Livros e música conectados. (Reprodução/Freepik)O campo artístico é repleto de nuances e transformações, seja na música, no teatro, na literatura, na pintura, enfim, em todas as suas esferas. É nesse fazer e refazer que surgem diversas artes que ampliam o imaginário cultural do mundo. Não se limitando apenas ao espaço artístico, mas também a todas as partes da sociedade.
A música, por exemplo, já teve vários papéis ao longo dos anos, do religioso ao estético. Com o passar do tempo, os meios de escutar uma boa canção foram se modificando, o que aumentou a acessibilidade e o entendimento sobre tal expressão. Sim! Entendimento, afinal, anteriormente a música (pelo menos a considerada pela elite) era apenas um mero privilégio, as camadas mais altas alegavam ignorância da parte das outras classes e para eles, só os mesmo poderiam apreciar e entender essa arte.
Já a Literatura, é uma expressão de importância atemporal, os escritos eram tidos como algo valoroso e de muita apreciação antigamente. No decorrer dos anos adquirir um livro foi decaindo, boa parte causado pela criação de novas tecnologias. O hábito de leitura não sei, mas pode ser que de folhas secas passou-se a usar telas de celulares e computadores para ler um bom livro. Nem parece que foi a muito tempo que o povo discutia se Bentinho realmente traiu Capitu (mesmo todos já sabendo a resposta).
Se separadas já causam, imagina juntas
O bom da arte é que ela mesma se reinventa. Naturalmente, suas raízes se entrelaçam surgindo uma nova forma de manifestação artística. Em muitos momentos, é possível enxergar tais transformações, como por exemplo a música e a literatura.
Se for analisar, elas têm mais em comum do que as pessoas possam imaginar. A música surge da escrita que, coincidentemente, é a base da arte literária. A música é facilmente rimada, ter ritmo, melodia e porque a literatura não poderia.
A literatura na música, é juntar ouro com ouro e dá diamante, é nessa sacada do compositor que está a expertise de juntar algo que faz parte do imaginário literário e produzir um material que amplie e fortifique sua própria cultura. Se observar, a música pelo fato de circular com maior facilidade, pode até incentivar o consumo de obras ricas da literatura, como ‘A Hora da Estrela’ de Clarice Lispector que é referenciada na música de Caetano Veloso, ‘O Nome da Cidade’.
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Exemplos na prática
A cantora baiana é famosa por letras bastante intensas e com alusões críticas à sociedade. Em sua música Admirável Chip Novo ela faz uma ponte com o livro ‘Admirável Mundo Novo’, do escritor inglês Aldous Huxley. Da mesma forma que a obra, a música faz referência a uma pessoa totalmente robotizada e condicionada a coisas mesmo antes de sua existência.
Alegre Menina, Dorival Caymmi
Dorival, artista baiano com célebres composições em seu repertório, tem um ‘pézinho’ na literatura. Em sua canção ‘Alegre Menina’ o cantor faz referência ao livro de Jorge Amado, também baiano, ‘Gabriela, Cravo e Canela’, mais tarde a obra vira novela e a música acaba fazendo parte de sua trilha sonora.
Amor I Love You, Marisa Monte
A música ‘Amor I love you' é um marco atemporal do mundo musical, mas o que pouco sabem é que na canção tem uma parte cantada pelo o artista Arnaldo Antunes que vem de um romance literário, intitulado ‘O Primo Basílio', do escritor português Eça de Queiroz.
Clipe da música 'Amor I Love You' de Marisa Monte. (Reprodução: Marisa Monte - You Tube)
