Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
24/07/2022 às 16h25min - Atualizada em 24/07/2022 às 16h11min

Contar histórias sempre foi coisa muito séria!

Com a popularização da técnica storytelling, a importância das narrativas é, novamente, reconhecida

Eduardo Ozorio - Editado por Nicole Bueno
Tyta Montrase

Cursos de Storytelling fazem sucesso entre redatores publicitários e entre muitos outros grupos que têm a comunicação como business.

O termo é um daqueles estrangeirismos com jeitão arrojado que gera impacto, mas, se você domina um pouquinho da língua inglesa, tão comum em nosso dia a dia, já deve desconfiar de seu significado.

A junção das palavras story (história) e telling (contar, narrar) serve para definir a técnica de narrar alguma coisa da melhor forma possível. 

As empresas já notaram que uma boa história é capaz de aproximar os clientes e criar com eles um vínculo emocional.

A aplicabilidade das narrativas nos negócios, entretanto, está longe de ser a origem da coroação do hábito de contar histórias como um dos traços humanos que resiste ao tempo e se adapta a qualquer realidade.

 

Não é só "era uma vez"...

Contar histórias não tem nada de simples, afinal, se a gente notar bem, esse é um hábito que se perde no tempo. 

Religiões e filosofias do oriente e do ocidente, o folclore de todo povo e a arte e a literatura universais garantem a importância das narrativas na sociedade.

 Um sem número de contos desfilaram pela literatura da família Grimm e chegaram às animações de Walt Disney sem perder sua importância.

No final da década de 30, a primeira história em quadrinhos norte-americana foi publicada. Quem de nós não lemos um gibi ou foi ao cinema assistir às produções milionárias baseadas em famosas HQs?

Falando em filmes, a Netflix, importante streaming no Brasil, exibiu um filme baseado naquele que é considerado o mais antigo conto de fadas segundo informações da Editora Wish."Errementari: El Herrero y el Diablo" é um filme espanhol, de idioma basco, que traz para o audiovisual o conto quase homônimo.

No final da década de 70, o RPG, sistema de jogo baseado na interpretação de papéis em uma narrativa, ganhou seu principal representante: o Dungeons&Dragons, que superou as mesas de jogo e chegou à televisão na famosa animação "Caverna do Dragão".

Os exemplos acima são poucos, mas já deixam claro que é fácil corroborar a importância de contar histórias para a humanidade.

 

Palavras de um Bardo dos nossos dias

Para falar sobre um assunto tão complexo e apaixonante, eu resolvi pedir ajuda. Chamei o Marcos Teixeira, ator que faz sucesso nas redes sociais com um personagem muito especial.

Um bardo que perdeu o nome e que surge no Instagram criando histórias enquanto interage com os seguidores da página @umbardomedisse.

Eu já conhecia o trabalho do Marcos, mas pedi que ele se definisse e falasse um pouco sobre sua arte:

"Comecei no teatro com 13 anos, depois que fiz minha primeira apresentação eu sabia que queria fazer isso da minha vida. O RPG eu conheci um ano antes e é engraçado como eu não fazia o link do jogo com a minha vontade de ser ator, mas hoje, mais velho, eu entendo que tinha tudo a ver também. Eu já gostava de interpretar e contar histórias, só fazia de outra forma. No RPG eu conheci os bardos e juntando uma vontade de ir aos eventos de RPG caracterizado com o tema da feira cultural do 1° ano do ensino médio, que convenientemente era Idade Média, o primeiro figurino do Bardo nasceu. Era bem simples, mas eu amava usá-lo. Depois de um tempo eu fiz um upgrade na roupa do personagem e comecei a usá-lo não só nos eventos de RPG, mas também nos eventos de cultura pop em geral, participando de concursos de cosplay.

Quando terminei o ensino médio, eu entrei em um curso técnico de teatro e a partir daí, me dediquei totalmente a profissão. Meus finais de semana começaram a ficar ocupados com ensaios e como era os dias de jogo entre meus amigos, acabei parando de jogar. Mas o bardo eu não abandonei, paralelamente aos estudos e trabalhos eu ainda ia nos eventos com ele.

O "Um Bardo me disse" surgiu muito depois. Primeiro eu criei um Instagram para divulgar meu trabalho como artista plástico, dei o nome de Baú do Bardo, afinal, além de ser o personagem que me seguiu por anos, também se tornou meu apelido. Eventualmente eu usava o personagem para interagir com os seguidores, mas era um Instagram de jóias, sabe? Não era para isso, apesar de eu me sentir muito vivo trazendo ele à tona.

Até que minha amiga me incentivou a fazer um Tik Tok para o Bardo. Já era algo que eu queria fazer há muito tempo, resgatar esse personagem, criar e contar histórias, que é o que mais amo fazer. Aí, mesmo com certa relutância, eu criei. E foi uma experiência maravilhosa, porque a pandemia tinha me tirado das pessoas, do palco... E gravar os vídeos e interagir, mesmo que distante, era reconfortante. No começo eu usava ainda Baú do Bardo, mas depois quis separar os trabalhos e criei o Um Bardo me disse."

Como você já notou, a caminhada do Marcos e do Bardo, deixa bem claro que a ligação do ser humano com uma boa história não é apenas uma conjectura, mas uma realidade. 

 

A figura do bardo na narrativa medieval fantástica de filmes, séries e jogos de RPG não surgiu do nada. A história desse personagem remonta, também, a autoridade de quem tem, como missão social e muitas vezes religiosas, guardar em si as narrativas do mundo ao qual pertence. 

"O bardo, em sua origem, eram os guardiões da cultura de seu povo, quando o conhecimento ainda era é passado de forma oral. Ele é um dos inúmeros símbolos das figuras que representam a lembrança. Temos os bardos, os griots, os skalds, as vovós e vovôs que contam os causos... Relembrar o passado é importantíssimo, com isso você preserva sua identidade e sabe quais erros não deve cometer mais. É sobre crescer também, se transformar. 

Eu conto histórias de fantasia porque é o que toca minha alma. Gosto de trazer um pouco de sonho, apesar de sempre lembrar, nas entrelinhas, da nossa realidade. 

Uma fantasia, pode até ser apenas um escape para dias difíceis, mas se ela for só isso, se ela não servir ao que de real vivemos, ela não me interessa. 

Os bardos são muito necessários no nosso mundo nos dias de hoje e sempre serão, seja na figura do artista, do professor, do jornalista…"

A função de quem conta histórias, de quem narra a vida real ou a fantasia, ainda é importante. Sempre será essencial. As palavras do Marcos, do especialista que escolhi para esta pauta, deixam isso bem claro. Fica bem mais fácil entender, agora, a função do Storytelling no mundo inteiro.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »