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17/07/2019 às 19h47min - Atualizada em 17/07/2019 às 19h47min

Atriz Maria Gal posa em ensaio afro exclusivo para a Vogue

Modelo negras não são apenas tendência, a representatividade veio para ficar!

Beatriz Oliveira ; Editado por Luana Bastos
Sabemos que a beleza infelizmente segue padrões, e principalmente o padrão europeu, mulheres magras, altas, brancas e na grande maioria loiras, se tiver um par de olhos claros o combo fica completo! Mas como podemos impor a mulheres brasileiras ou de qualquer outra nação características que abrangem essencialmente um determinado continente? Até quando as marcas vão insistir em produzir peças e campanhas pensando nesse estereótipos de beleza?
Ensaio branco x negro

Ensaio branco x negro


Em tempos de redes sociais e experiências do consumidor proporcionar ao consumir representatividade tornou-se essencial, além disso, cada vez mais as pessoas buscam na moda uma forma de inclusão e reivindicam castings diversificados.

Foi incomodada com esse condicionamento a estética baseada no padrão europeu imposto socialmente,  que a atriz e produtora baiana, Maria Gal, lança um ensaio para enaltecer e valorizar os traços africanos e cabelos crespos.
Ensaio afrofuturismo Maria Gal

Ensaio afrofuturismo Maria Gal


Maria Gal persistiu para estudar teatro e alcançar as telas, hoje com 10 anos de carreira e atualmente na novela "As Aventuras de Poliana", ela já fez trabalhos no exterior e no cinema, além de contar com o prêmio de melhor atriz do Festival de Cinema da Espanha, pela sua personagem e atuação no curta "A Carga", na primeira vez que fez o papel de protagonista em uma trama.

Atualmente Maria Gal está em busca das suas origens, a fim de resgatar e conhecer sua própria história a atriz fez um teste de DNA para saber em qual país da África seus ancestrais viveram. Ela conta que a sua família não conhece tais origens, o principal motivo se relaciona a escravidão, onde diversas pessoas perderam suas identidades e individualidades, e em muitos casos a própria vida, ao serem obrigadas a viajarem dias em navios negreiros, famílias foram separadas e diversas rupturas históricas se formaram nesses momentos.

“O teste é uma ótima ferramenta para o autoconhecimento e resgate das origens que nós negros temos muita dificuldade em descobrir”, conta. Foi a partir dessa procura que Maria Gal se sentiu motivada a fazer o ensaio inspirado no afrofuturismo publicado exclusivamente pela revista Vogue.

O movimento que inspirou o ensaio surgiu na década de 60 e faz um mix de elementos digitais e modernos com toques de ancestralidade. Essa é uma forma de trazer a luta negra para a pauta, assim pessoas negras contam suas histórias, fazem oposição e colocam se como parte essencial na cultura e política. 
Afrofuturismo

Afrofuturismo


As fotos ressaltam o cabelo crespo, dentre das diversas possibilidades e formas Maria Gal escolheu o back power para posar nos cliques divulgados.  E comenta: “Somos condicionados a uma estética baseada no padrão europeu. E isso limita outras possibilidades criativas, inclusive no mundo da moda”. E assim, coloca em foque novamente a crítica aos padrões de beleza que limitam, além de abranger o preconceito em um país que sofre com o racismo cultural enraizado e propagado com novos filtros.
Ensaio Maria Gal

Ensaio Maria Gal


A atriz quer levar a discussão para outras plataformas com o intuito de promover cada vez mais trabalhos que valorizem e abrangem diversos tipos de beleza. Com o mesmo propósito a casa de moda Gucci lançou recentemente um projeto a favor da diversidade e inclusão, além de reconhecer e apoiar os talentos da moda no continente Africano. A iniciativa busca fomentar parcerias com escolas de moda em cidade africanas com programas de estudos de design multicultural,  a fim de diminuir os obstáculos que os estilistas da região enfrentam em relação a falta de infraestrutura.  

A modelo negra Naomi Campbell sempre mostrou-se muito engajada ao propor uma moda inclusiva, em entrevista a revista Vogue, na Conferência de Luxo da Condé Nast, na Cidade do Cabo ela dividiu palco com Marco Bizzarri, Ceo da Gucci. A modelo faz parte do conselho de mudanças da marca e declarou seu apoio a ação: “Ao invés de permitir que estilistas ocidentais apropriem-se de tecidos de estilistas africanos sem saber usá-los, vamos deixar que os africanos façam isso, vamos lhe dar o crédito."
 
Modelo Naomi nas passarelas

Modelo Naomi nas passarelas

Modelo Naomi

Modelo Naomi


Campbell é considerada uma super modelo, quando bombou nas passarelas durante os anos 90 era um das únicas modelos negras. Ela reconhece que aos poucos as coisas estão mudando. A temporada de inverno 2019 representou o momento da moda mais diverso racialmente, cerca de 40% do casting que desfilou para as principais grifes foi composto por modelos negras.
Modelos negras no desfile da Valentino

Modelos negras no desfile da Valentino


Mas muitas coisa ainda precisa ser feito para esse cenário se equilibrar, muitas marcas evitam apresentar modelos negras e alguns países não estampam rostos negros nas campanhas publicitárias. Naomi acredita que a resposta está na África, é preciso afiliar as agencias do continente ao cenário da moda das grandes capitas, Londres, Milão, Paris e Nova York e incluir não somente modelos mas também os estilistas.
 
Assim, podemos tornar a moda a cada dia mais inclusiva, na qual não apenas a beleza eurocêntrica tenha papel de importância.
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