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17/02/2023 às 19h58min - Atualizada em 17/02/2023 às 17h58min

As projeções para a taxa básica de juros em 2023 e 2024 acirram o debate político

A expectativa do mercado para a taxa de juros no País, segundo a última pesquisa Focus (13/02/2023) revelou que analistas ouvidos pelo Banco Central esperam que a taxa Selic suba ao final de 2023 de 12,50% para 12,75%, e de 9,75% para 10% ao final de 2024.

Francisco H. Apoliano - labdicasjornalismo.com
(Arquivo/Agência Brasil)

Antes mesmo do resultado da Pesquisa Focus, o último relatório do Comitê de Política Monetária (Copom) que foi divulgado no começo do mês de fevereiro já demonstrava que, apesar da alta na inflação, o Banco Central (BC) não havia alterado a taxa Selic, os famosos juros básicos da economia, e que essa permaneceria em 13,75% ao ano. Essa decisão do Banco Central (BC) era esperada pelos analistas financeiros, mas desagradou a ala política do Governo Federal que já vinha tecendo inúmeras críticas à política monetária realizada pelo Banco Central, pois impactaria gravemente à recuperação da economia brasileira.

No último dia 06 de fevereiro, na posse do novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Aloizio Mercadante, o presidente Lula reiterou que para ele: “Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50% [ela está na verdade em 13,75%]. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros”, afirmou o presidente. Tal fala do chefe do executivo esquentou os ânimos entre o Governo e o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Esse episódio fez com o tema e Roberto Campos voltassem ao centro do debate econômico e que o mesmo precisasse expor as motivações para as consecutivas altas das taxas.

Dessa forma, ainda na segunda-feira (13), o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, deu entrevista para o programa da TV Cultura “Roda-Viva” e tentou explicar e defender sua posição enquanto chefe de um dos principais mecanismos de estabilidade (em teoria) de um sistema financeiro que se pretenda ser sólido e eficiente para o país como é, em fundamento, o Bacen. A entrevista completa pode ser assistida aqui.

Após a entrevista e outros desdobramentos acerca do tema, vários economistas de diversos espectros teóricos se manifestaram sobre o assunto. Segundo a economista Monica de Bolle (PhD em Economia e pesquisadora do PIIE – Instituto Peterson de Economia Internacional) em entrevista dada ao UOL na terça-feira (14), a visão do presidente do Bacen é de um tesoureiro de banco, o que por si só não é algo negativo, mas que no contexto institucional que pede um órgão da envergadura do Bacen, se torna problemático.

Além disso, ela reitera que Roberto Campos Neto cumpriu um papel político, e que “Do momento em que se apresentou numa entrevista com objetivos políticos, como fez no Roda Viva, ele não foi lá representando a institucionalidade Banco Central, foi representando seus interesses próprios”.

Além da economista, o jornalista Reinaldo Azevedo compartilhou do mesmo questionamento acerca da alta dos juros aplicados pelo Bacen na sua última coluna na quarta-feira (15) e de que, segundo ele, Roberto Campos Neto não conseguiu explicar de maneira satisfatória o(s) motivo(s) que levariam o Brasil a permanecer com uma das taxas de juros mais altas do mundo. E, ele ainda complementou que mesmo que o presidente Lula não tenha proposto diretamente ações, ele pôs o debate na praça da opinião pública e isso é importante para que o debate avance.

Por fim, o debate permanece no centro das atuais discussões políticas do país, e devem permanecer até que Governo Federal e Bacen consigam entrar em um maior consenso. O primeiro passo foi dado na breve reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira (16) que apesar de ter sido um primeiro momento na conciliação, não foi sequer, ainda, tratado nela acerca da meta da inflação e da taxa básica de juros. Porém, próximo dia 21 e 22 de março será realizada uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e até a data todos os olhos continuam centrados no debate.

 


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