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18/02/2023 às 13h04min - Atualizada em 17/02/2023 às 18h48min

Com visita a Casa Branca Lula resgata relações exteriores do Brasil e reafirma compromisso com a democracia

Gabriel Ribeiro - Editado por Ynara Mattos
Os presidentes dos EUA, Joe Biden, e do Brasil, Lula, durante encontro na Casa Branca, em Washington Imagem: Divulgação


Na segunda semana de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Casa Branca, nos Estados Unidos, a convite do presidente Joe Biden. O aceno foi feito no dia nove de janeiro, um dia depois dos ataques golpistas às sedes dos três poderes, em uma ligação onde Biden “condenou a violência e o ataque às instituições democráticas", segundo a nota divulgada pela sede do Executivo americano. No encontro, os líderes dos países trataram de assuntos que são comuns às duas nações.


Desde o período eleitoral, Lula tem destacado como a retomada das relações exteriores era uma questão fundamental, e que essa seria uma de suas prioridades caso fosse eleito. Com a confirmação de sua vitória, no dia trinta de outubro, Lula recebeu a parabenização de diversos líderes mundiais e pouco mais de dois meses depois, muitos chefes de estado voltaram sua atenção ao Brasil, quando o país passou por uma tentativa de golpe com a invasão das sedes dos três poderes em Brasília. Na ocasião, muitos países aproveitaram para fortalecer seus compromissos com a democracia e reforçar seu apoio ao governo, democraticamente eleito, de Lula.
 

Antes de embarcar para os Estados Unidos, Lula visitou a Argentina e o Uruguai, no final de Janeiro, onde discutiu muitas questões econômicas envolvendo os países. Mas foi em sua visita à Casa Branca que o chefe do executivo firmou o restabelecimento de uma boa relação com a maior potência do mundo “a quatro anos que o Brasil não fazia contato com os Estados Unidos, e que os Estados Unidos faziam poucos contatos com o Brasil. Ou seja, impensável que as duas maiores economias possam ficar tanto tempo sem conversar, sobre acordo econômico, sobre acordo comercial, sobre política, sobre transição energética, sobre transição ecológica, ou seja, nós temos um mundo à frente para trabalhar… e isso tudo precisa ser feito em fortalecimento da democracia”, disse Lula em entrevista à jornalista Raquel Krähenbühl para o Jornal Nacional

 


Durante os últimos quatro anos de governo Bolsonaro o Brasil viveu um período de isolamento de grande parte do mundo, visto que Bolsonaro preferia manter relações mais próximas apenas com países governados por lideranças ideologicamente parecidas com as dele próprio. Em entrevista exclusiva, Luciana Caczan, jornalista e editora de internacional da CNN Brasil conta que um dos fatores “que prejudicou a imagem do Brasil diante da comunidade internacional, foi a maneira como a administração anterior lidou com a pandemia. A ingerência de recursos, com escândalos de propinas que resultaram em uma CPI e a crise sanitária que resultou na morte de mais de 700 mil pessoas fez com que analistas do mundo todo considerassem o Brasil uma ameaça ao mundo. Sem contar o aumento da propagação de fake news, que é uma ameaça direta à nossa democracia e algo que está exigindo uma série de medidas, inclusive internacionais, para ser erradicado. No meu ponto de vista, boa parte da comunidade internacional respirou aliviada com a mudança de governo. Há um sentimento generalizado de esperança de que a ordem mundial volta a funcionar. Mas isso é algo que teremos que acompanhar ao longo dos próximos 4 anos. Aliás, o mundo estará acompanhando de perto”.

    
Enquanto visitava os Estados Unidos Lula destacou em sua conversa com Joe Biden pontos que aproximam os dois presidentes, ambos passaram por processos eleitorais parecidos e enfrentaram uma tentativa de golpe em relação mudança dos resultados eleitorais, os dois tratam a questão ambiental com prioridade e sempre reforçam o apoio à democracia frente o avanço que governos autoritaristas conseguiram ter nos últimos anos. No entanto, Lula tem uma viagem marcada para a China, em março, e atualmente o país oriental mantém relações quase que de guerra fria com os Estados Unidos, gerando questionamentos se o aceno de Lula à China pode prejudicar o Brasil na sua retomada das relações multilaterais.

 

“O Brasil tem boas relações com os EUA, com a China e com a Rússia também, já que estamos falando de antagonistas. Não está descartada a ideia de que os EUA podem tentar alguma influência sobre o Brasil para pender para um lado, mas a avaliação de especialistas é que a neutralidade é o melhor caminho para o governo brasileiro. Além disso, Lula diz ter a missão de criar o grupo de paz para acabar com a guerra na Ucrânia que envolveria a todos esses atores. Esse papel de mediador, independentemente do resultado que terá, é algo visto com bons olhos pela comunidade internacional.” comentou Caczan.


Para além da visita de Lula a Biden, o Jornal da Globo destacou, em uma apuração exclusiva, a forte possibilidade do Brasil ser convidado para participar da reunião do G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, que acontecerá na cidade de Hiroshima, no Japão. Caso o convite seja formalizado, será a volta do Brasil para a reunião, após quinze anos sem participar da assembleia. A última participação do país aconteceu em 2008, quando Lula exercia o seu segundo mandato.


“O convite para participar da reunião das sete maiores economias do mundo é um sinal de prestígio internacional, o que é muito positivo para o Brasil… a avaliação é que Lula soube usar a política externa a seu favor durante seus dois primeiros mandatos. Além disso, a Amazônia é um grande propulsor de interesse internacional em relação ao Brasil e, desde que assumiu o governo, pudemos ver a importância da pauta ambiental para o mundo. Vide Davos e até mesmo antes da posse, na COP27. Diferentemente do governo anterior, Lula demonstra um desejo genuíno de trabalhar pela imagem do Brasil no exterior. Como mencionei anteriormente, estamos há menos de dois meses do novo governo e teremos quatro anos para avaliar esse trabalho do Brasil para voltar ao cenário internacional com a devida importância.” concluiu Caczan em sua análise.

 


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