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13/07/2022 às 17h03min - Atualizada em 13/07/2022 às 16h14min

Caso John Lenon e outros crimes cometidos contra figuras públicas

"O fanatismo provoca um enrijecimento de ideias e descarta a flexibilidade", relata o psicólogo Fabricio Guimarães, doutor e mestre em psicologia clínica.

Lívia Nogueira - Revisado por Flavia Sousa
Central Park é cenário de homenagem eternizada a um dos artistas que foi vítima fatal do fanatismo, John Lennon. (Foto: Timothy A.Clary/ AFP)
Para além de eventos, artistas e públicos, a história da cultura e da arte mundial é marcada por atos criminosos cometidos contra figuras públicas. As motivações, quando não estão ligadas à subtração de valores e objetos, são associadas à fama das vítimas. Casos do gênero representaram abalos para a cena da cultura mundial e fomentaram discussões sobre o limite do fanatismo.
Inicialmente, é importante situar acerca das características do fanatismo, que não é considerado uma doença. Ainda assim, o comportamento pode coexistir com distúrbios psicológicos, os quais podem ser agravantes um do outro para o indivíduo que os possui.
 
"Ele é um comportamento disfuncional, mas não é considerado um transtorno mental, e se caracteriza por uma crença ou comportamento que não admite refutação, que é defendida de forma obsessiva e apaixonada e que deixa muito pouco espaço para a tolerância às ideias contrárias", é o que afirma a médica psiquiatra Elisa Brietzke.
Em alguns desses casos que marcaram a história mundial, os crimes foram fatais, inclusive para pessoas alheias às circunstâncias dos atos. Em outros, as figuras apontadas como alvos sobreviveram. Conheça alguns dos casos nos quais as vidas desses personagens foram ceifadas por fanatismo:
O assassinato do cantor é, provavelmente, a história mais conhecida de um crime fatal cometido por um fã. O assassinato ocorreu no dia 8 de dezembro de 1980, em Nova York, na saída do prédio onde o vocalista de Beatles residia. Horas antes do crime, na rua do referido apartamento, Mark Chapman havia pedido autógrafo do cantor em uma cópia do disco Double Fantasy, álbum resultante da parceria entre Lennon e Yoko Ono, com quem saiu após a abordagem do “fã” para uma sessão de gravação de trabalhos.
Ao voltar da reunião, o cantor foi assassinado a tiros pelo mesmo homem, que, segundo investigações, já vinha sondando o território e a vida da vítima. Chapman foi condenado à prisão perpétua.
O crime, de acordo com o que foi apurado, foi motivado pela insatisfação do, anteriormente, declarado fã de Beatles quanto às temáticas de determinadas músicas que a banda havia lançado, que faziam menções à religião do autor do crime, de modo, de acordo com ele, desrespeitoso. Para Chapman, a morte do artista foi o cumprimento da “vontade de Deus”.
Leia mais: K-pop, amor e fanatismo em ‘Her Private Life’

Neste caso, em outro cenário, o jogador de futebol, ídolo da seleção colombiana, foi assassinado no dia 2 de julho de 1994. Escobar, na Copa Mundial do mesmo ano, cometeu um erro em campo, que facilitou a derrota da Colômbia para os EUA e a consequente eliminação do campeonato. Ao retornar para o país de origem, o zagueiro foi considerado culpado pela derrota do time e capturado por quatro homens, entre eles Humberto Muñoz Castro, o executor.
De acordo com relatos de testemunhas, Escobar foi alvo de 12 tiros, acompanhados de gritos de “Gol” pelo autor do crime, o qual foi sentenciado a 43 anos de prisão. Desses, 11 foram cumpridos em regime fechado e Castro foi solto por bom comportamento.
O guitarrista, anteriormente integrante da banda Pantera, foi assassinado durante um show em Columbus, Ohio, no dia 8 de dezembro de 2004. O autor do crime invadiu o palco em que o artista se apresentava e proferiu palavras de culpabilidade ao guitarrista pelo fim da banda Pantera e de sua vida. Após os ataques verbais, Nathan Gale, o executor, disparou cinco tiros contra Dimebag.
Mais três pessoas foram atingidas por disparos do assassino e faleceram no local: dois membros do público e um da equipe técnica da banda. Posteriormente, Gale foi morto por um policial.
Esses e outros crimes que colocaram em risco ou realmente deram fim às vidas de figuras da cultura e da arte mundial são exemplos que colocam em reflexão o fenômeno da relação entre os admiradores, os famosos e os limites aos quais esses sentimentos podem chegar.

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