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02/03/2023 às 11h34min - Atualizada em 26/02/2023 às 17h51min

Resenha | Ginny e Georgia

Produção da Netflix é muito mais do que uma série adolescente

Cláudia Xavier - Revisado por Flavia Sousa
Ginny e Georgia (Imagem: Reprodução/ Divulgação/ Netflix)

A série da Netflix “Ginny e Georgia”, criada por Sarah Lampert, estreada em 24 de fevereiro de 2021, retrata a história de Georgia Miller (Brianne Howey), que foge de casa aos 15 anos para se livrar do seu padrasto que a abusava e da sua mãe que tem problemas com as drogas, com isso ela tem que aprender a sobreviver sozinha, por meios não legalmente aceitos. Georgia acaba engravidando do seu primeiro namorado, e para criar a criança, ela decide viver na casa dos sogros, porém, após os sogros quererem a guarda de Ginny (Antonia Gentry), ela foge novamente e passa a viver em constantes fugas toda vez que as coisas apertam. Com isso a série relata a primeira problemática social: gravidez na adolescência; a história de uma mãe solo que luta com todas as suas realidades possíveis para sustentar ela e sua filha, que anos depois nasce Austin Miller (Diesel La Torraca), fruto de um relacionamento abusivo entre Georgia e Gil Timmins (Aaron Ashmore), o qual ela sofria violência doméstica; ou seja, a vida de Georgia não é, e nem nunca foi flores. 

Sua filha mais velha Ginny, também passa por problemáticas. Ela não tem amigos, pois sempre está se mudando, cresce com a ausência do pai, sofre com o bullying e com a pressão social da adolescência, filha de um pai negro e uma mãe branca, resultando em discussões interessantes, atravessando as diversas emblemáticas, como a falta de representatividade, e o dilema de “branca demais para se encaixar em uma identidade social e negra demais para se encaixar em outra”.

Essa é mais do que uma “série sarcástica e adolescente”, é uma série em que os telespectadores são conquistados pela história de todos os personagens, que transmite, de certa forma, temas bastante atuais como: machismo, racismo, bullying, distúrbio alimentar, depressão, ansiedade, pautas LGBTQIA+ e dentre outros.

Na segunda temporada, Ginny começa a ter crises de ansiedade chegando a se automutilar com fogo, e é aí que a série vai mostrar ao longo da temporada a importância de fazer terapia ou consultar um psicólogo, por exemplo, e da saúde mental. Assim como seu namorado Marcus, que volta a ter depressão e recebe ajuda da sua família e volta a tomar remédios.
 
A série em sua essência, é um show de complexa relação mãe e filha, conturbada, tensa e única. Mas a série é muito mais do que isso, a sua linguagem não é apenas para adolescentes, mas para toda a família. Lógico, que os temas por serem pesados não fará uma série totamente leve, mas durante os episódios os diretores quebram em alguns momentos a rudez dos acontecimentos, colocando um humor que simplesmente não é forçado.

Ginny é injusta com a mãe?

Alguns telespectadores logo após assistir a série, criticaram as atitudes de Ginny, a chamando de chata, ingrata e injusta com a sua mãe. A verdade é que Ginny possui uma revolta, que ao decorrer da segunda temporada traz um questionamento de que: por que ela se revolta com a mãe? Se ela possuiu tudo, mesmo Georgia não tendo nada. Ela recebia carinho? Sim. Georgia não é a vilã, mesmo que Ginny queira passar isso para as pessoas ao seu redor, sempre mostrando a mãe como "manipuladora". Mas Georgia fez tudo para salvar a sua filha, ela não é sufocante.

 

Momento em que Georgia descobre automutilação de Ginny (Reprodução Netflix - YouTube) 


Na cena em que Georgia descobre que Ginny se mutila, ela diz uma frase que é uma das cenas mais marcantes da temporada:  "coloca toda a sua dor em mim, eu aguento". Mas a gente sabe que não é verdade. As mães sentem raiva, ressentimento, tédio, culpa, tristeza e até ódia, porque elas também são vulneraveis. Ser mãe é desafiador, e ao longo do tempo a sociedade mostra que as mães são fortes e que podem suportar tudo, Ginny a culpava pela sua ansiedade, mas não é bem assim. porque sabemos que a maternidade é ingrata e visceral. Porque também estamos repletos de imagens idealizadas d amaternidade que perpetuam padrões que não são realista acerca do que é ser mãe. 


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