um filme se ele atender aos requisitos:                                                                    

  1. Deve ter pelo menos duas mulheres.

  2. Elas conversam uma com a outra

  3. Sobre alguma coisa que não seja um homem

 

O teste foi inicialmente criado para julgar filmes, porém pode ser aplicado em outras áreas, e consiste basicamente na aplicação dessas três regras: o filme deve ter pelo menos duas mulheres que conversem sobre algo que não seja um homem, algumas vezes existe a condição de que as mulheres possuam nomes.

 

Embora pareça algo básico, muitas obras da ficção atual falham no teste, como a trilogia original de Star Wars, o primeiro filme de Avatar e até mesmo O senhor dos anéis, não passaram no teste de Bechdel por não possuírem mais de uma mulher no elenco principal e nem um diálogo feminino. 

 

Por trás das câmeras

 

Já vimos que nas produções cinematográficas o machismo está muito presente, porém por trás das câmeras a situação de desigualdade em relação às mulheres não é muito diferente.  

 

O Oscar, maior premiação de cinema internacional, teve pela primeira vez duas mulheres, Chloé Zhao e Emerald Fennell, indicadas ao prêmio de Melhor Direção em 2021. Apenas sete mulheres foram indicadas à categoria de Melhor Direção concedido pela academia, durante 93 anos de premiação, mas apenas duas delas levaram o prêmio

A grande dominação masculina de cargos como diretores e cinegrafista, dificultou por muito tempo que mulheres pudessem ocupar esses cargos e as que conseguiram tal feito não tinham poder o suficiente para demandar algum tipo de mudança.

 

Atualmente o cenário vem mudando progressivamente e com isso podemos ver mais mulheres ocupando cargos altos na indústria cinematográfica e conseguindo mais reconhecimento pelos seus trabalhos.   

 

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