Recentemente, a mais nova adição dos Estúdios Marvel estreou, Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Porém, sem o nosso eterno Chadwick Boseman que faleceu em 2020 devido a um câncer de cólon. E falar sobre a produção é também abordar um assunto muito relevante na sociedade, os debates raciais. O filme tem uma ‘energia’ de luto pela morte de T’challa, com o reino precisando se organizar e lidar com a perda do líder. No longa, com a morte de T’challa, outra pessoa assume seu manto, nesse caso sua irmã Shuri. Ela e sua família lutam para preservar o legado de seu irmão e o lar do perigo do reino submerso de Talokan. Em meios muitos conflitos, mortes e surpresas, o longa conseguiu 86% da crítica.
Trailer oficial dublado do filme 'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre'. (Reprodução/ You Tube: Marvel Brasil)
Cultura africana em foco
Em várias partes da trama, desde o primeiro filme, é possível se deparar com inúmeros traços da cultura africana, inclusive, a própria Wakanda fica localizada na África Oriental. A necessidade de evidenciar projetos com esses aspectos vai além de questões sociais, é preciso que a população preta ocupe lugares, na mesma proporção que pessoas brancas.
O próprio enredo demonstra muito sobre a história de muitos países da África. Em relação a obtenção, por potências estrangeiras, de riqueza extraídas do continente africano, o vibranium é o material mais valioso de Wakanda, sendo cobiçado por outras localidades. A família de T’challa, então, tem a missão de preservá-lo e assim proteger sua nação.
Na produção, existem vários elementos que podem ser citados como forma de ampliar a representatividade negra. Um desses pontos é o elenco, em sua maioria preto, atores muito conhecidos da franquia e novas adições, como o ator Tenoch Huerta. A personagem da atriz Lupita Nyong’o participa mais ativamente no enredo com a morte de seu amado.
Outro aspecto que é evidente são os trajes, inúmeras peças produzidas contendo detalhes e cores que remetem a cultura africana, os acessórios, com o uso de ouro e até mesmo cores douradas para remeter ao elemento.
O ritual que todo pantera negra tem que passar, também é um traço da cultura de Wakanda. No filme, Shuria passa por ele e ascende ao plano espiritual, encontrando seu primo Killmonger (Michael B. Jordan). É uma demonstração incrível da ancestralidade dos povos africanos.
A produção se faz necessária porque participa dos veículos de transmissão hegemônicos, estando em evidência em lugares de poder midiático, havendo a possibilidade de inserir mais e mais trabalhos criados e executados pela população negra.
Além de enaltecer a luta desse povo na defesa de seus direitos e de sua cultura, uma parte muito importante no filme foi o discurso de Ramonda, mãe de Shuri e T’challa, às Nações Unidas. No trecho a rainha fala que mesmo com a morte de seu filho o povo de Wakanda não irá deixar que outras nações se apropriem de seu território e consequentemente roubem seu bem mais precioso, o Vibranium.
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Um outro trabalho recente, também feito por atores pretos, foi ‘A mulher rei’ com Viola Davis (Nanisca) como protagonista e Gina Prince-Bythewood como diretora, a história também é ambientada em solo africano e detém vários elementos da cultura.
Pode-se notar uma tendência de produções audiovisuais com essa mesma inclinação, de trazer não apenas no elenco, mas também, inserir em suas histórias aspectos que mostram mais da cultura e das vivências do povo preto.