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12/02/2023 às 11h24min - Atualizada em 12/02/2023 às 10h49min

A tendência recente da indústria dos games em “recriar o passado”

Remakes e remasters vem se tornando um grande sucesso de vendas e até mesmo de crítica em alguns casos, mas se destacam também aqueles que não fazem sentido e são lançados para entrar na tendência e lucrar com a nostalgia

Felipe Grande - Editado por Ana Terra
O aguardado remake de Dead Space foi lançado no dia 27 de janeiro pela Electronic Arts, e desde então seu sucesso tem sido absoluto entre fãs e críticas por seus gráficos atualizados e um novo start para uma das maiores franquias de terror da sétima geração de consoles. No entanto, este lançamento também traz questionamentos de toda a comunidade sobre a grande quantidade de remakes e remasters lançados nos últimos tempos.


Estes remakes podem alcançar dois extremos bem distintos, enquanto alguns adicionam pouquíssimas coisas ou até mesmo nada, mudando apenas os gráficos e características pontuais, outros alteram também pontos da narrativa, e mecânicas principais do jogo. Tudo isso gera uma confusão na mente das pessoas sobre o que seria um bom remake, um remake que é necessário ou apenas um remaster de um jogo já querido.

Para exemplificar, vejamos por exemplo o que a Capcom tem feito com alguns lançamentos recentes da franquia Resident Evil, que tem como próximo título o remake do quarto título da saga, já amado e considerado o melhor entre vários fãs. A desenvolvedora encontrou em Resident Evil 2 (2019) uma forma de entregar um bom remake de um grande game aos jogadores, alterando de forma drástica todos os visuais, mecânicas, e câmeras, se comparado ao título original de 1998.

O espaço de 21 anos entre os lançamentos dos dois jogos mostra como o remake de 2019 foi essencial para toda a franquia e para o entendimento da Capcom sobre estes remakes, apresentando o game para toda uma nova geração de jogadores enquanto também aproveita do sentimento de nostalgia dos mais velhos. Em 2019, Resident Evil 2 foi indicado ao Jogo do Ano no The Game Awards e popularizou ainda mais a tendência da indústria em recriar o passado de uma ótima maneira.

Resident Evil 2 (1998) é um jogo que envelheceu mal quando se pensa em gameplay, com sua movimentação truncada, câmeras fixas e sistema de tiro defasado para os padrões atuais da indústria, e é por isso que o novo título fez todo o sucesso já discutido. No entanto, a confusão começa quando jogos de certa forma atuais ganham remakes “sem sentido”.

Para isso, basta olhar para The Last of Us, que agora também vem sendo adaptado para a TV com a série no HBO Max. O primeiro game da franquia foi lançado em 2013, ainda para o PlayStation 3, no ano seguinte recebeu um remaster que apenas atualizou os gráficos para a nova geração da Sony, o PlayStation 4, que já deixaria o jogo bem atualizado para os padrões atuais, visto que as mecânicas não são tão datadas quanto as de Resident Evil 2, por exemplo.

Porém, a Naughty Dog lançou no ano passado a terceira versão do jogo, The Last of Us Part I. Esta adaptaria o jogo novamente para a nova geração, com o PlayStation 5, com gráficos renovados, novas opções de acessibilidade e certas mudanças na gameplay, que o deixou mais próximo da segunda parte da franquia. Mas, o questionamento que surge é: este terceiro remake era mesmo necessário?



Quando o PS5 foi lançado em 2021, o salto generacional não foi tão grandioso, com o fator mais chamativo sendo o uso dos SSDs como forma de armazenamento. As melhorias no processamento gráfico não são tão perceptíveis, levando em conta que os títulos de PS4 já tinham a capacidade de ser extremamente fotorrealistas, como o próprio The Last of Us Part II, lançado já no fim da geração.

Dito isso, apesar de bem-vindas, as novidades na versão de 2022 de The Last of Us dividem opiniões quanto a sua função no mercado atual e especialmente se é de fato um bom remake. Vale lembrar que o jogo original completa uma década este ano, e The Last of Us Part I foi lançado e possui preço de um jogo novo, o que só dificulta ainda mais entender o motivo para a existência do título.

Em resumo, a indústria de games deve seguir com a tendência de lançar remakes atrás de remakes ainda por um bom tempo, visto que eles fazem sucesso entre os fãs dos jogos. No entanto, vale entender como e quando cobrar o compromisso dessas empresas em entregar um remake de fato necessário e que honre a obra original, entregando o equilíbrio entre experiência atualizada e nostalgia, uma tarefa que já se provou complicada em vários exemplos, como em Resident Evil 3 (2020) e Grand Theft Auto: The Trilogy - Definitive Edition (2021).

O título desenvolvido pela Grove Street Games e distribuído pela Rockstar Games prometeu reimaginar os gráficos e gameplay datada de GTA III, GTA: Vice City e GTA: San Andreas, todos favoritos dos fãs da franquia, mas entregou uma experiência com diversos problemas gráficos e que carregou inúmeros dos bugs dos jogos originais para a nova geração. Tudo isso pelo preço de um jogo completo e novo nos padrões atuais.




REFERÊNCIAS:
WRIGHT, Steven T. “In 2023, We Still Can't Decide What A Remake Is”. Gamespot, 2023. Disponível em: https://www.gamespot.com/articles/in-2023-we-still-cant-decide-what-a-remake-is/1100-6511158/. Acesso em: 05/02/2023.
REILLY, Luke. "The Last of Us Part 1 - Review". IGN, 2022. Disponível em: https://br.ign.com/the-last-of-us-part-1/101933/review/the-last-of-us-part-i-review. Acesso em: 08/02/2023.
 
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