Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
28/03/2023 às 10h31min - Atualizada em 04/03/2023 às 10h44min

Desafios e impactos da moda não-binária

Como a moda é usada para expressão e identificação

Samara Meneses - Editado por Laís Rodrigues
Reprodução: H&M

Os padrões da binaridade de gênero ditam quais são os elementos, atitudes e posturas que podem determinar e separar a sociedade entre o “masculino” e o “feminino”. Desafiá-los é uma pauta antiga dos movimentos feministas e LGBTs, inclusive no setor fashion.

A moda é conhecida por quebrar e ultrapassar padrões, mesmo que inserida em um sistema predominantemente branco, hétero e cisgênero. Estilistas como o francês Jean Paul Gaultier, conhecido pelo seu tom crítico às normas de gênero, ousam nas passarelas. Ele provou isso ao apresentar pela primeira vez homens de saias nas passarelas, em 1985.

Primeiro desfile masculino de Jean Paul Gaultier

Primeiro desfile masculino de Jean Paul Gaultier

Reprodução: Daniel Simon

Letícia Yonashiro, é uma pessoa de gênero fluído de 19 anos, artista visual e simpatizante da moda. Com base em suas experiências, acredita que dentre os empecilhos que a comunidade LGBTQIAP+ enfrenta, a ideia “binarista” é um destaque.

“A moda sem gênero é o caminho. Roupas, acessórios, maquiagens são apenas objetos que complementam a nossa individualidade.” Leticia Yonashiro

Para Letícia, a moda é um caminho que exige paciência, respeitando seu tempo e características marcantes, a fim de um processo saudável de autoconhecimento para todos.

 

Os desafios da moda para a comunidade LGBTQIAP+

 

O influencer LGBTQIAP+ Nick Nagari disse, em uma entrevista para a Revista Capricho, que  associar a moda não binária exclusivamente a “neutralidade” de cores ou estilos visuais é uma ideia totalmente errônea e estigmatizada, que acaba sendo repassada dentro da própria comunidade. A ideia é justamente despadronizar a indústria fashion, não limitando a uso de cores, formatos ou estéticas, permitindo a liberdade de expressão por meio da moda.

 

Recentemente Sam Smith, artista musical não binário, sofreu ataques de ódio por suas roupas extravagantes e fluidas, na performance de sua música "I'm Not Here to Make Friends". Desde que veio a público quanto a sua não binaridade, Sam investe em suas roupas como uma ferramenta de expressão e libertação artística, despertando polêmica entre a mídia.

 

Em Nova York, foi atacado verbalmente por conservadores americanos, com ênfase nos  termos “demoníaco”, “pervertido” e até mesmo “pedófilo”, tudo por conta de sua atuação no Grammy Awards, onde se vestiu de diabo com um salto alto.                

Kisha, uma pessoa não-binária de 26 anos, ilustradora, diretora criativa e social media, acredita que a distinção de gênero é algo limitante que prejudica o autoconhecimento dos indivíduos na moda. Segundo ela, toda roupa é não-binária para uma pessoa não-binária, seja ela dita feminina ou masculina.

“Eu gosto muito de mesclar essas estéticas, por exemplo, passar muita maquiagem, mas manter meu bigode e minha barba, transparecendo essa dualidade de gêneros.”                                                                                   

Moda e a maquiagem como uma ferramenta de expressão social
 

Kisha enfatiza que a moda e a maquiagem são meios importantes para que as pessoas ao seu redor enxerguem sua própria identidade. Segundo ela, a maquiagem é um meio que você consegue expressar mudanças, começando devagar, seja usando um blush, uma peruca ou um lápis de olho.


O impacto da Moda 

As escolhas do dia a dia vão muito além do que apenas se vestir, elas expressam as escolhas, estilo de vida e até sentimentos, que definem cada pessoa e transformam o estilo em algo único. Como foi para Kisha, que começou usando os seus desenhos para se expressar e conforme se entendeu como uma pessoa binária, percebeu que poderia usar a moda como forma de expressão.

Possuir referências e se manter atualizado quanto ao que gosta, na visão de Kisha, é essencial para se conhecer e entender como se expressar, tudo isso te leva para um lugar em que se sinta bem com você mesmo, visualmente e mentalmente, finaliza a influencer.

 


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »