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27/08/2022 às 00h18min - Atualizada em 27/08/2022 às 00h18min

Exposição “Beirute: a caminho dos olhares” chega a São Paulo e Brasília

Lucas Nobres - Revisado por Jonathan Rosa
Navio que estava atracado no porto de Beirute ficou totalmente destruído. Parte dos silos caíram no aniversário de 2 anos do incidente. (Foto/ Reprodução: Dia Mrad)
 

Pela primeira vez no Brasil, a mostra individual do fotógrafo libanês Dia Mrad é realizada pelo Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro e homenageia as vítimas da explosão do Porto de Beirute, em 2020

Dia Mrad, autor da exposição Beirute, a caminho dos olhares, vive em Beirute, e pode acompanhar de perto os quadros da enorme tragédia. A capital do país no mediterrâneo foi palco da 2º maior explosão não-nuclear da História recente. O porto de Beirute armazenava material ultra-inflamável e, após o princípio de incêndio, iniciado no dia 04 de agosto de 2020, o local explodiu

Na ocasião, mais de 200 pessoas morreram, número que ultrapassou até mesmo o número de mortes por Covid-19 no país, que contabilizava pouco mais de 100 óbitos, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde do Líbano.

Em uma tragédia, os dias a seguir podem ser tão duros quanto o dia do fato. Como é o caso das cidades de Hiroshima e Nagasaki, que apesar de terem se reerguido e hoje serem cidades estáveis no Japão, desde 1945 sofrem com as consequências da radiação graças aos bombardeios nucleares. Ou a cidade de Chernobyl, que nunca mais pôde ser habitada após o acidente durante a Guerra Fria. 

Apesar da explosão em Beirute não ter sido nuclear, famílias ainda sofrem com parentes que se foram ou que desenvolveram algum trauma (físico ou mental) em decorrência do incidente. Além desse sofrimento, o sentimento piora ainda mais, quando as cobranças por justiça, não são respondidas pelas autoridades competentes. A opinião popular acusa a explosão como um ato criminoso.

Antiga casa que foi destruída por conta da forte explosão no Porto de Beirute.

Antiga casa que foi destruída por conta da forte explosão no Porto de Beirute.

(Foto/ Reprodução: Dia Mrad)

O caos ficou ainda pior quando, na semana do aniversário da tragédia, parte dos silos começaram a pegar fogo devido à fermentação dos grãos vencidos junto com a forte onda de calor. Em decorrência disso, outro pedaço da estrutura que sobrara, desmoronou. E no dia 04 de agosto desde ano, durante as manifestações por respostas, outra parte veio abaixo. 

Na terça-feira (23), outro silo que ainda estava em chamas, também colapsou, caindo no mar. Agora só restam 4 estruturas do que um dia foi o porto da capital, em pé. O restante do local ainda segue com grande risco de desmoronamento, o que só dificulta ainda mais, as investigações sobre a responsabilidade da explosão.

Mrad, que é fotógrafo arquitetônico e hoje investe no seu trabalho autoral, estava no Líbano no fatídico dia 04 de Agosto de 2020. Na manhã seguinte, saiu às ruas para registrar os estragos. Repleto de delicadeza, Mrad fotografou os prédios de arquitetura “heritage”, típica de Beirute e do Líbano de um modo geral, e até entrou em alguns. Algumas estruturas estavam arrasadas. 

Estes prédios no estilo ‘heritage’ são proibidos de serem demolidos devido a sua importância histórica e alguns pertencem a famílias ricas. Porém, com a atual crise que o Líbano atravessa e o dinheiro das pessoas travado no banco, os donos não podem restaurá-los. E, deste modo, as estruturas sem suas características heritage podem ser demolidas já que não há como restaurá-las. É um crime”, declarou Mrad ao mostrar parte de sua obra no Museu de Arte do Rio.

Em 2021, o artista libanês fez mais alguns registros das ruínas do porto e dos silos, que mesmo após um ano da explosão, continuavam sem respostas. E em decorrência da lenta investigação, não teriam permissão de serem retirados. Mrad já expôs seu trabalho em Beirute, Baalbeck - outra cidade libanesa, está localizada no Vale do Bekaa -, na Europa.

Imagens da exposição fixadas no espaço do Museu de Arte do Rio (MAR).

Imagens da exposição fixadas no espaço do Museu de Arte do Rio (MAR).

(Foto/ Reprodução: Dia Mrad)

O primeiro desembarque da mostra em terras sul americanas foi no Rio de Janeiro, onde ficará exposta no Museu de Arte do Rio (MAR), até o dia 28 de agosto, com entrada gratuita. De lá, seguirá para a cidade de São Paulo, no Foyer Teatro, localizado dentro do Clube Atlético Monte Líbano, onde permanecerá aberta para o público entre os dias 1º e 4 de Setembro. Em 31 de agosto haverá uma cerimônia de abertura, que começará às 19h30min. 

E fechando o roteiro em terras brasileiras, as fotos seguirão para o Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (CCBB-Brasília), dentro do Museu BB, onde permanecerá entre os dias 08 de setembro e 09 de outubro, antes de "finalmente" retornar para Beirute. O fotógrafo libanês não escondeu a felicidade de retornar para descansar. “Ufa”, ele falou com um sorriso no rosto.


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