Em agosto de 2023 o seriado The O.C: um estranho no paraíso completa 20 anos da sua estreia na Fox, exibida em horário nobre e com uma audiência de 7,46 milhões de espectadores, se tornando uma das séries mais influentes da época.
Embora “Barrados no baile” seja considerada a pioneira do gênero, The O.C. foi responsável pela popularização do drama teen no Brasil. Passando tanto na Warner Channel quanto dublado no SBT.
As tramas desenvolvidas na história conseguiram firmar os 27 episódios de 40 minutos de duração da 1ª temporada, sem perder o ritmo envolvente e intenso que dava personalidade para a série, que mesmo nos tempos atuais são capazes de engajar um público não mais habituado a séries longas.
As temáticas abordadas abrangiam aspectos mais novelescos como traições, abusos, alcoolismo e - principalmente - intrigas familiares. A personagem de Mischa Barton, Marissa Cooper, centralizou grande parte desses conflitos, o que tornou a perda da personagem em algo tão significativo resultando na redução de audiência e depois no cancelamento da série, além do arrependimento do criador, Josh Schwartz.
O desenvolvimento de personagens é parte importante do sucesso da série. Enquanto muitos programas buscam deixar seus protagonistas em um formato caricato, O.C. opta por criar arcos de progressão para cada personagem até para os adultos, fugindo do contexto apresentado pela maioria dos dramas teen que focam exclusivamente nos adolescentes.
Por exemplo, a figura de Kirsten Cohen, interpretada pela Kelly Rowan, que é a mãe de Seth e alcoólatra, vai ao final da 2ª temporada para uma clínica de reabilitação a pedido da família. Este tipo de representação consegue demonstrar que não apenas os jovens são passíveis a vícios, como também se aproxima mais da realidade ao revelar características imperfeitas de seus personagens.
Quando se trata de diversidade, O.C. peca muito, ao apresentar um elenco formado generalizadamente por caucasianos com olhos claros. Inclusive o protagonista Ryan Atwood, Ben McKenzie, que é um garoto problemático e pobre de Chino. Limitando sua história sem poder desse modo envolver a questão racial em sua obra.
Já no requisito sexualidade pode-se considerar que houve um progresso pequeno,e talvez considerável para os inícios do anos 2000 com Alex Kelly, Olivia Wilde, ex de Seth e Marissa embora nunca fique claro se ela é lésbica ou bi. Sabe-se que o relacionamento com Marissa existiu unicamente para fortalecer a personalidade rebelde da protagonista.
E mesmo quando se refere ao contexto principal da série, que são as diferenças entre as classes sociais, perde o seu desenvolvimento conforme o foco vai se voltando para a história de cada personagem.
Analisar programas de televisão como Gossip Girl percebe-se com facilidade a presença da fórmula dos dramas teen, que trazem um ar bastante novelesco para as obras. E a importância de The O.C não se reduz ao contexto social apresentado em ambas que mostram o mundo das elites econômicas americanas.
Amplia sua influência para a construção dos relacionamentos estabelecidos entre os personagens com algumas alterações, porém Gossip Girl pesa mais as relações tóxicas. E quando colocada na mesma balança que Euphoria nota-se que The O.C apresenta um envelhecimento por não abranger temáticas importantes como a diversidade. A série consegue se fortalecer através da sua característica única de junção do trágico com o cômico, intercalando nos momentos certos a tensão com a leveza o que ajuda a fluir toda a história sem que o público se sinta pesado de consumidor seriado.