Setembro é um mês delicado e importante, institulado como “setembro amarelo”, criado em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) e tem como objetivo conscientizar a população acerca de problemas psicológicos que podem levar alguém a atentar contra a própria vida. É com essa premissa ligada a conscientização, que o seriado coreano Tomorrow, finalizado em maio na Netflix, aborda o tema por meio da fantasia sobrenatural e adereços lúdicos.
Durante os dezesseis episódios do drama os sentimentos que permeiam são revolta, tristeza e ternura, além de alguns momentos divertidos, a maneira como as produções asiáticas conseguem unir coisas tão distintas no mesmo universo é realmente peculiar e admirável. Com isso, a abordagem desse assunto tão delicado consegue nos envolver e inspirar, gerando ao contrário do que se espera, um olhar esperançoso para o tema.
A história mitológica é conduzida na ótica de um jovem que por salvar um mendigo que tentava saltar uma ponte, acaba ficando em coma e estando “meio morto” e “meio vivo”, agora entra para uma equipe de ceifadores (anjos da morte), que ao contrário do que se espera, possuem a missão de impedir a passagem intencional das vidas para o mundo dos mortos. Assim, passamos a acompanhar vários casos de personagens em particular que não desejam mais viver. Com o aviso de gatilhos e recomendações para buscar ajuda, cada episódio escala entre temas mais leves e temas mais pesados, como bullying, abuso sexual e crimes de guerra, sendo um verdadeiro “soco no estômago” na hora de compreender as causas que levam alguém a tomar uma decisão tão drástica. Ficando assim a maior reflexão, “quem pensa em tirar a vida na verdade quer viver” e é por essa desejada vida que os ceifadores da equipe de prevenção tanto lutam durante toda trama.
Abordar esse tema de forma tão cuidadosa e precisa em um drama é algo marcante, especialmente para a Coréia, que está entre os 10 países onde esse problema social é mais forte no mundo, ocupando atualmente o terceiro lugar no ranking, sendo algo tão cultural que quase todas as produções do país costumam fazer pelo menos uma menção a esse tipo de acontecimento.
O Brasil hoje ocupa o oitavo lugar, segundo a OMS(Organização Mundial da Saúde), e agora com a chegada de setembro o tema estará em atuação. Assim Tomorrow é uma ótima produção para promover a conscientização independente do país, com delicadeza e precisão aborda o assunto com a medida equilibrada de peso e leveza, que ao contrario de algumas produções ocidentais que pretendiam conscientizar sobre o tema, não conduzem o telespectador a desesperança mas sim ao desejo pela vida.