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17/07/2019 às 11h56min - Atualizada em 17/07/2019 às 11h56min

A única coisa que eu posso dizer agora é que vai passar. O resto é o tempo que diz.

Adrieli Fátima Bonini - Editado por Leonardo Benedito
Imagem: Pexels
Você já se sentiu deprimido? Já teve a sensação de que o chão que lhe sustenta iria partir-se aos seus pés? Aquele misto de náusea e angústia. Um amontoado dos dois. A depressão faz isso. Ela nos faz perder a nossa autonomia, nosso desejo de exercer atividades que, anteriormente, eram prazerosas. Passamos a viver, ou melhor, a existir, em câmera lenta. Desempenhamos nossas funções do dia a dia minimamente, ou nem isso. Porque o simples fato de se estar acordado dói. Dói como se nunca fosse acabar. Mas passa. Apenas devemos acreditar.

Sabe, caro leitor, eu que escrevo aqui e agora já desacreditei de que as coisas melhorariam inúmeras vezes. Já cansei. Já quis morrer centenas de vezes. A última delas foi em uma segunda-feira chuvosa. Fria. Insípida. Havia dormido o domingo inteiro e o resto do fim de semana que sobrara. Quando abri meus olhos, um turbilhão de sentimentos negativos preencheram aquele vazio angustiante no qual eu estava mergulhada. Lembro-me do vento frio cortante, característico da estação, que entrava pela janela com o vidro entreaberto. Acendi um cigarro e bebi um longo gole de vinho tinto, na tentativa de amenizar aquela dor. Mas não amenizou.

Quanto tempo dura um instante? Um instante em que você decide não permanecer mais viva, não permanecer neste mundo. Quando ingeri todos aqueles remédios, apenas senti um misto de paz e alívio, como se tudo tivesse finalmente terminado, mas também senti desespero e dor. A dor de se estar morrendo lentamente. Depois de tentar me matar, fui levada ao hospital, entubada. Passei as piores horas da minha vida naquele lugar. Senti muita dor. Meus braços permaneceram roxos durante dias devido às agulhas que o perfuravam sem dó. Para me desintoxicar o mais rápido possível. Sim, eu tentei suicídio. E sobrevivi. Estou viva. E quero dizer que tirar a própria vida não deve ser uma opção. Pois os problemas são temporários. Com o tratamento adequado juntamente com a terapia: tudo ficará bem. Acredite em mim.

Consequentemente, acreditamos que esse sofrimento nunca terá fim. Mas não é bem assim. Necessitamos acreditar que nossos problemas são temporários. Que, apesar dessa dor sufocante que é viver com a doença, vai passar. Iremos voltar a ter momentos felizes, a desejar um novo dia, a querer ver o sol nascer. E são nas pequenas coisas da vida que a transformação e mudança acontecem. Para o nosso próprio bem e melhora. É preciso se permitir seguir em frente. Permitir-se levantar e continuar. Você não é fraco. Observe por quantos dias e momentos ruins você já vivenciou. E está aqui. Mesmo se sentindo dolorido. Você está longe de ser fraco. Observe com carinho a sua trajetória, se orgulhe e se parabenize por ter saído de todos os becos sem saída, por ter crescido e evoluído sem precisar pisar e machucar ninguém. Do mesmo jeito que você tem caído, você tem aprendido. E sabe, nós aprendemos muito na dor. Você deve saber disso. Por fim, gostaria de ressaltar que, sim, vai passar. Acredite em mim.

Procure ajuda profissional! Disque 188 – Centro de Valorização da Vida.

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