No fim dos anos 1980, Neil Gaiman decidiu escrever uma história para a sua filha Holly, que na época tinha cinco anos. Apesar da idade, a menina possuía um certo interesse por coisas assustadoras. E foi inspirado nessa atração que Neil começou a escrever Coraline.
Ainda nesse período, a família se mudou para os Estados Unidos e o autor não deu continuidade à história. Quase uma década depois, Neil reencontrou os textos e decidiu finalizar antes que a segunda filha, Maddy, crescesse.
Em 2002, Coraline foi publicado. Nessa altura, o escritor já era um nome conhecido no ramo da fantasia: Belas Maldições, O Mistério da Estrela: Stardust e Deuses Americanos eram grandes sucessos. Além desses livros, os quadrinhos de Sandman também tinham uma legião de fãs.
Com o dom de escrever narrativas cativantes, Coraline foi mais uma obra que entrou para a lista de êxitos. A mistura de fantasia e terror, dentro de uma história infantojuvenil, fez com que ficasse marcada no imaginário de muitas pessoas.
Coraline é uma menina que está de mudança para uma casa nova. Entediada, sem amigos e irritada com a falta de atenção dos pais, começa a explorar o local. Nessa “aventura”, conhece alguns excêntricos vizinhos e ao voltar acaba descobrindo uma pequena porta em sua sala.
A abertura dava acesso a um túnel. Curiosa com o que encontraria do outro lado, Coraline entra e começa atravessar a passagem. Ao terminar a travessia, chega a um lugar idêntico a sua casa. A diferença está nos moradores de lá: duas pessoas quase iguais aos seus pais, “quase” porque tinham botões no lugar dos olhos e eram, aparentemente, mais atenciosos.
Ela se encanta com a gentileza e a preocupação dos dois, chegando a achar esse mundo secreto mais legal que a sua vida de verdade, mas o decorrer da história mostra que as intenções e esse novo lugar descoberto por Coraline não eram tão bons quanto pareciam.
Em 2009, o livro foi adaptado para o cinema. Dirigido por Henry Selick, de O Estranho Mundo de Jack, foi feito com a técnica de stop motion onde bonecos representando os personagens eram movidos manualmente e milimetricamente nos cenários. O filme demorou cerca de 18 meses para ser gravado.
A técnica ajudou a manter a essência do livro e criou um ambiente até mais sombrio que na história original. Tornou-se uma espécie de filme de terror para crianças e foi muito aclamado pela crítica. Recebeu indicações no Oscar e no Globo de Ouro como Melhor Filme de Animação.
Com a popularidade do longa, muitos fãs das obras de Neil Gaiman fizeram várias teorias, como a de que Coraline não teria conseguido voltar para casa (baseado no fim do filme quando o gato preto que acompanha a personagem desaparece). Isso alimentou as dúvidas se o autor teria planos de fazer uma continuação.
Com as redes sociais, os pedidos por uma sequência aumentaram e Neil (que é muito ativo, principalmente no Twitter) disse que só iria escrever uma se tivesse uma história tão boa ou melhor que a original e que não faria sentido fazer algo abaixo do livro e do filme.
I'm waiting for a Coraline story that's as good as or better than Coraline. There's no point in making something less than the first book or movie. https://t.co/ivWaxDOk0p
— Neil Gaiman (@neilhimself) March 31, 2021
Já em 2022, 20 anos depois do lançamento do livro, Neil está mais em alta outra vez. Com a adaptação de Sandman pela Netflix, o interesse por suas obras cresceu e, novamente, os fãs começaram a perguntar se havia alguma chance de Coraline ganhar uma “parte 2”. Neil respondeu da mesma forma que antes e afirmou que só irá fazer isso se surgir uma ideia melhor que a original.
If ever I come up with an idea for a Coraline story better than CORALINE I will write one. https://t.co/DiuDBUYqfp
— Neil Gaiman (@neilhimself) July 31, 2022
Mesmo que seja uma resposta vaga, saber que Neil mantém essa probabilidade entre seus planos gera uma certa expectativa nos leitores.
Referências
GOMES, Bruno. Coraline | Neil Gaiman diz o que é preciso para escrever continuação. O Vício, 2022. Disponível em: https://ovicio.com.br/coraline-neil-gaiman-diz-o-que-e-preciso-para-escrever-continuacao/. Acesso em 27 de agosto de 2022.