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07/07/2019 às 16h28min - Atualizada em 07/07/2019 às 16h28min

No cinema e no comando

Veja como as mulheres são representadas no audiovisual

Amanda Canton
Com o tempo, as mulheres ganharam mais espaço nas telas e nos bastidores. (Arte: Amanda Canton / Lab Dicas Jornalismo)
A intersecção entre gênero sempre foi algo presente no audiovisual. Dentro das telas e fora delas mulheres têm seu lugar de destaque em segundo plano, a objetificação traz a mulher como um símbolo de desejo, com poucas falas e representando um estereótipo que tem como objetivo servir como acompanhante do protagonista masculino.

Dentro do mundo das belas artes, apesar de toda a luta e provas mais do que suficientes de que mulheres têm a mesma capacidade de trabalhar neste ramo do que os homens, ainda encontramos uma série de empecilhos. Dentro dos bastidores dos filmes apenas uma pequena porcentagem de mulheres trabalham neste setor. Uma pesquisa feita pela diretora Martha M. Lauzen, pela universidade de San Diego, mostra que dentro dos cargos as mulheres representam um número bem inferior em relação aos homens, como produtoras apenas 25% são mulheres, 19% são produtoras executivas, 11% são roteiristas e apenas 8% são editoras de som.

Grandes movimentos finalmente trouxeram os holofotes para a questão da representatividade das mulheres, a campanha MeToo expõe diversos abusos que mulheres sofreram no cinema, escancarando para o mundo o preconceito e desigualdade vividos tanto nas telas, como nos bastidores.

Para a estudante de cinema e audiovisual Beatriz Priscila Santos Paulino, de 21 anos, a presença feminina vem se tornando muito mais presente e alcançando novos espaços. Apesar de já ter passado por algumas situações em que duvidaram de seu potencial, como quando dirigiu alguns homens em um de seus projetos, para ela, a representatividade das mulheres nesta área está se estendendo e seguindo um caminho certo. ‘’Vejo que o número de mulheres estudando cinema tem aumentado e só de ter tido ótimas professoras de Direção de atores, captação de som, história do cinema e Direção de Arte, fico feliz.  Hoje o cenário é diferente, temos mulheres envolvidas com som, montagem, elétrica, operando câmera... Eu busco ter sensibilidade pra reconhecer o que posso extrair daquela mulher para que ela também se sinta confortável em exercer sua função no set’’, disse Beatriz.

REPRESENTIVIDADE


Grandes produções atuais destacam histórias de protagonistas femininas. (Arte: Amanda Canton / Lab Dicas Jornalismo) 

No início, a representatividade de mulheres fortes no cinema e que não se enquadravam no clichê que circulava no audiovisual foi pouca, mas as poucos elas fizeram história. A atriz Madhabi Mukherjee foi uma das mulheres que fugiu do padrão e mostrou um lado pouco visto na história do cinema até aquele momento com o filme Mahanagar (A Grande Cidade). A atriz interpretou a personagem Arati, uma jovem indiana que quebrou diversas barreiras nos anos 60 ao sustentar sua casa durante uma crise familiar. O filme aborda a inversão de papéis colocando a mulher representando a  “chefe da casa” enfrentando diversos preconceitos por sua posição pouco convencional para a época. Já Barbra Streisand marcou uma geração com seu talento e carisma, em uma época com tanta pressão estética, a atriz se tornou um marco não só por fugir do padrão, mas também por ser a primeira mulher a ganhar um troféu de melhor diretora pelo filme Yentl, em 1984.

Com a entrada de mulheres na indústria cinematográfica o papel da mulher foi se modificando ao longo dos anos, ganhando novas vozes e representações mais importantes, marcando a história do cinema com grandes produções atuais como: Estrelas além do tempo, As Sufragistas, Flores de Aço, Que Horas Ela Volta? e muitos outros filmes que contam a trajetória de grandes personagens femininas.

O papel da mulher virou algo muito mais significativo nas telas, se tornando uma representação importante para o público que se identifica e as vê como ícones e exemplos a serem seguidos.  Ana Caroline de Oliveira Nogueira, 22, professora de Educação Infantil, tem como ocupação fazer cosplay, para ela representar alguns personagens agregam o desejo e a força de lutarem por aquilo que acham certo ou sonham. “Todos esses personagens que admiramos representam uma parte de nós de alguma forma ou que gostaríamos de passar a desempenhar, seja nas nossas vidas ou na sociedade. Quem nunca quis voar? Ou acabar com a violência? Ou ser menos sério? Bem, fazer cosplay te permite viver um pouco disso!”, disse Ana.

A força que certas personagens tem nas telas, como as mulheres das séries The Handmaid's Tale, Orange Is The New Black, Orphan Black, Grey’s Anatomy, How to Get Away with Murder, e de filmes como Capitã Marvel, Dumplin, Histórias Cruzadas, Lady Bird, O Ódio que Você Semeia, Moana e muitos outros, além de nos darem um show de atuação trazem a mensagem de que não importa a dificuldade e os problemas jogados, somos mulheres fortes, capazes de dar a volta e vencer.

Editado por Alinne Morais

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