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17/02/2023 às 13h02min - Atualizada em 24/02/2023 às 12h53min

Era uma vez um clube de leitura

Buscando uma resposta para a pergunta: qual a importância de incentivar esses encontros

Raíssa Junqueira - labdicasjornalismo.com
Editado por Fernando Azevêdo
Raíssa Junqueira
“As pessoas querem ser leitoras, são poucas as pessoas que têm orgulho de dizer que nunca leram um livro”, diz Monica, proprietária da Livraria da Tarde.

Durante a pandemia de Covid-19, os clubes de leitura cresceram absurdamente. Os clubes se tornaram o lugar em que as pessoas podiam conversar sobre os mesmos interesses e trocar experiências sobre um assunto que elas tinham gostado muito, ou não.

Ao ler um livro, o que o leitor mais quer é ter pessoas para compartilhar a experiência daquela leitura. Os clubes são uma ótima maneira de fazer isso.

“O fator atrativo do clube é que ele transforma a leitura, que é um ato individual, num ato coletivo. O livro muda completamente quando se vai para um clube de leitura. Minha experiência como leitor fica até 20 vezes mais ampliada pelas novas perspectivas", afirma Monica.

Duas situações mexeram muito com o íntimo de Monica de formas diferentes:
“Quando eu li ‘A Vegetariana’, eu não sabia descrever o que tinha sido aquela leitura para mim, foi um livro indigesto, não sabia se tinha gostado ou odiado. Não conseguia me conectar com as histórias presentes no livro, só me sentia incomodada", pontua. Ao levar o relato para um clube de leitura, havia mais 43 mulheres presentes na mediação que tiveram experiências parecidas com a dela - outras não. Mas todas foram extremamente tocadas pela obra. Lá, Monica aprendeu a amar aquele livro de forma única.

Outra experiência que a proprietária da livraria compartilha é sobre o encontro para falar sobre o livro “A Pediatra”: "No meio do clube, tinha uma pediatra Neo Natal, assim como a Cecília, pediatra do livro. A profissional disse que adorou o livro, que conheceu muitas pediatras como a personagem do livro, então para ela a experiência de leitura foi maravilhosa. Até que ela disse: ‘Eu estou de plantão no hospital e chegou uma mãe, então peço desculpas, mas estou me retirando, pois preciso fazer o parto dela'". Monica conta que após isso as trocas continuaram no clube, todas as leitoras trouxeram suas percepções e experiências com o livro.

O encontro do clube ocorreu normalmente, até que as meninas ouviram um choro de criança. Todas ficaram confusas, mas seguiram. Ouvir barulhos, pessoas, cachorros latindo durante chamadas de vídeo se tornou mais comum do que pensávamos durante a pandemia.

Depois de um tempo, mais um choro se ouviu, até elas perceberam que a pediatra não havia desligado a chamada, apenas guardado o celular.
Naquele dia, o clube do livro ouviu gêmeos virem ao mundo.
Monica diz que essa foi uma das experiências mais marcantes que ela já teve com grupos dedicados à leitura. 

Por isso, os incentivos aos clubes devem existir. É muito além do que apenas ler um livro legal, é formar novos leitores, compartilhar experiências, pontos de vista e a vida com pessoas que podem - ou não - ter os mesmos interesses que você. 

Diante dessas experiências, Monica criou o seu clube em sua livraria, com o objetivo de formar novos leitores e levar novas experiências e perspectivas a quem estivesse aberto. 


 
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