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11/07/2019 às 19h37min - Atualizada em 11/07/2019 às 19h37min

Natureza renova o ambiente histórico de Chernobyl

Chernobyl é conhecida como o maior acidente nuclear causado pelo homem. No entanto, a natureza vivifica a pequena cidade de Pripyat, mesmo com a radiação presente no local

Isabelle Miranda - Editado por Thalia Oliveira
Divulgação
Quando o ser humano destrói, a natureza regenera, refaz as coisas a seu modo. Prova disso é a situação atual da cidade fantasma de Pripyat, no norte da Ucrânia. No dia 27 de abril de 1986, um dia após o maior acidente nuclear da história, todos os 48 mil habitantes da região foram evacuados às pressas pelas autoridades da então União Soviética.

Embora tenha ocorrido a explosão do reator, e isso trouxe consequências desastrosas, tanto para aquela cidadezinha como para a ciência como um todo, os cientistas acreditam que a esse fato pode ter sido positivo para a vida selvagem de Pripyat. Prova disso, é que as plantas tem um metabolismo flexível e respondem organicamente à radiação, principalmente por serem incapazes de se moverem do ponto em que estão localizadas. As células vegetais são adaptativas, pois modificam o modo como funcionam, por meio do ambiente em que se encontram. Devido a isso, mesmo no centro da explosão, a vida vegetal já estava se recuperando em 1989, três anos após o acidente nuclear. Atualmente, é possível encontrar animais ao redor da usina, como lobos, javalis, lontras, entre outros.

Stuart Thompson, bioquímico da Universidade de Westminster, relatou em seu artigo para a The Conversation, que as plantas resistentes à radiação, mostram as dimensões da intervenção humana, sendo o acidente nuclear menos destrutivo que a presença de pessoas na região.

De acordo com um estudo realizado em 2014 pela Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos), até a decomposição natural das folhas e caules de árvores, ocorrem de uma forma diferente desde o acidente. O biólogo Tim Mousseau, pesquisador da instituição norte-americana, constatou que a radiação afetou os micróbios da região, assim, o apodrecimento da flora morta demora mais, o que deixa o cenário ainda mais fúnebre. “Passamos por uma área com árvores mortas há pelo menos 15 ou 20 anos, mas elas estavam intactas”, escreve o cientista em um artigo.

Mousseau e sua equipe obtiveram autorização para colocar amostras de madeira não contaminada no local, e nove meses depois, puderam analisar os efeitos da decomposição do material. Segundo a pesquisa, quanto maior a radiação, menor a perda por apodrecimento no intervalo de tempo. O estudo constatou, entretanto, que a radiação não interferiu de maneira decisiva nas atividades biológicas de organismos maiores, como cupins. O que explica a presença de animais na região afetada.

Outro estudo realizado por cientistas da Universidade da Georgia entre 2014 e 2015, teve como efetivação, a instalaram câmeras na zona de exclusão com o objetivo de observar a vida naquele local. Eles descreveram o ambiente como um “vasto santuário”, flagrando 14 espécies diferentes de animais. Conduzida pelo ecólogo James Beasley, a pesquisa mostra que o número de alces, veados e javalis que vivem na área é semelhante às populações existentes em reservas naturais não contaminadas nas proximidades, e número de lobos é sete vezes maior na área restrita do que fora dela. “Nossos dados são um testemunho da resiliência da vida selvagem quando livre de pressões humanas diretas, como perda de habitat, fragmentação e perseguição”, escreveu Beasley.

Estudos indicam que para a região de Chernobyl voltar a ser habitada por seres humanos, ou seja, voltar a ser uma área completamente descontaminada, estima-se que sejam necessários 300 mil anos. Enquanto isso, Pripyat não necessariamente é uma cidade fantasma, e sim, sem humanos.

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